Ele vinha caminhando sòzinho pela Praia da Imbuca quando viu ao longe um barquinho virado e um homem se debatendo e gritando por socorro porque estava se afogando e, então, num ímpeto de bravura, êle tirou a camisa, pulou dentro d'água e nadou ràpidamente na sua direção ...

Em poucos minutos chegou junto dele, deu-lhe uma pancada forte na nuca para que êle desacordasse e assim parasse de se debater, colocou-se por trás dele e com a mão esquerda por baixo do seu queixo, arrastou-o para a praia vagarosamente, nadando com os pés e com o seu braço direito ...

Em poucos minutos eles chegaram e permaneceram deitados na areia por mais um pouco, até passar o susto, quando então se cumprimentaram, se abraçaram e se despediram, sem que ninguém jamais ficasse sabendo do ocorrido ...  

Outra vez foi na Praia do Catimbáu ... Era um homem que só tinha uma das pernas e que deixou as suas roupas, as muletas e o seu pé de sapato num cantinho da areia e entrou na água para nadar, afastando-se da praia por mais ou menos uns cinqüenta metros quando então teve uma forte câimbra acompanhada de uma dor lancinante que o teria levado para o fundo do mar e o afogado, não fôra o socorro que lhe foi prestado por alguém que estava pescando de tarrafa a poucos metros dali ... 

Mas esses são dois casos foram sem platéia, pelo que não foram registrados, ao contrário de um outro que aconteceu numa das barcas que fazia a travessia Rio-Paquetá: 

Ela estava cheia e um senhor alemão, que morava no casarão do Paulo Wite, andava da frente p'ra trás e de trás para a frente, com uma garrafa de whisk na mão e bebendo sem parar, até que, já completamente bêbado, saiu cambaleando pela pôpa da barca e caiu dentro d'água ...

E foi então que o Valentim, um morador muito conhecido em Paquetá, pulou atrás dele e o salvou, trazendo-o de volta para a barca, no que foi muitíssimo aplaudido pelos demais passageiros que, em coro, repetiam então o seu nome, acompanhado ritimadamente com um bater de palmas, como forma de parabenizá-lo pela coragem e pelo sucesso: 

VALENTIM ...      VALENTIM ...       VALENTIM ...

Assim, ao contrário dos dois primeiros casos, esse último foi o que fez sucesso porque só faz sucesso o que você faz de bom, mas de tal modo que, ao redor, todos os demais percebam ...