Sinopse Histórica do Jornal do Commercio

* Heráclito Ney Suiter

** Gilberto Correia

 

            Considerado como o mais antigo veículo em circulação na América Latina, fundado em 1º de outubro de 1827, o Jornal do Commercio, com sede no Rio de janeiro, é uma testemunha viva dos principais fatos que foram notícia em nosso país. O periódico é sem sombra de dúvidas um dos que contou com o maior número de grandes escritores e jornalistas da história da imprensa brasileira.

            Seu fundador, o francês Pierre Plancher, antes de se mudar para o Brasil foi editor em Paris de destacados intelectuais como Voltaire, Benjamin Constant e Rebecque. Na época era um destacado mestre em artes gráficas e sua migração para o nosso país se deveu pelo fato de que não se enquadrava no regime vigente da época, a Restauração sob o governo de Luiz XVIII, aportando em terras brasileiras em 1824. 

            Trazendo na mala modernos equipamentos e alguns operários especializados, na época o que de mais moderno existia na área de veículo impresso, fundou primeiramente o jornal Spectador Brasileiro, que circulou até o dia 23 de maio de 1827 e em cinco meses após sua primeira empreitada fundou o Jornal do Commercio, em circulação até os dias atuais.

            O periódico teve como linha editorial inicial, publicações relativas a economia como preços correntes, notícias marítimas (base das exportações e importações daquela época) . Passado algum tempo o impresso passou a abordar também temas como política, um período pós-independência marcado por inquietantes assuntos do novo regime político brasileiro.

            O principal motivo que levou Plancher a mudar a linha editorial de seu jornal foi que o regente D. Pedro I, pressionado pela Coroa Portuguesa, começou a abrir uma série de concessões que poderiam prejudicar os brasileiros e o Jornal do Commercio, que se consolidou desde aquela época como um veículo com traços extremamente nacionalista.  

        Retornando à França após a mudança do regime (Revolução Francesa), sucedeu na direção do jornal os franceses Junius Villeneuve, Francisco Picot e Julio de Villeneuve, mantendo-se no comando até 1890. Nesta época o Jornal do Commercio ficou marco pelo peso de seus colaboradores como Justiniano José da Rocha, José Maria da Silva Paranhos, o visconde do Rio Branco, Carlos de Laet, Francisco Octaviano, José de Alencar, Homem de Mello, Joaquim Nabuco e Guerra Junqueiro, entre outros intelectuais. Segundo a história do periódico, o próprio Pedro II chegou a escrever sob pseudônimo, influenciando seus editoriais ao ponto de ocasionar a queda de alguns ministros da época.

        Pelo destacado corpo de colaboradores, o Jornal do Commercio desempenhou um importante papel para a fundação da Academia Brasileira de Letras, fundada em 20 de julho de 1897, sob o comando de Machado de Assis.

        Entre os anos de 1890 e 1915, agora sob a direção de José Carlos Rodrigues, responsáveis por grandes transformações no periódico, o impresso contou com escritores notórios como Rui Barbosa e sua publicação das famosas Cartas da Inglaterra (o caso Dreyfus), contando ainda com os escritos de  José Veríssimo, Visconde de Taunay, Alcindo Guanabara, Araripe Junior, Afonso Celso entre outros notáveis do seu tempo. Neste período, o editorial era comandado por José Maria da Silva Paranhos (filho), o famoso Barão do Rio Branco.

        Rodrigues foi substituído por  Antonio Pereira Botelho, sob a chefia de redação na batuta de Félix Pacheco que, em 1923, assumiria a direção e a propriedade da empresa, responsável pela organização do acervo histórico do impresso. Felix Pacheco era um homem de notório saber, foi Senador, Membro da Academia Brasileira de Letras e Ministro das relações Exteriores no governo do então presidente Artur Bernardes.  Após seu falecimento (1935), a direção do Jornal do Commercio passou para Elmano Cardim que ficou no comando até 1957.

        Entre os anos de 1957 e 1959, o Jornal do Commercio foi Francisco Clementino de San Tiago Dantas, então presidente da Comissão Jurídica Internacional e catedrático de Direito Civil da Faculdade Nacional de Direito.

        De 1959, o veteraníssimo jornal passou a integrar o grupo dos integra os Diários Associados, organização fundada por Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello, falecido em 1968. Os nomes de peso continuaram a presidir e comandar o periódico, de 1982 até 1993 foi presidido pelo imortal e jornalista Austregésilo de Athayde, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras e um dos redatores da Declaração Universal dos Direitos do Homem. Posteriormente, a presidência passou para Ibanor Tartarotti. Nos dias atuais, o jornal tem como presidente Mauricio Dinepi.

 

_____________________________________

* Acadêmico do 2º período de Comunicação Social/Jornalismo da UnirG

* Professor da cadeira de História da Educação do centro Acadêmico UnirG.