SOBRE A HOMOSSEXUALIDADE

Todos os indivíduos, na infância ou na adolescência, passam por alguma experiência homossexual, e dependendo da prevalência dos fatores hormonais opostos, no homem ou na mulher, isto pode determinar um tipo permanente de comportamento.
Eu me lembro que há quinze ou vinte anos, uma colega de trabalho que morava com o pai enfermo me disse que o secretário doméstico que tomava conta de sua casa era um homossexual que trabalhava com a família desde que ela era criança. Disse-me que essa pessoa era de toda a confiança e que além de manter a casa em ordem, ser seu procurador e administrar os assuntos da família, cuidava do seu pai e também dela e que era de ambos como se fosse um irmão mais velho e também um segundo pai.
Grandes personalidades da história foram homossexuais, entre reis, príncipes, sacerdotes, atletas, guerreiros, filósofos, cientistas, artistas, poetas, escritores e estadistas e todos enfrentaram o repúdio e o preconceito em sua própria família ou no contexto social em que viveram.
Pois esse preconceito, embora hoje mais subjetivo e menos agressivo, ainda persiste por parte de algumas pessoas, que assim como discriminam as categorias sociais, econômicas e religiosas diferentes da sua, e também a cor da pele, não aceitam a homossexualidade alheia, ainda que muitas vezes pequem em coisas mais graves, como o cinismo, a hipocrisia, a difamação, a traição conjugal, a promiscuidade entre casais e a contaminação do próprio cônjuge por doenças sexualmente transmissíveis.
Algumas pessoas, para justificar a sua rejeição aos homossexuais, alegam motivos religiosos e geralmente se baseiam em passagens do novo e do velho testamento ou, conforme a doutrina que professem, de seus correspondentes livros sagrados; outras, sem alegar motivo nenhum, todavia os discriminam e agridem, em frontal desrespeito aos direitos humanos.
As pessoas que alegam o motivo religioso baseiam-se em códigos de conduta moral de povos cujos patriarcas ou profetas, dizendo-se inspirados pela Divindade, expressaram isso em seus manuscritos antigos, e as igrejas que daí advieram o adotam como regra incontestável, embora alguns de seus fiéis e sacerdotes, e até membros da alta hierarquia do seu credo, em pensamento ou na prática, violem diariamente esses princípios religiosos, leis e proibições, pratiquem às escondidas a fornicação e a pederastia e sejam devassos protagonistas de atos como é o crime da pedofilia que tantos escândalos morais e prejuízos financeiros têm causado às suas obediências religiosas e à sociedade contribuinte que as mantém.
Aqueles indivíduos que se mostram mais autênticos, orgulhosos e arrogantes como representantes do seu próprio sexo, cuidado: em geral são os que vivem em íntimo conflito consigo mesmos e não têm a coragem de confessar ou assumir a sua própria homossexualidade. O que, afinal, nada mais é do que um modo de ser biologicamente diferente, por educação ou por fatores hormonais, no homem e na mulher, conforme estudos da neurobiologia, que os leva a sentir atração física por pessoas do mesmo sexo numa determinada fase de sua vida ou permanentemente, embora tais fatores permaneçam ainda em discussão por parte dos cientistas e estudiosos. Seja como for, desde que as pessoas saibam respeitar as diferenças, e se tratem com educação, não há na homossexualidade nada de imoral, indecente ou condenável. Apenas preconceito.
Luciano Machado