Resumo

A presente pesquisa é fruto de um questionamento do autor sobre as tecnologias móveis aplicadas a educação, uma vez, que as mesmas têm vindo a ser usadas como ferramentas de auxílio a aprendizagem por parte de estudantes. Para esse estudo entende-se como sendo tecnologia móvel aquela que permite seu uso durante a mobilidade do utilizador, seja por meio de smartphones, tablets, laptops, entre outras. Esta tecnologia não é apenas uma invenção, podemos considerar uma revolução, pois foi capaz de atingir o quotidiano dos indivíduos e fazer parte da vida delas, modificando sua rotinas e formas de estar e aprender. Pois o aparecimento de novos cenários na educação, levou-nos a tentar compreender os desafios e oportunidades que as tecnologias móveis nos traz para a educação, principalmente, no contexto moçambicano. O objectivo geral da pesquisa é o de apresentar subsídios que sustentam a proposta de implementação de tecnologias móveis por parte dos docentes e estudantes, a partir das aplicações de conversação instantânea fora do ambiente educacional formal. As tecnologias móveis, são responsáveis por romper as barreiras de tempo e espaço, consolidando um novo paradigma de produção de conteúdos de forma colaborativa. Conclui-se, assim, que não há um modelo único de agregação das tecnologias móveis na educação, mas sim, modelos que devem ser cumpridos para dar qualidade ao processo de ensino-aprendizagem, uma vez que o mundo moderno apresenta mudanças muito rápidas, que exigem que os docentes tenham certas características compatíveis com este cenário. Apenas reproduzir informações já não surte mais efeito no processo de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Tecnologias móveis, educação, aprendizagem, qualidade.

Introdução

            A relação entre educação e tecnologia, apesar de ser um tema que suscita discussões em diversas esferas de conhecimento, remonta aos tempos primitivos, em que seus povos adoptavam métodos para o registo escrito, mesmo antes da invenção do papel. Desde os tempos mais antigos, mesmo a tida educação tradicional sempre se buscou introduzir ferramentas tecnológicas no ambiente e rotina educacional. Como forma de respaldo, a inserção do papel na dinâmica educacional pode ser classificada como uma das maiores influências tecnológicas na educação, se não a maior, visto que permitiu o fácil registo, arquivo, reprodução e disseminação dos conteúdos pedagógicos. O papel transformou o processo pedagógico, devido aos requisitos de portabilidade, escalabilidade e acessibilidade. Pois, ao longo do tempo, novas tecnologias foram inseridas nesse processo, contribuindo para a sua melhoria, como os recursos audiovisuais e os computadores, que permitem que diversos conteúdos sejam apresentados de forma mais interessante e eficiente, facilitando a sua assimilação e estimulando o interesse pela pesquisa.

Hoje, a UNESCO define como tecnologias móveis quaisquer dispositivos móveis, digitais, facilmente portáteis, com acesso à Internet e recursos multimédia. Os indivíduos estão a aprender com a ajuda das tecnologias, consultando as vídeo-aulas no youtube, ter a informação online através de pesquisas, colaboração nas redes sociais, entre outras formas. De certa forma, as tecnologias móveis estão superando barreiras de acesso – como a conectividade, por exemplo, que caminha para se tornar universal – favorecendo maior abrangência e igualdade na educação. Como nos desperta Relvas quando afirma que a aprendizagem é um processo complexo porque envolve vários factores, por exemplo, a timidez do próprio estudante faz com que ele nunca consiga tirar as dúvidas dentro da sala de aula, até mesmo porque o tempo da aula passa rápido. A tecnologia móvel possibilita a mobilidade do aprendizado, uma vez que permite aceder o conteúdo da aula em qualquer hora e lugar, contribuindo para uma educação contínua, visto que é possível aceder o que foi aprendido além da sala de aula.

            Hoje, verifica-se que tanto os docentes e estudantes utilizam frequentemente os seus smartphones para aceder as redes sociais, WhatsApp, entre outras apps. O docente pode tirar proveito da ubiquidade dos mesmos se colocar esta tecnologia ao auxílio do processo de ensino-aprendizagem, envolvendo os seus estudantes na aprendizagem através de uma abordagem diferente. Vale ressaltar, que a relação docente – estudante é o ponto central e principal do processo pedagógico, motivo pelo qual as tecnologias somente serão eficientes ao se apresentarem como facilitadoras dessa relação.

É notório que vivemos numa sociedade em constante transformação devido à influência das tecnologias de informação e comunicação e à evolução da Internet. Indubitavelmente, com o aparecimento da World Wide Web alterou-se a forma como se acede à informação e como se passou a pesquisar, preparar aulas, ou a comunicar com os outros. Essa evolução tecnológica, a ampliação do acesso à Web e a proliferação de conteúdos pedagógicos digitais em acesso aberto conduziram a mudanças irreversíveis e dinâmicas de aprendizagem. Nesse sentido, considera-se que as tecnologias móveis oferecem grandes contribuições como ferramentas capazes de atender todos esses requisitos e, se apropriados de maneira de maneira correcta, vai promover uma nova transformação na dinâmica e apoio educacional. Devido ao grande crescimento de ferramentas WEB 2.0, tanto o docente como os estudantes utilizam-se das Mídias digitais, não só, como também das redes sociais para se comunicarem e também para estabelecer relações interpessoais em grande parte do dia.

As tecnologias móveis fora da sala de aula

O cenário educacional na contemporaneidade vem passando por diversas transformações, especialmente no que diz respeito às metodologias de ensino e como se dá o processo de ensino-aprendizagem nos ambientes formais de ensino. A constante evolução metodológica parte da premissa que o estudante deve ser o elemento activo na construção do seu conhecimento, devidamente orientado e enquadrado por um apoio efectivo por parte do docente. A título de exemplo, o uso de telemóveis nas salas de aulas, em Moçambique por parte de docentes assim como de estudantes é uma realidade. Para colmatar esta situação o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH), proíbe o uso do mesmo dentro das salas de aulas. A par dos inconvenientes que são vários, existem também benefícios assentes no seu uso correcto que, entretanto, ainda não são praticas comuns no sistema de ensino moçambicano. Olhando pelo pronunciamento do ministério que tutela a educação, contraria com o que já vem preconizado no Plano Tecnológico da Educação, […] a introdução das Tecnologias de Informação e Comunicação, alinhada com a infraestrutura das escolas e com as reformas necessárias no sistema de ensino, tem potencial para transformar as oportunidades de desenvolvimento dos países que optem por esta mudança de paradigma e aceitem o desafio de fazer os investimentos acertados que se impõem, contribuindo para a concretização dos objectivos do milénio e para a redução da pobreza.