Tanto tempo perdido...
Por Heloisa Pereira de Paula dos Reis | 11/07/2013 | CrônicasTanto tempo perdido...
Encontraram-se por acaso, na cidade grande em que sempre moraram. Saíram de casa por motivos diferentes e por alguma razão se encontraram em uma livraria, folheando livros de uma mesma prateleira, em busca talvez, de algum que fizesse o fim de semana, um fim de semana agradável, já que a meteorologia prometia chuva e frio. Suas mãos procuraram o mesmo livro e por acaso se tocaram. Olharam-se. A princípio com indignação, seguida por certa curiosidade e finalmente perplexidade ao se reconhecerem. Sem que uma única palavra fosse dita, abraçaram-se, enquanto o coração batia mais forte... Muito.
Tudo tinha acontecido há tanto tempo, que o tempo, amigo que é, tudo foi apagando, fazendo com que as lembranças se esvaecessem e tomassem outros rumos. A força das palavras ditas foi enfraquecendo de tal forma, que o significado que a elas tinha sido dado transformou-se, fazendo com que o ressentimento gravado ao ouvi-las, diluísse no tempo. As verdades sabidas misturaram-se às mentiras de forma tal, que se tornou impossível separá-las e saber qual o caminho a ser tomado. Eram tantos...
O significado dado a essa realidade distante no tempo, não era o mesmo que outrora a ele tinha sido dado. Não mais lágrimas, tristezas, mágoas. Não mais noites insones a pensar, a imaginar que se possível fosse...
A saudade sempre presente em cada detalhe de vida já vivido, tinha saído de mansinho rumo a outras paragens.
Tudo parecia tão distante...
Nada mais tinha a mesma importância e se tivessem percebido a tempo, o distanciamento não teria acontecido.
E agora, ao se reencontrarem, falaram-se como se não tivesse havido tantos anos a separá-los. Caminharam então rumo ao futuro, deixando que o presente se encarregasse de indicar os caminhos...
Nada como o tempo para ensinar, para apagar tudo que não foi compreendido pela certeza de ser “dono da verdade”.
Tanto tempo perdido...