Submissão Da Besta
Publicado em 25 de setembro de 2008 por Carlos H.O. Filipe
SUBMISSÃO DA BESTA
De onde vens,
Ignóbil criatura?
Quem és tu,
Nefando ser,
Que em meus delírios
Mais violentos
Apenas a ti contemplo?
Qual o ventre que,
Em meio a abomináveis contrações
Teve a má sorte de gerar-te?
Existirá,
Sobre a superfície deste planeta,
Criatura tão miscigenada,
Tão digna de pena?
Digo pena,
Quando qualquer outra definição
Cheia de asco
Encaixa-lhe soberbamente?
O corpo,
Tens o daquele que,
Ao rastejar,
Trouxe desgraça a uma raça.
A bocarra,
Que de tão pestilenta
Mantém escancarada,
Pela ferocidade
E volúpia assassina
Lembra a do animal
Que usa a coroa.
Os olhos
Mantêm vazios de qualquer expressão
Excetuando o ódio,
Lembrando os daquelas criaturas
Que, ao fazer das trevas seu habitat,
Tudo inverte.
Encimando a abjeta cabeça
Apresenta cornos,
A exemplo daquele
Que é hoje usado
Em rituais do mal.
Mas eu tenho a Espada Flamejante
Aquela que selou a passagem
Quando o mal se fez.
E com ela esmagarei
Aquele que a Senhora do Manto Estrelado,
Um dia, esmagou sob seu calcanhar.
Com a Espada
Transformarei o selvagem rei
Em dócil felino
Tal qual fez aquele
Que, em fenda cavada na rocha
Transformou-os em doces servos.
Com a Espada
Farei luz onde existiam trevas
E cegarei tão estranha criatura.
Com a espada
Deceparei os cornos dessa besta
E a transformarei em símbolo
Do que há de mais puro
Por que tenho em minhas mãos
A Espada Flamejante.