Esta madrugada fiquei preso em três incógnitas, a saber, sou cristão? Sou comunista? Em quem votar em 2022?
Me senti como René Descartes em seu ensaio sobre existencialismo, “se penso logo existo”.
Coloquei-me a virar de um lado para o outro na cama, de forma enfadonha, queria uma resposta para tais incógnitas.
Levantei fui para o sofá e fiz uma reflexão sobre a primeira incógnita? Sou cristão?

Ora, pensei, se creio na Bíblia como única regra de fé. Se dei crédito e creio que Cristo Jesus encarnou, foi crucificado, ressuscitou e ascendeu aos céus e sentou-se a destra de Deus Pai.
Se cri a ponto de batizar na água e no Espirito, partindo para a pratica da verdade em todos os meus atos; se tenho em meu viver os frutos do Espirito mencionado pelo Apóstolo Paulo em Gálatas 5:23.
Se sou compelido em uma luta diária entre a carne e o espirito, de maneira que ao alimentar este com alguns versículos da Bíblia, torno o homem interior vencedor, conclui, então sou cristão.
Desvendando esta incógnita a segunda martelou a minha consciência, sou comunista? Ora, o que é ser comunista?
Lembrei-me dos conceitos marxistas sobre comunismo, afinal, para falar em comunismo temos que estudar Karl Marx, haja vista ser este cientista a mola propulsora do comunismo.
Então viajei com a mente nesta literatura e fui até o modo de produção comunista, onde me veio à tona que nesse sistema, a terra era de uso comum, não existia propriedade, não havia cercamentos, e, por exemplo, para que alguém coletasse os frutos, as raízes, ou caçasse algum animal, não precisava ter dinheiro ou anuência de alguém.
Percebi que no sistema comunista não havia divisão de classe, não havia um grupo de poucos homens que se declaravam donos de tudo; lá, não havia uma instituição chamada Estado, nem um conjunto de leis positivada, propondo punição aos que o violassem; não havia o ladrão e nem o corrupto, pois percebi que no comunismo, o
o valorado, era o bem comum, a vida, e não a propriedade.
Num passe de mágica acordei daquela viagem ao centro do modo de produção comunista e deparei-me com os olhos fitados na janela que da acesso a rua e lá observei, que cada casa possui muro alto de quase três metros de altura, com cerca elétrica, não obstante câmeras que monitoram o patrimônio do dia inteiro.
Ao fundo, de forma incômoda, uma sirene soou, até aproximar d’onde eu me encontrava, percebi que era o vigilante de rua que é pago para guardar as casas do bairro.
Dessa feita, conclui, pois se onde eu vivo não é uma comunidade, mas, uma sociedade dividida em classe, em que cada um tem o seu quadrado; se sou regido por leis positivadas; se os frutos e as raízes não são coletados livremente, mas tenho que possuir valor pecuniário para adquiri-los, então não sou comunista.
Por fim, veio a terceira e última incógnita, em quem votar em 2022?
Ora, se olhar pelo senso comum, neste pleito eleitoral, o povo brasileiro está ‘entre a cruz e a espada’, indo mais longe, tipo o refrão daquela música de Ney Mato Grosso que diz “se correr o bicho pega se ficar o bicho come”.
Isto porque temos de um lado um candidato que é declarado ladrão por uma parte da sociedade, que não declara religião abertamente, que defende o aborto, mas por outro lado defende a vida, o pobre, a prostituta etc.
De outro lado temos um candidato que se declara cristão, fala como um papagaio repetindo o chavão bíblico “e conhecereis a verdade e a verdade os libertará”; que se declara contra o aborto, mas que defende o armamento da sociedade, que defende o cancelamento de CPF de pessoas tidas como criminosas. Que se diz defensor da família, mas já se divorciou várias vezes. Diante disso surge uma dúvida:
Em quem votar?

Votarei eu apenas por convenção? Apenas porque um grupo de pastores dizem ser esse candidato escolhido por Deus?
Ora, devo votar em um candidato que em quatro anos demonstrou um despreparo total? Que foi figura diariamente no Twitter, Facebook, Instagram e outras mídias, apenas insuflando o povo a destituir deputados, senadores?
Que com Fake News atacou o STF o tempo todo e no fim de tudo colocou em dúvida o voto eletrônico e a idoneidade do TSE?
Em quem votar em 2022?
Essa incógnita martelou a minha consciência, até que ao romper da aurora cheguei à seguinte conclusão... Em quem votarei?

Lembrei, o voto é secreto, somente eu e a urna saberemos em quem votarei em 2022.