TATUADA POR DENTRO
Por Roberto Oliveira Hermesdorff | 10/03/2015 | FamíliaTATUADA POR DENTRO (GFR)
[30072010]
Tem uma coisa danada
Que eu luto pra entender:
Por que temos desavenças
Se adoro tanto você?
Eu juro, não é ciúmes,
Pois a gente não namora.
Já vi falar mal de sogra,
Nunca vi falar de nora.
Principalmente por isso
Eu não acho explicação.
Você namora meu filho,
É filha do coração.
Sabendo da tua história:
Que a vida só te bateu,
Ergui-me em tua defesa,
O teu guardião sou eu.
Eu culpo a proximidade:
Motorista e guarda-costa.
E depois tem outra coisa:
De você quem que não gosta?
Gosto de brincar contigo
Já no romper da manhã.
Virei o teu mosqueteiro:
Já sou quase um Dartanhã.
Se precisar, minha espada
Está sempre ao teu dispor.
Anda meio enferrujada,
Mas fura com destemor.
Pra todo lado que andas
Faço questão de estar junto,
E só vou parar com isso
Quando eu virar defunto.
Se tudo é desse jeito,
Se existe tanto apego,
Entre nós por que existe
Tremores, desassossego?
Fui meditar em um canto
Fiz regressão, tudo o mais
E achei a trina vertente
Que forma esses temporais:
Primeiro que tem um touro
Que insiste em me atacar.
Como eu perdi a capa (juventude),
Consegue me machucar.
Sou do signo de gêmeos,
Um corpo multiplicado.
Se o “eu” da direita escapa,
O da esquerda sai chifrado.
Porém, existem momentos,
Coisa assim transcendental:
Quando ela não está bem,
Ah, eu me sinto igual.
Mas a raiz do problema
Eu creio que está no nome
E não está no primeiro
Deve estar no sobrenome.
Tu tens um sangue alemão
Que me ataca igual nazista.
Campo de concentração...?
Eu já estou na tua lista.
Mas na veia que me salva
Corre um sangue italiano
Que quando me tem carinho
Mostra por baixo do pano (sutil).
Vivo agora preocupado
Com todo esse contraponto
Ela está querendo algo
Que já nem sei se eu conto:
Quer provocar uma guerra
No Bombeiro vai entrar.
Eu já estou aposentado,
Vai dar crime militar.
Não vou ficar agüentando
Desaforo de recruta.
Se ela não me respeitar,
Eu prendo a “filha da fruta”.
Nós somos duas metades
Que juntando não dá um,
Mas eu gosto tanto dela
Qual jabá com jerimum.
Meu filho foi quem a trouxe
E tem culpa nessa agonia
Mas quando entrou nesta casa
Ela me encheu de alegria.
Ela é meu bicho barbeiro
Que incha o meu coração.
Pra me livrar dessa praga
Só fazendo transfusão.
Porém, eu não sei se quero
No fundo largar o osso:
Tem um pouco de mignon
Nessa carne de pescoço.
Gosto tanto dessa peste
Que quando eu for bem velhinho,
No quintal da sua casa
Vou construir um quartinho.
= *** =