Talvez seja um preconceito meu, mas de modo geral a regra é esta: à medida que envelhecemos, nos tornamos mais ranzinzas, mal humorados e intolerantes. Prefiro acreditar que não é bem assim. A vida nos ensina o tempo todo e em todos os aspectos. Por mais desatentos, mas ela nos ensina e como ensina! Se quando jovens ou adultos somos uma pessoa, à medida que o tempo passa adquirimos novos conhecimentos e experiências, os analisamos, avaliamos e por fim decidimos mudar ou continuar os mesmos... Na juventude nossos familiares, amigos, professores, colegas, enfim todo um mundo ao nosso redor, nos transmitem saberes, experiências, coisas novas e inovadoras. E vamos vivendo.

Mais adiante, quando amadurecemos, a vida nos oferece repentinamente e quase por acaso um reencontro: Minha turma de graduação em agronomia. Quatro a cinco décadas depois , por um motivo talvez até fútil ou de pouca importância, nos reencontramos ou buscamos avidamente esse reencontro. Superamos a distância; superamos a trágica situação da atual pandemia de COVID-19; superamos a pouca ou nenhuma experiência com as novas mídias e tecnologias e seguimos... Certamente é o que está acontecendo neste exato momento comigo e com muitos outros colegas de turma da graduação em agronomia, concluído em 1973 na então Faculdade de Ciências Agrárias do Pará, FCAP, atualmente Universidade Feral Rural da Amazônia, UFRA! Quarenta e nove anos atrás! Constatamos tristemente que nessa estrada de quase cinquenta anos, alguns colegas e muitos mestres já partiram… Outros colegas continuam não localizados dentro dos diversos ramais e estradas vicinais da vida por onde trafegam ou vivem… Mais alguns são localizados, contatados, porém, escondem-se estranhamente em suas moradias… No início, escassos reencontros com ex-professores e reencontros com ex-colegas aconteceram quase sempre de forma on-line através de mídias eletrônicas e redes sociais. Poucos meses atrás criamos um grupo whatsapp especialmente para esse fim. E aí constatamos essa maravilhosa surpresa da vida! As lembranças e recordações emergem em nossas mentes e nos alegramos em compartilhá-las. Foi o que aconteceu comigo ontem, dia 10 de março de 2022, quinta-feira. Dois fatos superfelizes: 1º) Conversar vendo ao mesmo tempo a imagem de uma grande mestre na graduação em agronomia: A querida professora Alda Melo e Silva Monteiro, que me ensinou Botânica Agrícola! Por mais que me desse vontade de usar um tratamento mais informal, não consegui deixar de tratá-la como professora! Mantivemos um vídeo-papo muito alegre e feliz. Ao fim, reconheci que a verdade é esta: envelhecemos apenas no corpo, no físico; mas na mente e no espírito podemos nos manter jovens e alegres. É assim que vejo e ouço as sábias palavras desta minha ex-professora! 2º) Já por volta das 22 horas, estava assistindo a novela A Bíblia na Record TV, quando o meu celular tocou. Rapidamente olhei na tela ao mesmo tempo que atendia a ligação. Fiquei extremamente surpreso e feliz! Era o meu colega Marcão! Marcos de Souza Lopes Freire! Na busca incessante para localizar os colegas da turma da graduação em agronomia da FCAP/UFRA 1973, fazia mais de um mês que o tinha localizado, porém, não consegui jamais me comunicar com ele. Localizamos onde mora, seu telefone e até chegamos a falar com um de seus filhos que é médico. Mas diretamente com ele, nada! E ontem, por fim, ele - eu disse, ele - me ligou! Confesso que conversei com ele profundamente surpreso e feliz! Trocamos papos relembrando os tempos de faculdade! A ansiedade de nós dois era tanta que quase atropelamos o diálogo! Queríamos os dois falar ao mesmo tempo. Até receios tecnológicos de que a conexão nos deixasse repentinamente na mão. Eram muitas recordações a serem compartilhadas. E levamos o papo… Quase onze horas da noite encerramos, mas antes marcamos para hoje a continuação deste feliz e alegre reencontro!

Quanta felicidade a vida me proporcionou!

Como disse o saudoso poeta e compositor Gonzaguinha: “É a Vida! É bonita, e é bonita!”