Sustentabilidade é a palavra do momento, em todos os lugares se fala disso. Hoje os estudos estão focados em minimizar impactos ambientais em nosso planeta, isso nos leva ao patamar de entendimento que “do jeito que está não da”.

Todas as áreas de atuação estão focadas no entendimento propriamente dito do que seria uma “sustentabilidade”. Há quem diga que essa palavra nada mais é que um estudo atual visando diminuição de impactos para que gerações futuras possam desfrutar do que temos hoje. No site http://www.brasilsustentavel.org.br/sustentabilidade diz que: “a sustentabilidade está definida como a capacidade que o indivíduo ou um grupo de pessoas tem em se manterem dentro de um ambiente sem causar impactos a esse ambiente.”

Sabemos que tudo que o ser humano faz, tem um impacto, sendo ele positivo ou negativo, no entanto, o ser humano por se considerar um “ser” racional, acredita no antropocentrismo, onde o homem é o centro de todas as coisas e o meio ambiente existe apenas para nos fornecer e nos servir. Isso nos leva a entender, “quão racionais realmente são”,  devido a isso não entendemos a importância da existência do meio ambiente.

Analisando a relação do homem com a natureza, vejo que em algum tempo antes da racionalidade, nós conseguíamos ter uma relação muito amistosa com o meio ambiente. O ser humano comia o que pescava, bebia o que necessitava e vivia no meio do “meio”. A “inteligência” e a racionalidade do ser humano, fez com que isso fosse mudando com o tempo, nos trazendo a visão de controladores da evolução, esquecendo que no meio disso, algo não pode ser controlado, a natureza.

Não estou dizendo que devemos voltar a morar dentro das florestas, pescando e bebendo agua dos rios. Até mesmo porque isso não é mais possível. O que quero dizer é que devemos visualizar o mundo hoje como uma modificação atrapalhada e desenfreada do homem. Avançamos, evoluímos, crescemos economicamente e nos tornamos um ser inteligentíssimo ao ponto de encontrar agua em outro planeta. O que faltou nesse período, foi a visão e entendimento de que o que não era controlado poderia ir se descontrolando cada vez mais.

Hoje temos um problema de escassez, pouco entendido pelos brasileiros que estão acostumados a ter abundancia de agua ou de qualquer outro tipo de matéria vindo da natureza. Tudo o que vem fácil vai fácil, frase antiga porem verdadeira.

Acredito que estamos em um momento especial. Um momento onde as pessoas passam a visualizar a importância de se fazer algo melhor hoje, para deixar a seus descendentes. Recentemente tive um filho, quando o coloquei nos braços pela primeira vez pensei: “em que mundo vivemos hoje? Qual a minha responsabilidade de ter alguém cuidado por mim e que vai desfrutar ou não do que fazemos hoje?

Isso me levou a refletir sobre tudo e todos e consequentemente escrever esse artigo. O objetivo é reflexão e compartilhamento do mesmo.

A cada dia que passa nossas cidades vem crescendo, evoluindo em constante construção e o que vejo é a preocupação com a expansão do desenvolvimento econômico das pessoas. Todos sonham em morar em uma casa bacana, ou ter um carro do ano ou poder ter um emprego digno, porem nos esquecemos da relação social que temos entre as pessoas e principalmente com o meio ambiente que vivemos.

O fato é que a escassez bateu a porta e isso faz com que o meio não controlável passe a ganhar a tal “queda de braço”, que talvez nem ele saiba que esteja competindo.

Com tudo, entendo que devemos continuar em busca de nossos sonhos, evoluirmos como seres humanos, porem devemos associar tusso isso com a necessidade e importância real das coisas. Temos que avançar pensando na ideia da biocentria, onde o ser humano foi inserido em um lugar, na natureza, no meio ambiente e deve valorizar esse meio.

Devido a esse pensamento atual e renovado, estamos reaprendendo, recomeçando, Não sabemos atuar nesse sentido, pois fomos acostumados a serem racionais demais e a darmos valor a algo menos importante.

Analisando todo esse contexto, vejo que estamos no “olho do furacão”, pois o crescimento e expansão organizada de uma cidade, depende de profissionais especiais que consigam pensar nessas premissas para a execução de seus trabalhos.

Entendo que a sustentabilidade é algo especial e que deve ser empregada em tudo o que o ser humano deve fazer. Aprofundo esse pensamento ao ponto de relacionar a mudança de visão de alguns profissionais na área da construção civil.

Vejo que a sustentabilidade é a formulação de um planejamento antecipado visando o menor impacto ambiental possível no meio ambiente, assim entendo que essa palavra é a execução da arquitetura (projeto arquitetônico) propriamente dita.

Veja bem, antigamente, tínhamos formuladores de projetos, que para construir algo, analisavam terrenos, clima local, ventilação, iluminação e etc, porem com a tecnologia e a praticidade ocasionada a racionalidade do ser humano, acabou-se praticando a “resolução pontual de problema”. Quero dizer que visualizo um tipo de planejamento antes do “ar condicionado” ou “climatizador” e um após essa descoberta.

Hora, se antes tínhamos toda uma analise previa para formulação de casas e prédios visando crescimento de uma região, hoje com uma tecnologia, “ar condicionado”, tudo muda. O que quero dizer é: “Sera que a pessoa ou empresa responsável por formular um projeto civil analisa todos os critérios antes de projetar ou ela aplica o método mais fácil porque já existe uma saída simples? ”

Seria muito simples pensarmos na formulação de um projeto onde se levanta paredes seguras, com maquinários com tecnologias e com mão de obra especializada em tempo recorde, e quando um principal problema surgir, ter um ambiente agradável,  a solução simplificada é de se climatizar o local ou colocar “ar condicionado”. 

Não se analisa iluminação, ventilação ou materiais a serem empregados na construção, porque existe uma super solução já descoberta.

Acredito que isso implica diretamente no entendimento do que seria sustentabilidade, pois se a sustentabilidade é pensar na diminuição de impacto, deveria se pensar em todos esses quesitos.

Enfim, acredito que existe uma visão de sustentabilidade antes do “ar condicionado” e posterior a ele, devido a facilidade e praticidade que ele nos proporcionou. Vejo que a sustentabilidade, na área civil, hoje nada mais é do que a aplicabilidade da preocupação de se exercer um projeto ou planejamento de como ele realmente deveria ser. Se analisarmos assim, conseguimos ver pesquisas e grandes empresas estudando formas de se economizar com energias elétricas, reutilização das aguas, aumento de ventilação nas casas e iluminação natural.

A preocupação de se entender realmente que uma empresa ou pessoa é responsável em projetar o crescimento na área civil, nos leva a entender que ela deve aplicar simplesmente o que deve ser feito, pois isso é a própria sustentabilidade que necessitamos hoje.