TEMPOS DA IGREJA DE LAODICÉIA.
Publicado em 01 de setembro de 2015 por JOSÉ GILMAR ARAUJO SANTOS
As advertências que Cristo fez as sete igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiátira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia, em Apocalipse 1:11, podem também representar os inúmeros estados espirituais da Igreja Cristã, ao longo dos séculos, e revelam como estão os relacionamentos dos homens com Deus e o mundo.
Atualmente, vivemos a fase espiritual da igreja de Laodicéia. O que caracteriza os tempos dessa atual Igreja? É uma situação boa ou má? Sendo a última igreja, ela representa os fins dos tempos?
O que caracteriza a fase espiritual, relativa à igreja de Laodicéia, é a indiferença do atual cristão com os valores apregoados pelo Evangelho de Jesus Cristo. Por que ela se tornou assim? Essa situação pode mudar? E se não mudar, o que acontecerá?
Iniciaremos abordando o próprio Capítulo 3:14-22 das Revelações de Cristo, também conhecidas como Apocalipse, que expõe, em pormenor, o que entendemos como o atual estado espiritual da igreja:
“14.Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15.Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; oxalá foras frio ou quente! 16.Assim, porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.17. Porquanto dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu;18. aconselho-te que de mim compres ouro refinado no fogo, para que te enriqueças; e vestes brancas, para que te vistas, e não seja manifesta a vergonha da tua nudez; e colírio, a fim de ungires os teus olhos, para que vejas.19. Eu repreendo e castigo a todos quantos amo: sê pois zeloso, e arrepende-te.20. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.21.Ao que vencer, eu lhe concederei que se assente comigo no meu trono. 22. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
Quando se revela que a igreja não é fria nem quente, mas morna se depreende uma indiferença, uma espécie de apatia espiritual, que causa uma imediata consequência: “porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.” Quem está, portanto, morno demonstra não se encontrar no caminho da salvação de Cristo para integrar o Reino de Deus. Por isso, é vomitado, ou seja, não é digno de ser por Ele chamado porque ainda não faz parte do Livro da Vida.
Não ser quente nem frio pode significar que a pessoa não se decide a que caminho quer seguir ou que pretende servir a Deus e ao mundo ao mesmo tempo: quente é um estado de amor ativo a Deus, e frio é, no mínimo, um estado de amor inativo. Uma pessoa, espiritualmente, fria é aquela sem iniciativa para as boas obras do amor ao próximo e a Deus, embora conheça as palavras do Evangelho. É aquela de coração endurecido pelo orgulho, egoísmo, vaidade ou avareza: Nem todo mundo, embora tenha condições, sente inspiração ou entusiasmo para doar uma esmola a quem lhe pede.
O morno é, portanto, um meio termo e pode, na melhor das hipóteses, representar a falta de boa vontade da pessoa por alimentar a ideia de que já esteja salva ou que deseja servir a Deus no gozo das riquezas e dos prazeres mundanos. A atitude morna já é, por si mesma, um posicionamento contrário à prática do bem a ponto de ficar excluída do Livro da Vida(vomitar-te-ei da minha boca).
É preciso tomar uma direção porque mesmo seguindo o pecado(ser frio), o olhar da misericórdia de Deus estará sobre o pecador(oxalá foras frio ou quente!). O que não é certo, como morno, é julgar-se salvo sem qualquer esforço ou servir a Deus e ao mundo ao mesmo tempo(não é possível servir a dois senhores – Mateus 6:24). Nestes dias, o Reino dos Céus deve ser conquistado com muito esforço(Mateus 11:12) e bom ânimo(João 16:33).
Mas por que a igreja se tornou morna? Segundo a revelação, é porque se apresenta enriquecida de tudo(rico sou, estou enriquecido, e de nada tenho falta). O que quer dizer isso?
A real Laodicéia estava localizada na Ásia Menor e era uma das cidades mais ricas daquela época. Era um importante centro econômico, produtor de tecidos de lã e de medicamentos para tratamento dos olhos. Embora sob o domínio do Império Romano, era autossuficiente e ostentava grandes riquezas, o que contribuiu para elevar o orgulho dos discípulos da sua igreja, que se julgavam fortes e independentes. A referência de ser morna advinha da qualidade da água, colhida num rio que cortava a cidade, nessa condição, e causava enjoo a quem dela tomasse. Ao adverti-la, Jesus revelou a sua real situação espiritual de morna: “porque és morno, e não és quente nem frio, vomitar-te-ei da minha boca.” (não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu).
O atual enriquecimento dessa igreja decorre do fato de existirem inúmeros escritos e produções literárias, televisivas, cinematográficas, audiovisuais e científicas sobre a existência de Deus, do Cristo, dos anjos, dos céus e dos santos bem como sobre os caminhos para a salvação, com previsões proféticas e céus paradisíacos, originados e propalados por diversas correntes doutrinárias ou Escolas religiosas.
A produção e o acervo desse conhecimento tornaram-se, ao longo dos séculos, incomensuráveis e de larga escala mundial, renovando-se constantemente em todos os lugares. Daí surge a riqueza aparente da atual igreja de Cristo, fazendo supor que todos os fieis estão salvos. Isso gera uma falsa sensação ou presunção de que o conhecimento e a leitura dessas obras, a frequência constante ou, de vez em quando, a uma igreja, a pessoa não precisa mais conquistar Deus nem se preocupar com os esforços do dia-a-dia na fé e na prática do bem.
Mas essa riqueza é ilusória e estimula apenas o intelecto orgulhoso do homem, que aufere a honra e os ganhos econômicos advindos. Todavia, a realidade é que a pessoa está numa situação moral e espiritual de ‘miséria’, ‘cegueira’ e ‘nudez’(não sabes que és um coitado, e miserável, e pobre, e cego, e nu).
Não há dúvida de que a posse de relativa riqueza material do mundo contemporâneo também contribui para esse quadro espiritual morno. Quem tem um emprego simples e honesto, com renda mensal ainda que modesta, é seduzido a acumular bens de consumo e a usufruir serviços graças às facilidades creditícias e outras comodidades oferecidas.
Não resistindo, o indivíduo passa a criar uma zona de conforto material, e, sentindo-se um dos poucos privilegiados do mundo, passa a zelar apenas por si e a conviver apenas com aqueles que lhe são afins. Nesse apego material, ele se esquece de Deus e do próximo. Quando estimulado ao evangelho, receia perder a zona de conforto conquistada, ficando morno em suas atitudes.
Nos tempos da segunda besta, quem não renunciar a sua zona de conforto, aceitando o sinal(dinheiro virtual) e adorando a imagem da besta(padrões de comportamentos no gozo dos prazeres terrenos), será excluído do Reino dos Mil anos de Cristo na Terra(Apocalipse 20:4).
Como mudar esse quadro espiritual morno? Jesus quer que a pessoa, em primeiro lugar, arrependa-se, pois Ele é grandioso em perdoar e só deseja a salvação da criatura.
Ele aconselha que a pessoa ‘compre dEle’(busque nEle) ‘o ouro refinado no fogo’(a verdadeira salvação numa vida evangelicamente exemplar) para que se enriqueça na sua luz; ‘vestes brancas’(a purificação da alma) para que não nos causem vergonha as manchas dos pecados em nossa alma; e ‘colírio’(sabedoria), para que afastemos a cegueira do mundo que nos impede de agirmos como verdadeiros cristãos.
Ele alerta que já se encontra na porta do nosso coração. Se Ele bater(convidar-nos) e, ao ouvirmos e abrirmos a porta(se humildemente o reconhecermos como nosso salvador), Ele entrará na nossa casa(coração) e fará a ceia conosco(Ele mesmo nos guiará). E se vencermos, com a fé e a prática do bem, seremos verdadeiramente salvos.
Como perceberemos o bater da porta no nosso coração? Quando sentirmos a inspiração de vivermos uma vida moderada, de deixarmos de lado o orgulho e a honra mundana, de confiarmos em Deus, de andarmos na verdade e no trabalho honesto, de não nos queixarmos do mundo nem da nossa vida de aflição, de não julgarmos nem condenarmos o próximo e, sobretudo, de ajudarmos um irmão necessitado: tive sede e me deste de beber; estive preso e doente, e foste me visitar; estive nu e com fome, e me vestiste e me deste de comer. No próximo, encontramos Deus(Mateus 25:35-45).
No entanto, se continuarmos mornos, o mundo nos tragará e, nestes fins de tempo, em que a segunda besta se aproxima(Apocalipse 13:11), poderemos ficar excluídos de participar do Reino dos Mil Anos de Cristo na Terra(Apocalipse 20:4).
Por isso, não espere Ele bater; buscai-o enquanto pode achá-lo; invocai-o enquanto está por perto, na porta do nosso coração. Se Ele bater, abra logo e não o largue jamais.