Sumário da Literatura no Brasil

Por Jacot Werner Stein | 24/03/2020 | Literatura

SUMÁRIO DA LITERATURA NO BRASIL

Este texto é dedicado à 
Gisele Cristina Silva
que primeiro conheci em Guapó, e hoje temos saudades

 

A partir deste texto -- que é um programa mesmo de tudo o que pretendemos tratar ao longo deste ano sobre Literatura no Brasil -- exboçamos, a seguir, algumas das indicações mais importantes sobre cada um dos projetos literários das escolas brasileiras. E partir deste interim, trataremos de alguns de seus autores mais representativos. Incipt tragoedia!


1.1. INTRODUÇÃO À LITERATURA
Em todos os tempos, em todos os lugares, em todas as culturas, o ser humano produziu arte. Por quê? O que é arte? O que é literatura? Esta unidade apresenta ferramentas importantes para refletir sobre questões como essas e para ler textos literários. Conceitos como os de representação, lingaugem nos introduzem no universo da arte e mostram que o que até hoje se produz tem vínculos fortes com uma tradição que começou a ser construída há muito tempo.

§1. Arte, literatura e seus agentes: arte e representação, alguns sentidos da arte, a arte da literatura.
§2. Literatura é uma linguagem: a linguagem da literatura.
§3. Literatura é gênero I: o épico e o lírico - os gêneros literários, aspectos estruturais da poesia.
§4. Literatura é gênero II: o dramático - o gênero dramático, as limitações dos gêneros literários.
§5. Literatura é expressão de uma época: estilo de época, historiografia literária, um mesmo tema (diferentes olhares, diferentes linguagens).

1.2. ORIGENS EUROPEIAS
Foram os gregos, e depois os romanos, que lançaram as bases de toda a tradição cultural do Ocidente. Da Idade Média ao Renascimento, esta tradição gerou, na Europa, um conjunto de obras decisivo para nossa civilização. A produção artística, que se concentrava nas mãos da Igreja, sai dos mosteiros, ganha as cortes e as ruas. As cantigas, o teatro, a poesia renovam suas formas e se multiplicam nas páginas geradas pela invenção de Gutenberg. Toda essa produção continuará inspirando o futuro das artes.

§6. Literatura na Idade Média: Idade Média - entre o mosteiro e a corte; o Trovadorismo - poesia e cortesia; o projeto literário do Trovadorismo; o nascimento da literatura portuguesa; as novelas de cavalaria. 
§7. Humanismo: um mundo em mudança; o Humanismo - um novo olhar para o mundo; o projeto literário do Humanismo; a produção do Humanismo em Portugal.
§8. Classicismo: a Europa do Renascimento; o Classicismo - valorização das realizações humanas; o projeto literário do Classicismo; o Classicismo em Portugal.

1.3. A LITERATURA NO PERÍODO COLONIAL
O Brasil passa a fazer parte da História ocidental no século XVI, quando os portugueses aportam em Porto Seguro e, em carta ao rei, anunciam que a terra "em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem". O registro das primeiras impressões dos viajantes, os sermões do Padre Vieira, a poesia viva de Gregório de Matos, a ira e a lira de nossos inconfidentes árcades correspondem às primeiras manifestações literárias destas terras que despertavam tanta cobiça e tanta curiosidade na Europa. 

§9. Primeiras visões do Brasil: a revelação do Novo Mundo; o projeto colonial português; a literatura de viagens; à sombra da cruz - a literatura de catequese.
§10. Barroco: tensão no mundo da fé; Barroco - a harmonia da dissonância; o projeto literário do Barroco; o Barroco brasileiro; Vieira, o engenhoso pregador português; Gregório de Matos - o primeiro grande poeta brasileiro.
§11. Arcadismo: o Século das Luzes; o Arcadismo - ordem e convencionalismo; o projeto literário do Arcadismo; Portugal - o Marquês de Pombal reeduca o país; Bocage - poeta das manhãs claras e das noites tempestuosas; o Arcadismo brasileiro - a febre do ouro; Cláudio Manuel da Costa - os sonetos amorosos; Tomás Antônio Gonzaga - o pastor apaixonado; outros árcades.


2.1. ROMANTISMO

Em 1822, o Brasil conquista sua independência política, mas não tem definida sua identidade. Quem são os brasileiros? O que pode representá-los? A literatura terá um papel decisivo nessa definição. Em toda a Europa, o Romantismo foi a tendência estética que dominou a produção artística de boa parte do século XIX. É essa mesma estética que orientará a produção das obras nacionais, mas nossos autores darão a ela cores locais. A partir dessa produção começa a ganhar forma mais definida nossa tradição literária. Começa, neste momento, a vasta produção das várias gerações românticas, que exploraram diferentes gêneros e diferentes correntes dessa estética pautada pelos sentimentos.

§1. A estética romântica: idealização e arrebatamento. Romantismo em Portugal - dia de glória dos filhos da pátria; o Romantismo: a força dos sentimentos; o projeto literário do Romantismo; Portugal: um país sem rei entra em crise; os primeiros românticos; o Ultrarromantismo português; uma mudança de olhar: o romance aproxima-se da realidade.
§2. Romantismo no Brasil. Primeira geração: literatura e nacionalidade - uma corte em fuga; o Romantismo no Brasil: o discurso da nacionalidade; a poesia indianista da primeira geração; o projeto literário da poesia da primeira geração; Gonçalves Dias: os índios, a pátria e o amor.
§3. Segunda geração: idealização, paixão e morte - a segunda geração romântica: uma poesia arrebatada; o projeto literário dos ultrarromânticos; Casimiro de Abreu: versos doces e meigos; Álvares de Azevedo: ironia, amor e morte; Fagundes Varela: uma poesia de transição.
§4. Terceira geração: a poesia social - uma nação em busca de ordem; o Condoreirismo: a poesia clama por liberdade; o projeto literário da poesia da terceira geração; Castro Alves: o último dos poestas românticos; Sousândrade: a identidade americana.
§5. O romance urbano - o romance urbano: retrato da vida na corte; o projeto literário do romance urbano; o amor segundo Joaquim Manuel da Macedo; José de Alencar: um crítico dos costumes; Manuel Antônio de Almeida: a estética da malandragem.
§6. O romance indianista - os índios chegam às páginas dos romances; o projeto literário do romance indianista; a prosa indianista de José de Alencar.
§7. O romance regionalista. O teatro romântico - Regionalismo: o Brasil literário amplia suas fronteiras; o projeto literário do romance regionalista; Alencar e os heróis dos sertões brasileiros; Visconde de Taunay e o patriarca do interior; Franklin Távora: cantor do Norte; Bernardo Guimarães: o folhetim regionalista; o teatro romântico; Martins Pena e a comédia de costumes.

2.2. REALISMO E NATURALISMO

A segunda metade do século XIX testemunha um grande avanço das ciências. Testemunha também os efeitos da Revolução Industrial, que mudou definitivamente a relação entre os seres humanos. Esses eventos transformaram o modo como a arte e, em particular, a literatura representam o mundo. Os sentimentos dão lugar a um olhar mais objetivo para a sociedade. É sob essa lente que o Realismo analisa de perto atitudes, comportamentos, instituições. Essa objetividade se acentua no Naturalismo, gerando distorções construídas com o propósito de deixar mais claro aquilo que se pretende denunciar e criticar. O Realismo e o Naturalismo orientaram a produção de grandes mestres da literatura universal, como Flaubert, Zola, Machado de Assis, entre outros. 

§8. Realismo - a Revolução Industrial muda a face da Europa; Realismo: a sociedade no centro da obra literária; o projeto literário do Realismo; Portugal: atraso e estagnação; um início movimentado e polêmico...; Antero de Quental: a 'voz' da revolução; Eça de Queiroz e a destruição das ilusões românticas; um Brasil em crise; Machado de Assis: um cético analisa a sociedade.  
§9. Naturalismo - novas perspectivas para a origem humana; Naturalismo: a aproximação entre literatura e ciência; o projeto literário do Naturalismo; o Naturalismo chega ao Brasil; Aluísio Azevedo: o autor das 'massas'; um caso particular: Raul Pompeia.

2.3. ESTÉTICAS DE FIM DE SÉCULO

A objetividade que marcou o olhar para a arte no final do século XIX se manifesta na poesia na supervalorização da forma. Parnasianismo e Simbolismo investem, de maneiras diferentes, em uma construção formal pensada para colocar em evidência o que consideravam belo e para provocar os sentidos do leitor.

§10. Parnasianismo - o Parnasianismo: a 'disciplina do bom gosto'; o projeto literário do Parnasianismo; os parnasianos brasileiros; Olavo Bilac, o poeta das estrelas; Raimundo Correia: as imagens mais sugestivas; outros parnasianos brasileiros.
§11. Simbolismo - o fim da era das revoluções; o Simbolismo: o desconhecido supera o real; o projeto literário do Simbolismo; Portugal: um país acuado pelo 'Ultimatum' inglês; Simbolismo português: entre a forma e a saudade; Simbolismo brasileiro: além do real e próximo da morte; Cruz e Souza: a transfiguração da condição humana; Alphonsus de Guimarães: o místico mineiro.

3.1. O MODERNISMO

O Modernismo representou uma ruptura profunda com os padrões artísticos que vigoraram até o final do século XIX. Inspirado pelas vanguardas que irromperam no cenário europeu no início do século XX, o Modernismo no Brasil inovou os temas e a linguagem das obras ao mesmo tempo em que afirmou nossa identidade. Sem idealizações, valorizou nossa cultura e denunciou nossas mazelas de modo contudente. Em suas diversas gerações, o Modernismo criou novas perguntas e novas respostas para as grandes questões humanas. E produziu algumas das melhores obras da literatura em língua portuguesa.

§1. Pré-Modernismo - o Brasil republicano: conflitos e contrastes; o Pré-Modernismo: autores em busca de um país; o projeto literário do Pré-Modernismo; Euclides da Cunha: narrador da guerra do fim dom mundo; Lima Barreto: vida nos suburbios cariocas; Monteiro Lobato: a decadência do café; Augusto dos Anjos: poeta de muitas facetas. 
§2. Vanguardas culturais europeias: Modernismo em Portugal - um agitado início de século na Europa; Varguardas: ventos de inquietação e de mudança; o projeto artístico das vanguardas europeias; Cubismo; Futurismo; Expressionismo; Dadaísmo; Surrealismo; a herança brasileira das vanguardas; o século XX chega a Portugal; Modernismo português: primeiros passos; Almada Negreiros: a ira contra a estagnação portuguesa; Mário de Sá-Carneiro e a fragmentação do "eu"; Fernando Pessoa: o poeta de muitas faces; os longos negros anos da ditadura em Portugal; o "interregno"; Presencismo: os escritores ensimesmados; o neorrealismo português. 
§3. Modernismo no Brasil. Primeira geração: ousadia e inovação - a República Velha chega ao fim; Semana de Arte Moderna: três noites que fizeram história; o projeto literário da primeira geração modernista; Oswald de Andrade: irreverência e crítica; Mário de Andrade: a descoberta do Brasil brasileiro; Manuel Bandeira: olhar terno para o cotidiano; Alcântara Machado: os italianos em São Paulo.
§4. Segunda geração: misticismo e consciência social - um mundo às avessas: guerra e autoritarismo; Segunda geração modernista: a consolidação de uma estética; o projeto literário da poesia da segunda geração modernista; Carlos Drummond de Andrade: poeta do finito e da matéria; Cecília Meireles: a vida efêmera e transitória; Vinícius de Moraes: o cantor do amor maior; Murilo Mendes: o católico visionário; Jorge de Lima: o católico engajado.
§5. O romance de 1930 - a retomada de um olhar realista; o projeto literário do romance de 1930; Graciliano Ramos: mestre das palavras secas; José Lins do Rego: limbranças de um menino de engenho; Rachel de Queiroz: um olhar feminino para o sertão; Jorge Amado: retrato da diversidade econômica e cultural; Érico Veríssimo: o intérprete dos gaúchos; Dionélio Machado: as angústias do homem comum.

3.2. O PÓS-MODERNISMO

O Pós-Modernismo é um conceito em discussão. Entende-se, de modo geral, que esse movimento inicia-se no final da década de 1940 para se consolidar nos anos 1960. O Pós-Modernismo produziu uma arte marcada pela diversidade. Lançando-se em diferentes frentes de exploração temática e muitas linhas de experimentação, multiplicou os modos de expressão da realidade. Na literatura, é muito grande o número de autores que exploram linhas estéticas e gêneros variados. De modo geral, a literatura expressa a profunda crise de valores por que passa o mundo, em todos os campos.

§6. A geração de 1945 e o Concrecitsmo - o mundo após a bomba: indagações e impasses; a poesia em busca de um caminho; o projeto literário da poesia de 1945; João Cabral: a "máquina" do poema; o Concretismo; Ferreira Gullar: a poesia engajada.
§7. A prosa pós-moderna - a reinvenção da narrativa; o projeto literário da prosa pós-moderna; Guimarães Rosa: o descobridor do sertão universal; Clarice Lispector: a busca incansável da identidade.
§8. Tendências contemporâneas. O teatro no século XX - os extremos do século XX; a literatura do mundo contemporâneo: um espelho fragmentado; a ficção contemporânea em Portugal; os rumos da prosa brasileira contemporânea; o novo lirismo português; lirismo e experimentação na poesia brasileira contemporânea; panorama do teatro brasileiro no século XX.

Tendo em vistas que este texto não é um texto, mas um programa de intensões, uma carta de metas, cada um dos ítens sublinhados constituirão os próximos textos. Portanto, dividi a história da literatura brasileira em três grupos, e cada um dos grupos terão publicações simultâneas. De modo que publicaremos: 1§ (três), 2§ (três); e assim por diante. Até que se terminem. E aí, iniciaremos uma nova série: a partir de cada Escola Literária, alguns de seus autores mais representativos, aí já não seguiremos uma ordem, pois dependeremos de acesso à bibliotecas e de seus funcionamentos. Para o momento, é que temos.


Referências:

ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M.; e PONTARA, Marcela. Português: contexto, interlocução e sentido. 3 vols. São Paulo: Moderna, 2008.

CAMPOS, Marcelo de Deus