As Vivências Formativas no Campo de Gymnástica nas Escolas Normais Rurais na Bahia : dos professores “leigos” normalistas aos rituais cívicos e festivos.

Rúbia Mara de Sousa Lapa Cunha

Este texto traz o movimento de Pesquisa em forma de atividade denominada TIO – (trabalho individual orientado) realizada no doutoramento na UFBA e, tem como propósito inicial de apresentar os aspectos indiciários das “Experiências das Práticas de Ginástica nas Escolas Normais do Sertão” levando-se em conta as representações nos ritos de fila e rituais das solenidades, ambientes cívicos e festivos para tentar pontuar algumas contribuições significativas e valorativas dos princípios morais e as influências presentes nas escolas isoladas rurais primarias na microrregião de Jacobina.

Neste sentido, compreender como se deu o contexto do processo de inserção da Gymnástica nas Escolas Normais e suas representações simbólicas nos atos de festividades destas instituições na tentativa de dar visibilidade a este objeto que, atualmente, configura uma lacuna no conhecimento da área. Soares (2009) afirma como a ginástica é uma filha dileta nas construções socioculturais no século passado, consolidando sua importância central na temática da formação e identidade de professores de ginástica/ normalistas.

Portanto, toda a pesquisa nos remete aos aspectos históricos conceituais e teóricos que envolveram a percepção de modelos formativos nos processos de escolarização dos professores a partir do recorte temporal de 1940/60.

Contudo, ao procurar materializar e legitimar o discurso de Professores de Gymnástica que vivenciaram experiências nas instituições, em especial, nas Escolas de Formação de professores de base rural/ Normal que eram Institutos de formação de professores.

Então, no decorrer da observância das Fontes de analise, também, contemplei os percursos formativos das normalistas nos Institutos, Colégios e Educandários respectivamente nas cidades de Jacobina, Senhor do Bonfim, Wagner e Campo Formoso com vistas as suas histórias de vida e, principalmente no que se refere à constituição da identidade pessoal e profissional com referências ao ensino da Gymnástica na Escola Normal, levando-se em consideração que eram professores “leigos” com cursos do Premem e de outros cursos de suficiência no exercício de suas funções.

Vimos que, a ênfase devida à instrução pública, esteve associada à manutenção da Ordem e do Progresso para dar sustentabilidade ao regime republicano a partir da montagem de um “governo das escolas”,que direcionou suas ações para um currículo voltado aos interesses tanto religioso como político para a manutenção do sistema.Assim, as tais escolas são instrumentos de inculcaçao de valores e princípios ao passo que, o ato de ensinar e a docência eram atividades meramente masculinas .

Contudo, no primeiro caso, pautou-se pela distribuição desigual de saberes com base nas diferenças entre homens e mulheres limitando o campo do conhecimento; no segundo caso, pela organização interna da escola, definindo espaços, horários, métodos, disciplina e exames; no terceiro caso, pela busca de um corpo docente coeso através da seleção e formação institucionalizada conforme a Base Curricular da época.

E importante mencionar que os discursos formalizados pelos praticantes leigos de ginástica estavam conforme os ensinamentos de profissionais advindos do exército, policia e ou padres todos praticantes de uma calistenia que se distinguem em duas vertentes correspondentes em ritos que se desenvolvem diariamente na vida de alunos das escolas rurais constituindo num verdadeiro ordenador descritivo da experiência humana traduzindo em simbologias da vida social especialmente nos ritos de fila , de formalização de pelotões e nos rituais das solenidades de formaturas e desfiles e festas do calendário escolar com forma de sociabilidades instituídas na Escola Normal Rural.

De acordo com os reformadores das leis educacionais republicanos, a finalidade das Escolas Normais Rurais esta entrelaçada na tríade higienismo,pedagógico e agricultura além de que, valorizavam a participação em eventos, principalmente a calistenia como forma de experiência cultural.Porém,já se encontrava presente na discussão que tem como foco a criação de uma escola autorizada num cenário de ruptura entre o Estado e Igreja que veio favorecer a institucionalização da instrução pública a partir de uma política de base rural que a tinha como ‘lócus” o lugar de formação de professores.

Assim, a meta na recepção e preparação de aspirantes para atuar na docência - “normalistas “ ou para aqueles “leigos” que já exerciam o ofício seriam habilitados em matérias de ensino. Porque o estudo da trajetória da educação rural, bem como o papel social e cultural das escolas normais rurais na primeira metade do século vai se desenhar emergir novos ideais - fruto da modernização

Portanto, nos centros urbanos, onde foram estabelecidos critérios para os candidatos à escola normal: - deveriam ser “cidadão brasileiro”; maior de 18 anos com boa “morigeração “ e que soubesse ler e escrever, ficando assim , explícita as questões morais e conduta e não havia uma “preocupação” com a questão intelectual.

Entende-se que o olhar diretivo sobre as cidades vai nos permitir uma observância sobre a funcionalidade das escolas nas áreas urbanas, onde já se configuravam no contexto de novas atividades sociais, econômicas e políticas, fazendo com que se desviasse atenção do campo para os centros urbanos, esquecendo o ambiente rural em detrimento da inexistência de uma prática diretiva para o urbano rural...