Há muito tempo se fala em usar as modernas tecnologias na ação escolar. Principalmente porque fora da escola os estudantes se utilizam dessas ferramentas e o processo escolar não pode ficar alheio a isso. Já fizemos essa discussão em outras oportunidades: "A escrita no universo digital"; "Filosofia, ciência e educação"; "Conhecimento Virtual", textos que podem ser acessados no portal www.webartigosos.com, entre outros.
Não parece ser estranho a ninguém o fato da urgência em se inserir o universo escolar no mundo das tecnologias de comunicação e informação. Principalmente partindo da constatação de que a utilização de tecnologias em educação é um avanço. Não há como negar isso.
Sendo assim, onde está, o problema? Por que a utilização de tecnologias se apresenta como um problema para a educação escolar?
Podemos dizer que nosso problema não são as tecnologias, mas o acesso a elas.
As tecnologias já se infiltraram no ambiente escolar, há anos: vírus vigoroso revigorando a educação. E tem trazido avanços e também tropeços ao lado de novas reflexões que, por sua vez, motivam novos avanços, gerando novos problemas e novas posturas em busca de soluções. Isso é ponto pacífico. Faz parte do progresso humano. Tecnologias físicas e digitais estão aí para serem usadas e são usadas, com os mais diferentes resultados.
Agora vem a outra face da questão: o acesso às tecnologias.
De modo geral professores e alunos não dispõem das tecnologias. São caras e nem todos os estudantes podem comprá-las. O mesmo vale para o professor. Sabe que isso é um avanço, que isso facilita suas aulas, melhora seus recursos didáticos, mas nem sempre dispões de recursos financeiros para adquirir aparelhos e equipamentos tecnológicos para suas aulas, pois é vitima dos salários baixos.
É verdade que as escolas têm TV e aparelho de DVD, laboratório de informática, e outros recursos. Mas, mesmo assim, esses equipamentos e recursos não estão acessíveis a todos. Ou nem sempre estão disponíveis, pois em geral as escolas possuem apenas um laboratório para várias centenas de alunos... sem contar que alguns professores ainda se confessam incapazes de trabalhar com um computador... ou não sabem ligar um aparelho de DVD!
Frente a essa realidade o Governo Federal desenvolveu um projeto piloto. E, em parceria com secretarias de educação, selecionou algumas escolas para desenvolverem um projeto em caráter experimental. Por isso, durante o ano letivo de 2011, algumas escolas de Rondônia, e mais algumas centenas espalhadas pelo Brasil, participarão do UCA: nome do projeto que pretende entregar "um computador por aluno". Na realidade serão minúsculos "Laptops". Todos os alunos envolvidos no projeto, a partir de seus aparelhos terão amplo acesso à internet. E os professores já estão recebendo treinamento para esse novo desafio.
É um avanço. Inegavelmente, em relação aos quadros negros, e aos laboratórios de informática, o projeto UCA é um avanço. Mas, infelizmente, o projeto nasceu com alguns pontos críticos. Começando com as máquinas distribuídas para os alunos... minúsculos aparelhos antiquados.
Os "Laptops" são tão minúsculos que alguns professores já estão perguntando quando receberão microscópios para ver os aparelhos. Além disso, seus processadores lentos e o acesso à internet é muito demorado.
Mas, então como ficamos?
Ficamos com mais um problema nas mãos. Reiteradas vezes professores têm cobrado acesso à informática para si e para os alunos. Ela veio. Mas chegou de forma tão problemática que corre o risco de se ter mais problemas do que avanços. Ou, o que é pior, criou-se uma forte expectativa nos professores e estudantes e, na execução do projeto se constata que tudo fica aquém do minimamente sonhado.
Daí nos vêm algumas indagações: até que ponto se pretendem, efetivas melhorias no ambiente escolar?
Esse projeto, que em principio é uma maravilha, nasceu como resposta às expectativas de professores e estudantes ou apenas para satisfazer o ego de algum burocrata que deseja provar algo a si mesmo? Como os professores trabalharão com essas máquinas, uma vez que qualquer trabalho com tecnologia demanda tempo de preparação, e os professores estão sempre sobrecarregados de aulas?
E não tentem nos engambelar dizendo que existem portais, domínios com "aulas prontas". Isso soa George Orwell (vale a pena ler 1984), pois o Grande Irmão é que tinha tudo planejado para todos executarem. Parece-nos que ao professor cabe o processo da criação... o que depende de tempo.
Nestes primeiros momentos da implantação do projeto ficamos com a impressão de que alguém lançou as idéias. Mas não se consultou aqueles que realmente terão que por a mão na massa. Por que os professores não são consultados para instalar e implementar novos projetos? Por medo de cobranças ou por que não se quer que o projeto de resultados positivos?
Não estamos negando a necessidade de inovação. Mas ela deve ser feita com sugestões de quem está na base do processo. Mesmo sendo um projeto piloto... ou, melhor dizendo, justamente por ser um piloto, tem que se ouvir as bases e... utilizar equipamentos minimamente eficientes!!!
Neri de Paula Carneiro ? Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.
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