Tem uma piada em que um médico diz para um paciente terminal, que ele tem só três meses de vida, e o paciente, ao dizer que pretendia pagar o tratamento com seis cheques mensais, o médico sai com essa:
- Tá bom! Seis meses de vida, então!

O ser humano nasce e já começa a sua luta até o fim de seus dias contra as várias doenças que o mundo disponibiliza. Até mesmo lá no útero, já está em contato com doenças ou problemas que porventura tenham surgido na concepção ou adquiridas da mãe.
Nascemos e vamos nos deteriorando aos poucos, desde o primeiro dia de vida.

Um pessimista dirá que não temos a vida inteira pela frente, e sim, a morte inteira nos esperando lá na frente. Então a nossa vida, por mais saudável que a levemos, marcará um encontro no futuro, com uma doença e, inevitavelmente, com um médico.

Sempre me chamou a atenção os casos em que os médicos decretam, proferem um “veredicto”, determinando um prazo máximo de vida aos seus pacientes. Eu sei que eles trabalham em cima da complexidade das doenças, de sua experiência, baseados em seu conhecimento acadêmico e científico e a mais forte das leis que é a lei das probabilidades.

Eu soube de uma história em que um médico disse a uma mulher que, com toda a certeza, não tinha mais do que seis meses de vida. Ela aceitou resignada e, a partir daí, mudou completamente sua rotina, passando a viver cada dia como se fosse o último, aproveitando cada minuto de seus últimos seis meses nessa vida.

Fez tudo o que sempre teve vontade, sorriu mais, brincou mais, viajou mais, se reconciliou e mudou radicalmente sua vida para melhor.

Nós estamos sempre sob a mira de pessoas que querem dar rumos às nossas vidas, com suas especialidades religiosas, políticas, científicas, técnicas, experimentais, sentimentais, etc., redescobrindo a roda a cada pneu furado.

Desde seu último encontro com o médico em que ouvira a pior coisa que alguém pode ouvir, o vaticínio de sua morte, quando ele havia lhe dito aquilo que todos, lá no fundo, mais tememos, que não viveria mais do que seis meses, ela respondeu que já se passava doze anos daquele encontro fatídico com seu médico. Doze anos! Onze anos e meio vivendo como se fosse morrer a qualquer momento.

Indagada se ela nunca havia pensado em processar o tal médico, ela olhou com o sorriso mais puro que já fora testemunhado e respondeu:
- Processar? Eu queria muito é agradecer a ele. Ele positivamente, transformou a minha vida.

Sérgio Lisboa.