SÉTIMO MANDAMENTO NÃO ROUBARÁS (UMA REFLEXÃO)
Publicado em 04 de junho de 2018 por Ciro Toaldo
CATEQUESE DOMINICAL
REFLEXÃO SOBRE SÉTIMO MANDAMENTO
PROFESSOR Me. CIRO JOSÉ TOALDO
MANTAMENTO “NÃO ROUBARÁS” (Ex 20,15)
Este é um mandamento que nos leva a refletir sobre como vivemos em relação ao próximo e, principalmente como adquirimos nossos bens terrestres e aos frutos do trabalho do homem. Quando mencionamos o próximo, somos levados a pensar no bem comum, no respeito à destinação universal dos bens e ao direito da propriedade privada.
Deus quando criou tudo deu sua criação para que a humanidade tomasse conta dela. Mas, o ser humano não cuidou bem desta dádiva divina, pois em vez do homem cuidar bem da terra, acabou a dominando e deixando que a ganância fosse tônica de tudo. Hoje vivemos num mundo dividido entre os homens e ameaçado pela violência. Muitos fizeram do direito à propriedade privada, algo injusto e, fechado em seu casulo, esquece-se das demais criaturas, esquece que tudo o que temos não é só nosso porque, outros também são necessitados. Deveríamos ter respeito à dignidade de todos os seres humanos e para isso, praticar a virtude da temperança, para não nos apegarmos aos bens deste mundo; a virtude da justiça, para preservar os direitos do próximo e a solidariedade.
Quando sabemos colocar a serviço do outro o que temos, conseguimos aliviar o sofrimento, seja por parte da comida, bebida, saúde, roupa e tantos outros. Não roubar, vai além de simplesmente pegar o que é do outro, mas o que é mais sério neste mandamento é a ganância e a perda do sentido cristão da vida comunitária, ou melhor da justiça comunitária que nos leva ao pagamento das dívidas e cumprimento das obrigações livremente contraídas. É essa justiça que obriga a reparação ou restituição do bem furtado na mesma proporção do delito. Qualquer ato mercantil ou totalitário que condiciona o ser humano à servidão ou a comprá-lo e vendê-lo e a trocá-lo como uma mercadoria é gravemente condenável. É um pecado contra a dignidade humana reduzi-la, por violência, a um valor de uso ou fonte de lucro.
Na doutrina social da Igreja são propostos os critérios de juízo e orienta as ações. A Igreja orienta que quando o lucro ou os fatores econômicos estão acima das pessoas, Deus não abençoa esta, uma vez que elas são reduzidas a meros instrumentos que visam ao lucro, escravizando-as e conduzindo o homem à idolatria do dinheiro e contribui para difundir o ateísmo. A vida econômica deve estar sempre a serviço das pessoas, do homem em sua totalidade e da comunidade humana. Deve ser exercida dentro da ordem moral para corresponder ao plano de Deus acerca do homem. O Trabalho é um dever de todos e ele honra os dons do Criador e os talentos recebidos.
O salário deve ser justo, pois ele é o fruto do trabalho. O Salário deve garantir ao que trabalha e aos seus familiares os recursos necessários a uma vida digna no plano material e espiritual. Privar o ser humano do trabalho, devido ao desemprego (algo muito latente em nosso país) é um grande atentado à dignidade e ameaça ao equilíbrio da vida.
Não roubar não é o simples fato de tirar algo de alguém, mas como dito acima, deve nos levar a refletir na vida comunitária. Não se podem fechar os olhos para uma sociedade desigual em que estamos inseridos. Aumentando o nosso conhecimento de Deus e do próprio ser humano, forma-se a a base da solidariedade humana.
Quando se consegue romper com o individualismo e se enxerga o pobre e o excluído, estamos praticando a verdadeira generosidade. As obras de misericórdia são aquelas que nós dedicamos caridosamente às necessidades corporais e espirituais dos pobres. O próprio Jesus certa vez disse. “Quem tiver duas túnicas, reparta-as com aquele que não tem, e quem tiver o que comer, faça o mesmo” (Lc 3,11). A miséria humana é o sinal da condição em que o homem se encontra depois de ter cometido o primeiro pecado. É por isso que Jesus Cristo Salvador teve tamanha compaixão de nós e assumiu esta miséria sobre se mesmo, identificando-se com os humildes e fracos.
Portanto, não roubar é um mandamento profundo que nos leva a refletir no tipo de mundo e sociedade temos, não basta culpar os outros, cada um precisa fazer sua parte e perceber onde também tem culpa neste tipo de sociedade que vivemos que não agrada a Deus.