SÓ A RENÚNCIA DE TEMER ,O IMPEACHMENT OU A CONVOCAÇÃO DE NOVA ELEIÇÃO PODE SUPERAR CRISE DO GOVERNO TEMER.

(por Eduardo Fabbri, jornalista, professor de português) Onde estão os “coxinhas”, agora? Por que não saem em massa às ruas, lotam a Avenida Paulista e tantas outras avenidas das principais capitais do país para pedir o impeachment de Temer? Onde está a Janaina Paschoal, que parecia uma desvairada, com seus discursos acalorados para expor seus motivos de ter pedido o “golpe” contra Dilma? Onde está o Hélio Bicudo? Por que não corre para protocolar, junto com sua amiga Janaina, um pedido de impeachment contra o Temer? Por que o Jornal Nacional e a grande imprensa não dão o destaque merecido ao assunto, quando, na época em que Dilma era presidente, até a compra de um acarajé por um ministro, no valor de R$ 8,30, pelo cartão corporativo, ganhava destaque na imprensa? Hoje, apesar da PEC 55 (antiga 241) e do discurso de ajuste e limite de gastos públicos, vemos as notícias de que Temer torrou, só nos últimos meses, R$ 29 milhões com este tipo de cartão; gasta altas somas de nosso dinheiro com jantares para convencer seus pares a votar seus projetos; ou, ainda, que fez um desembolso escandaloso de R$ 500 mil, sem licitação, para promover um show de samba, um evento fechado que contou com as presenças do presidente e da primeira-dama, Marcela Temer. Por que estas notícias, que mereceriam pelo menos metade do Jornal Nacional ou meia página do Estadão, quase não são noticiadas ou então ficam escondidas em meio ao noticiário, como uma simples nota sem importância? Estamos diante de um escândalo de enormes proporções, o suficiente para um impeachment de Temer por crime de responsabilidade. Afastar o ministro da secretaria de Governo, Gedel Vieira, e pedir para colocar uma pedra sobre o assunto não basta para estancar uma crise como essa. Está muito clara a participação de Temer em toda a falcatrua que envolve interesses particulares. Geddel pressionou Calero (o ex-ministro da Cultura) para autorizar que o Iphan da Bahia para liberar a construção de um prédio onde tinha adquirido um apartamento. Diante da recusa de Calero em atender ao pedido, ele se queixou ao presidente Michel Temer, que ficou do lado de Gedel. Assim, ele preferiu se demitir, prestou depoimento prestou depoimento à Polícia Federal e acusou Geddel e o próprio Temer de pressioná-lo para que autorizasse a obra. Está tudo registrado e o ex-ministro tem toda a conversa gravada. Não sou entendido em lei, mas sabemos que estamos diante de um caso um crime de concussão, ou seja, “o ato de exigir para si ou para outrem, dinheiro ou vantagem em razão da função, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida”, segundo Código Penal. Agora, vem o porta-voz da presidência da República dizer que o presidente é inocente e que a tentativa de Temer foi apenas a de administrar uma crise entre ministros e que estranha a atitude do ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pedir nova audiência. Teria sido quando ele gravou as conversas que comprovam o crime. O mais grave de tudo isso é que na manhã desta sexta-feira (25), segundo a Folha de São Paulo, “os integrantes do PSDB adotaram um discurso unificado ao serem questionados sobre a crise envolvendo o caso Geddel Vieira Lima: apoio incondicional a Michel Temer e críticas ao acusador, o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero”. Pior que isso, Aécio e o PSDB tentam inverter a situação e punir Calero por prática de crime: "Se confirmado isso, há algo aí extremamente grave que também tem que ser investigado, o fato de um servidor público [Calero], até aquele instante de confiança do presidente da República, com cargo de ministro de Estado, entrar com um gravador para gravar o presidente da República. Isso é inaceitável, isso é inédito na história republicana do Brasil, porque permite achar que nessa conversa possa ter induzido qualquer palavra do presidente", afirmou Aécio à Folha. Aécio foi mais longe e disse ao jornal que na minha avaliação dele e do PSDB “ nem de longe esse episódio atinge o sr. presidente Michel Temer". Sendo assim, diante dos fatos, volto a perguntar: onde estão os “coxinhas”, Janaina Paschoal e Hélio Bicudo, os deputados e senadores e a grande mídia que apoiaram o golpe? Não vão convocar um “Vem Pra Rua”, todos vestidos de verde-amarelo, para uma grande manifestação pelo impeachment de Temer? Calaram-se todos? Em minha opinião, o que dá a entender é que todos estes que citei aqui estão unidos e empenhados em uma única causa: torcer, como uma grande torcida organizada, para que Moro continue a demonizar Lula, na tentativa desesperada de encontrar provas, custe o que custar, para incriminá-lo? O Brasil merece muito mais que isso... a única solução para a crise seria a convocação de uma nova eleição, mas não a indireta, aquela promovida por senadores corrompidos, mas a popular, feita pelo volto popular, nas urnas! Achei interessante o comentário na página do Facebook do senador Lindbegh Farias porque ela resume a situação da presidência: "A trilha sonora do governo Temer é 'Cartomante', de Ivan Lins: "cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, cai... Não fica nada!"