Técnicas de coletas de dados

Feito por Aline Morgan de Queiroz Dias, Edilce Teresinha de Barros Miercalm e Mariane Damke*

As técnicas para coletas dados são procedimentos operacionais, cuja, função é servir como mediador prático para a realização de pesquisas. Podem ser utilizadas nas mais variadas pesquisas, mediante diferentes metodologias.

Entre as diferentes técnicas estão: Entrevista, Questionário, Formulário e Observação e Sociometria.

        Entrevista: trata-se de uma conversa entre duas ou mais pessoas, na qual uma delas tem o objetivo de descobrir algo.

Quando os pais tentam saber o que ‘realmente aconteceu na escola’ perguntando aos filhos; estão realizando uma entrevista.” [1]

            Dentro da entrevista existem variações como:

Entrevista não diretiva: na qual o entrevistador estimula um dialogo descontraído, deixando o informante à vontade para se expressar sem constrangimento.

Entrevista estruturada: é aquela em que as questões são pré-estabelecidas e direcionadas, com moderada articulação. Assemelha-se ao questionário, porém, sem a impessoalidade deste. É muito útil para o desenvolvimento de levantamentos pessoais.

História de vida: coleta informações das trajetórias pessoais dos sujeitos. Podem assumir formas variadas: autobiografia, memoriais ou crônicas.

Pode ser utilizada com todos os segmentos da população: analfabeto ou alfabetizados.

Fornece uma amostragem muito melhor da população geral: O entrevistado não precisa saber ler ou escrever.

Há maior flexibilidade, podendo o entrevistador repetir ou esclarecerperguntas, formular de maneira diferente: especificar alguns significados , como garantia de estar sendo compreendido.

Oferece maior oportunidade para avaliar atitudes, condutas, podendo o entrevistado ser observado naquilo que diz e como diz: registro de reações gestos e etc.

Dá oportunidade para obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais e que sejam relevantes e significativos.

á possibilidade de conseguir informações mais precisas, podendo ser comprovadas, de imediato, as discordâncias.

Permite que os dados sejam quantificados e submetidos a tratamento estatísticos.

Limitações

Dificuldade de expressão e comunicação de ambas as partes.

Incompreensão por parte do informante, do significado das perguntas, da pesquisa que pode levar a uma falsa interpretação.

Possibilidade de o entrevistado ser influenciado consciente ou inconscientemente, pelo o questionador, pelo seu aspecto físico, suas atitudes, idéias, opiniões e etc.

Disposição do entrevistado de dar informações necessárias.

Retenção de alguns dados importantes, receando que sua identidade seja revelada.

Pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados.

Ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada.

 

Questionário: instrumento de coleta de dados constituída por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do pesquisador. As formas de envio do questionário são: internet correios ou pessoalmente. Adiciona-se ao questionário uma carta explicativa. O questionário como método de coletas de dados oferece diversas vantagens e desvantagens.  Sendo as vantagens: economia do tempo, de viagens, obtendo maior número de dados, atingindo maior número de pessoas simultaneamente, economizando pessoal com adestramento quanto em trabalho de campo. Obtendo respostas que materialmente seriam inacessíveis entre outros. Dentre as diversas desvantagens estão: percentagem pequena dos questionários que voltam grande número de perguntas sem respostas, não podendo ser explicada por pessoas analfabeta.

Em relação ao processo de elaboração do questionário alguns cuidados devem ser considerados. O pesquisador deve levar em consideração a importância da seleção das questões e oferecer condições para a obtenção de informações válidas. Também se deve considerar a limitação da extensão  e da finalidade do questionário. O numero de perguntas deve preferencialmente conter de vinte a trinta perguntas e levar em media trinta minutos para ser respondido. Após a elaboração do questionário é necessário a aplicação do pré-teste que consiste em apresentá-lo a um pequeno número de pessoas a fim de evitar eventuais falhas e desperdícios de tempo e dinheiro.

Existem três categorias para a formulação de perguntas: abertas, fechadas e de múltipla escolha. Sendo as perguntas abertas as que permitem ao informante responder livremente, usando a sua própria linguagem ou emitir sua opinião; as fechadas o informante escolhe suas respostas ente duas opções: sim ou não. As de múltiplas escolhas são as que apresentam uma série de possíveis respostas.

 

Formulário: um dos instrumentos de coleta mais utilizado para a investigação social. Consiste em obter informações diretamente do entrevistado.

 “O que caracteriza o formulário é o contato face a face entre pesquisados e informante e ser o roteiro de perguntas preenchido pelo entrevistador, no momento da entrevista”. 2

“Uma lista formal, catálogo ou inventário destinado à coleta de dados resultantes que da observação , quer de interrogatório, cujo preenchimento é feito pelo próprio investigador, à medida que faz a observação ou recebe as respostas ou pelo pesquisador sob sua orientação”3.

Vantagens:

Utilizado em quase todo o segmento da população: alfabetizada, analfabetos, populações heterogêneas etc., porque seu preenchimento é feito pelo entrevistador.

Oportunidade de estabelecer rapport, devido ao contato pessoal.

Presença do pesquisador, que pode explicar orientar, elucidar.

Desvantagens

Menor liberdade de respostas, em virtude da presença do entrevistador.

Risco de distorções pela presença do aplicador.

Insegurança das respostas por falta do anonimato.

 Observação: esta técnica,  colhe informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade.

Na observação o pesquisador deve examinar fatos ou fenômenos e não apenas ver e ouvir. “é um elemento básico de investigação cientifica, utilizado na pesquisa de campo e se constitui na técnica fundamental da antropologia (...) a observação ajuda o pesquisador a identificar e a obter provas a respeito de objetivos sobre os quais os indivíduos não têm consciência, mas que orientam seu comportamento.” 4

Observação assistemática ou não estruturada: consiste em recolher e registrar os fatos da realidade sem o uso de meios técnicos especiais ou de perguntas diretas. Não possui controle previamente elaborado e nem planejamento.

o que caracteriza a observação assistemática ‘é o fato de o conhecimento ser obtido através de uma experiência casual, sem que se tenha determinado de antemão quais os aspectos relevantes a serem observados e que meios utilizar para observá-los.”5]

 

2 MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. p.112.

3  NOGUEIRA.1968, apud, MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. p.112.

4  Ibidem, p.88.

5  Ibidem, p.89

 

Para que o pesquisador obtenha êxito com esta técnica dependerá dele próprio. É necessário atenção aos fenômenos que ocorrem no mundo que os cerca, perspicácia,

Observação Individual: Esta técnica é realizada por um único pesquisador que ao fazer suas anotações pode se projetar sobre o projetado, fazendo algumas inferências ou distorções, ou aumentando a objetividade de suas informações indicando, ao anotar o que foi evento real  e o que foi interpretação. 

Observação em equipe: realizada em grupo é mais aconselhada do que a individual, pois, há a vantagem de se observar a ocorrência de um evento de vários ângulos. 

Observação na vida real: realizada “ambiente real”, registra-se os dados à medida que vão acontecendo, espontâneos e sem uma preparação.

A melhor ocasião é o local onde o evento ocorre”. 6

            Observação em laboratório: proporciona a possibilidade de uso de instrumentos mais refinados do que apenas os sentidos.

Busca descobrir a ação e a conduta que o observado tem em lugar e condições cuidadosamente controladas.

Apesar de muitos aspectos da vida humana não podem ser observados sob condições idealizadas em laboratórios.

 

Sociometria

É uma técnica quantitativa que procura explicar as relações pessoais entre indivíduos de um grupo.

Criado por Moreno, a fim de estudar grupos familiares, grupos de trabalho e grupos escolares. Vem sendo utilizado nos mais variados campos de estudo. Revela a estrutura interna dos grupos; permite analisar os grupos, identificar seus lideres, os subgrupos e os desajustados.

Como se aplica.

Por votação, o pesquisador tenta descobrir as atrações, indiferenças ou repulsas interpessoais.

Pedindo aos indivíduos que escolham três colegas, por ordem de preferências, com quem gostariam de trabalhar, ter amizade ou de estudar.

Depois de obtidas as respostas, os resultados são representados graficamente por um diagrama denominado sociograma.  O objetivo é dar uma visão rápida das relações entre os indivíduos do grupo tal como verificar a posição de cada um no grupo.

 

 

 

 

6  MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. p.92.

Construindo um sociograma

Para a construção de u sociograma, os indivíduos são representados no papel por números ou letras, unidos por linhas continuas; os indivíduos do sexo masculino são representados por triângulos ou por hexágonos, e os indivíduos do sexo feminino, por um círculo.

 “Os mais votados recebem o nome de estrelas e os menos votados de solitários. O sociograma pode ainda indicar as chamadas panelinhas”. 7

 

Existem alguns problemas na utilização do sociograma: depende da boa vontade das pessoas, do medo de saber qual sua posição no grupo, e o receio de que descubram suas preferências ou repulsas.  Lembrando que essas escolhas entre crianças e adolescentes são quase sempre temporárias.

 

As finalidades do sociograma:

Terapêutica, visando reorganização da vida social em seus vários aspectos;

Estudo da personalidade das “estrelas” e de “solitários”.

Obtenção de dados sobre umgrupo, como um todo.

 

Limitações

Necessidade de aceitação e compreensão do grupo; ter duração passageira, pois, se baseia na suposta estabilidade das relações no interior dos grupos; pode criar um ambiente prejudicial ao grupo, em face dos resultados positivos ou negativos das escolhas.

 MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. p.126.

Referencias bibliográficas

 

 

SEVERINO, Antônio Joaquim. Teoria e prática científica. In:_____. Metodologia do trabalho científico. 23ed. São Paulo: Cortez, 2007. Cap.3, p.99-126.

 

GOODE, William Josiah;  MATT, Paul Kitchiner. Métodos em pesquisa social. 7 ed. São Paulo: Nacional, 1979.

 

MARCONI, Marina de Andrade; LAKARTOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. In:_____. Técnicas de Pesquisa. 6 ed. São Paulo: Atlas,2006. Cap.3 p.62-113.

*Professoras efetivas da rede municipal de Rondonópolis-MT

[1] GOODE, William j. MATT, Paul k. Métodos em pesquisa social. p.237.