Por Cléia Elaine Soares - [email protected]

Sou madrasta, e agora?

          
Você conhece um homem incrível, começam a se envolver, surge uma grande paixão, a vontade de ficar juntos é imensa, o relacionamento vai ficando mais sério e intenso. Ele conta que já foi casado e tem filhos, num primeiro momento isso não parece ser um grande empecilho, para vocês o mais importante é vivenciar cada minuto desse amor.

            Com o aprofundamento do relacionamento e maior proximidade iniciam-se questões conflituosas: família e amigos que são desfavoráveis a essa união, ex-mulher com atitudes possessivas e comportamento ofensivo, filhos que rejeitam o novo relacionamento do pai. Em maior ou menor grau, as dificuldades apresentadas geram desconforto e insegurança.

            De namorada ou esposa, você também passa a ter o título de madrasta. Tem pessoas que ficam arrepiadas de ouvir a palavra “madrasta”, histórias como a Branca de Neve e da Cinderela popularizaram sua crueldade.  Até o dicionário apresenta uma versão negativa: “1. A mulher casada, em relação aos filhos que seu marido teve de núpcias anteriores. 2. Mãe que maltrata os filhos. Adjetivo: 1. Avara, ingrata, pouco carinhosa. 2. Diz-se do que traz dissabores e tristezas: Sorte madrasta”.

            Mudar essa fama é um processo que exige paciência e compreensão. Mesmo que a madrasta seja boa, por lealdade à mãe o filho se recusa a gostar dela, é que a reação inicial da criança é influenciada pela situação que provocou a chegada de uma terceira pessoa na família. Aos olhos dela, a madrasta é culpada pela separação dos pais. A criança se sente roubada e existe o medo de que o pai abandone a família.

É normal que num primeiro momento os filhos queiram proteger a mãe e negligenciar a ‘intrusa’, mas se a madrasta der espaço para que seus enteados a conheçam melhor, eles podem aprender a lidar com os dois lados: cobrança da mãe e afeição pela madrasta.

Um dos pontos críticos desses arranjos familiares é o ciúme entre madrasta, ex-esposa e enteados, disputando a atenção do pai. Sentir ciúme não é necessariamente algo ruim, o importante é o que fazemos com esse sentimento. Podemos figurativamente oferecer a maçã envenenada (afastamento dos enteados do pai, discussões, atitudes egoístas e infantis...) ou trabalhar o ciúme, ou seja, admiti-lo e torná-lo menos nocivo (diferenciando os enteados da ex-esposa; procurando oferecer espaço para o pai e seus filhos; tratar os enteados com respeito e dedicação).

Quando o homem constitui uma nova parceria amorosa tem a expectativa de encontrar 'algo diferente', ou seja, de alguma maneira o relacionamento anterior não deu certo, então a escolha de uma nova parceira pressupõe a busca de uma pessoa que lhe traga momentos de bem-estar e felicidade.

Somente o diálogo e a honestidade podem minimizar os conflitos, para o novo relacionamento ser produtivo os parceiros precisam unir-se, sendo que cada qual tem um papel decisivo, o pai fornecendo os limites para os filhos e a madrasta demonstrando atitudes positivas em relação aos enteados.

Para um relacionamento funcionar de forma equilibrada os parceiros, além do amor, precisam de cumplicidade e ferramentas emocionais para lidar com as dificuldades.

Para tudo existe um tempo. A nova família precisa de tempo para se conhecer, para aprender a se respeitar e até para se amar!!!