Autores: ALISSON FERREIRA PUPULIM*, ANDREY BIFF SARRIS*, LUIZ GUSTAVO RACHID FERNANDES*, MAKI CAROLINE NAKAMURA*, RODRIGO LUIZ STAICHAK* e BERNARDO PASSOS SOBREIRO**

 *Acadêmicos Medicina - Universidade Estadual de Ponta Grossa- UEPG. **Professor Adjunto Urologia - UEPG

Surgimento do Sildenafil (Viagra) e outros Inibidores da Fosfodiesterase-5 (PDE-5)

      Um dos primeiros inibidores seletivos das fosfodiesterases foi o Zaprinast, o primeiro dos inibidores da PDE-5 (além da PDE-5, inibia as PDE-6, PDE-9 e PDE-11), desenvolvido por May e Bake. O objetivo inicial era o tratamento de doenças alérgicas. Os estudos, apesar de mostrarem uma vasodilatação, não evoluíram pois não mostraram influência sobre o tecido em processo inflamatório. Diante da vasodilatação, em 1993, Murray propôs o estudo dos inibidores de PDE-5 para doenças cardiovasculares. Iniciaram-se trabalhos da empresa farmacêutica Pfizer tentando associar os inibidores de PDE-5 (especialmente o citrato de Sildenafil) e angina pectoris. Estudos em fase I, não mostraram um futuro promissor para o tratamento da angina pectoris, no entanto, entre os efeitos colaterais dos estudos, a ereção peniana foi apontada. Na década de 1990, outros estudos já tinham apontado o aumento da concentração de NO e Guanosina Monofosfato Cíclica (GMPc) pós-uso dos inibidores, indicando uma possível associação com o relaxamento do músculo liso do corpo cavernoso e consequentemente, da ereção. Frente a isso, em 1993, a Pfizer mudou o foco de pesquisa iniciando testes clínicos dos inibidores da PDE-5 para disfunção erétil. Os primeiros estudos foram publicados em 1996 e em 1998, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso de Sildenafil para disfunção erétil. O Citrato de Sildenafil foi a primeira droga oral aprovada para disfunção erétil. O Sildenafil é aproximadamente 240x mais específico que seu precursor, o Zaprinast. Ao longo dos anos, novos inibidores foram desenvolvidos – em especial, o Tadalafil (Cialis®) e o e Vardenafil (Levitra®). Ambos foram aprovados pelo FDA em 2003.

     Diversos estudos clínicos demonstraram uma taxa de sucesso no uso de Sildenafil entre 70% a 90%. A ação em si do Sildenafil foi demonstrada através de pletismografia peniana, com uma duração da rigidez 60% maior em relação ao placebo. O efeito do Sildenafil sobre o fluxo das artérias cavernosas foi demonstrada em homens sem disfunção erétil através de um aumento nos picos da velocidade sistólica após uso de Sildenafil, sendo semelhante aos efeitos obtidos pela papaverina, uma substância vasodilatadora usada anteriormente para o tratamento da disfunção erétil. Foi realizado um estudo prospectivo, comparativo, tipo caso-controle, no qual cada paciente era seu próprio controle, com 29 pacientes masculinos, com idades entre 32 e 75 anos e com reclamação de disfunção erétil entre 6 a 168 meses. Foi realizada dosagem da testosterona sérica total, prolactina, glicemia e determinação dos picos de velocidade sistólica das artérias cavernosas. Para a determinação dos picos de velocidade sistólica das artérias cavernosas foi injetado previamente 5mcg de alprostadil (um medicamento para combate da DE, através de injeção intracavernosa, eficaz em mais de 70% dos casos). Após determinações e considerações de inclusão, o paciente utilizou 3 comprimidos de Sildenafil 50mg antes de relações sexuais em casa em 15 dias e 1 comprimido 1h antes do próximo acompanhamento com os pesquisadores. Os resultados não demonstraram diferença estatística significativa de aumento do fluxo nas artérias cavernosas, provavelmente pelo número pequeno da amostra, no entanto, 72,4% dos pacientes demonstraram resposta positiva quanto à ereção. Se avaliados apenas os pacientes menores de 50 anos, a resposta foi de 86,67%.

     Diante do grande uso dessa classe farmacológica, um estudo retrospectivo com laudos de medicamentos da Polícia Federal do Brasil de 2007 a 2010 demonstraram que 69% dos medicamentos falsificados apreendidos eram Cialis® (Tadalafil) ou Viagra® (Sildenafil), nomes comercias de inibidores da PDE-5. As maiores apreensões ocorreram nos estados de PR, SP e SC, respectivamente. O alto custo dos medicamentos, a não-necessidade de receita e a alta prevalência de disfunção erétil são as principais razões que explicam a primeira colocação desses fármacos.

     Um outro estudo, com um objetivo diferente, com uma amostra de 360 alunos do sexo masculino, entre 18 e 30 anos, de 8 campi de instituições particulares da cidade de São Paulo, em salas de aulas escolhidas aleatoriamente, demonstrou que 14,7% já realizaram uso de inibidores de PDE-5, mesmo sem diagnóstico de disfunção erétil. 100% das compras dos medicamentos foram realizadas sem prescrição médica. Entre os usuários, 66% não apresentaram reações adversas, 23% apresentaram cefaleia e 10% apresentaram rubor facial. Entre os motivos expostos pelos usuários, 70% fizeram por curiosidade, 12% para potencializar a ereção, 12% para evitar a ejaculação precoce e 6% para aumento do prazer. 16,5% dos universitários usuários ainda relataram que fazem uso ao menos uma vez por mês do medicamento.