Sexta-feira santa

 

Era uma sexta-feira como tantas, porém santa porque se lembra do Santo que morreu por volta dos anos 30d.c.... Era dia 14 de abril, uma sexta-feira santa como agora em 2017, porém o ano era 1995. Então, há exatos 22 anos atrás um homem comum, um pai e esposo, como tantos, deixava este mundo, sua família e amigos – meu pai.

Uma morte boba, estúpida!

Uma simples queda de um telhado baixo... Era para ser assim. Desde o dia que ele nasceu estava programado para se findar desta maneira.

Desde então, na sexta-feira santa não lembro apenas de um que me deu a vida, me lembro de dois: Cristo e meu pai, claro que não da mesma maneira, pois Cristo deu a vida por mim e meu pai deu a vida para mim.

Mas não foi justo comigo, penso.

Eu, uma criança de apenas 12 anos, chata, mimada por ser filha única dentre 5 homens (algumas vezes insuportável), fiquei perdida. Embora naquele instante eu não tivesse tanta noção do que aquilo significasse, mas logo as consequências de sua ausência chegariam. Não bastou muito tempo, dias apenas para me dar conta que naquele horário que ele chegava eu não iria precisar entrar correndo da rua para disfarçar que eu não estava brincando lá fora. Ao me sentar para ouvir o coral cantar estava faltando um tenor dentre os outros. E as faltas só foram aumentando. Festa de 15 anos que não aconteceu por que eu não teria com quem entrar na igreja como as meninas faziam. Quando meu primeiro irmão se casou foi triste ver aquele “in memorian” no convite, (também não me levou ao altar quando me casei).

Mas enfim, sobrevivemos, graças também à grande guerreira que é minha mãe, segurou as pontas como deu juntamente com os irmãos mais velhos.

Hoje eu fico pensando na falta que ele me faz! “Que bom relacionamento eu teria com ele hoje, porque hoje eu sou uma pessoa diferente, sei onde entra o respeito que deveria ter para com ele e não tive, não sou chata mais, nem birrenta, a vida me ensinou muito e eu também quis aprender, mas hoje, infelizmente é tarde... Não o tenho mais para desabafar, colocar um neto no colo, consertar alguma coisa em casa, tocar piano para ele cantar”. Enfim, são tantas coisas que não posso mais fazer com ele, por ele, são 22 anos sem meu pai! Engraçado que não está mais fácil para mim com o passar do tempo, parece até que tem ficado mais difícil, sei lá.

Penso que algumas coisas que aconteceram na família não teriam acontecido se ele estivesse vivo, sua presença inibiria certos fatos e atitudes ruins que aconteceram.

Que esta história sirva para você que é filho e tem um pai ou alguém que você chama de pai. Honre-o, ame-o, dedique tempo para ele porque um dia quando ele se for vai fazer muita falta para você, como pra mim hoje, só que nada mais pode ser feito. Todos nós temos apenas uma vida, nossa única chance de fazer o certo é enquanto ela existe, depois serão apenas recordações e muitos remorsos para os que ficam com relação aos que se foram. Não deixe o tempo passar e você não aproveitar o que realmente é importante: aquelas pessoas que não te abandonam, que não te trocam por nada. Não os troque por “amigos”, cerveja, mulheres, homens, celular ou o que quer que seja.

Dê valor aos seus pais!

 P.S. Desculpe a pontuação e os erros de português, não sou escritora.