CATEQUESE DOMINICAL

REFLEXÃO SOBRE SÉTIMO MANDAMENTO

PROFESSOR Me. CIRO JOSÉ TOALDO

 

MANTAMENTO “NÃO ROUBARÁS” (Ex 20,15)

 

                Este é um mandamento que nos leva a refletir sobre como vivemos em relação ao próximo e, principalmente como adquirimos nossos bens terrestres e aos frutos do trabalho do homem. Quando mencionamos o próximo, somos levados a pensar no bem comum, no respeito à destinação universal dos bens e ao direito da propriedade privada.

            Deus quando criou tudo deu sua criação para que a humanidade tomasse conta dela. Mas, o ser humano não cuidou bem desta dádiva divina, pois em vez do homem cuidar bem da terra, acabou a dominando e deixando que a ganância fosse tônica de tudo. Hoje vivemos num mundo dividido entre os homens e ameaçado pela violência. Muitos fizeram do direito à propriedade privada, algo injusto e, fechado em seu casulo, esquece-se das demais criaturas, esquece que tudo o que temos não é só nosso porque, outros também são necessitados. Deveríamos ter respeito à dignidade de todos os seres humanos e para isso, praticar a virtude da temperança, para não nos apegarmos aos bens deste mundo; a virtude da justiça, para preservar os direitos do próximo e a solidariedade.

            Quando sabemos colocar a serviço do outro o que temos, conseguimos aliviar o sofrimento, seja por parte da comida, bebida, saúde, roupa e tantos outros. Não roubar, vai além de simplesmente pegar o que é do outro, mas o  que é mais sério neste mandamento é a ganância e a perda do sentido cristão da vida comunitária, ou melhor da justiça comunitária que nos leva ao pagamento das dívidas e cumprimento das obrigações livremente contraídas. É essa justiça que obriga a reparação ou restituição do bem furtado na mesma proporção do delito. Qualquer ato mercantil ou totalitário que condiciona o ser humano à servidão ou a comprá-lo e vendê-lo e a trocá-lo como uma mercadoria é gravemente condenável. É um pecado contra a dignidade humana reduzi-la, por violência, a um valor de uso ou fonte de lucro.

           Na doutrina social da Igreja são propostos os critérios de juízo e orienta as ações. A Igreja orienta que quando o lucro ou os fatores econômicos estão acima das pessoas, Deus não abençoa esta, uma vez que elas são reduzidas a meros instrumentos que visam ao lucro, escravizando-as e conduzindo o homem à idolatria do dinheiro e contribui para difundir o ateísmo. A vida econômica deve estar sempre a serviço das pessoas, do homem em sua totalidade e da comunidade humana.  Deve ser exercida dentro da ordem moral para corresponder ao plano de Deus acerca do homem. O Trabalho é um dever de todos e ele honra os dons do Criador e os talentos recebidos.

           O salário deve ser justo, pois ele é o fruto do trabalho. O Salário deve garantir ao que trabalha e aos seus familiares os recursos necessários a uma vida digna no plano material e espiritual. Privar o ser humano do trabalho, devido ao desemprego (algo muito latente em nosso país) é um grande atentado à dignidade e ameaça ao equilíbrio da vida.

            Não roubar não é o simples fato de tirar algo de alguém, mas como dito acima, deve nos levar a refletir na vida comunitária. Não se podem fechar os olhos para uma sociedade desigual em que estamos inseridos. Aumentando o nosso conhecimento de Deus e do próprio ser humano, forma-se a  a base da solidariedade humana.

             Quando se consegue romper com o individualismo e se enxerga o pobre e o excluído, estamos praticando a verdadeira generosidade. As obras de misericórdia são aquelas que nós dedicamos caridosamente às necessidades corporais e espirituais dos pobres. O próprio Jesus certa vez disse. “Quem tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem, e quem tiver o que comer, faça o mesmo” (Lc 3,11). A miséria humana é o sinal da condição em que o homem se encontra depois de ter cometido o primeiro pecado. É por isso que Jesus Cristo Salvador teve tamanha compaixão de nós e assumiu esta miséria sobre se mesmo, identificando-se com os humildes e fracos.

               Portanto, não roubar é um mandamento profundo que nos leva a refletir no tipo de mundo e sociedade temos, não basta culpar os outros, cada um precisa fazer sua parte e perceber onde também tem  culpa neste tipo de sociedade que vivemos que não agrada a Deus.