SERMÃO QUE PREGUEI NA CAPELA NO CURSO DE TEOLOGIA PASTORAL

TEXTO: Êxodo 3: 1 - 14  e de 18-20.

TEMA: A responsabilidade daquele que tem o chamado ministerial 

INTRODUÇÃO

Temos no exemplo de Moisés, uma lição que precisamos aplicar aos nossos dias. Ele, um hebreu de nascimento, em razão da ordem do Faraó para que todos os filhos homens dos hebreus fossem mortos, após investida de sua mãe no sentido de salvá-lo da ira do Faraó, acabou sendo encontrado pela filha deste, que o tomou por filho adotivo.

Segundo relato vétero-testamentário, no palácio, onde fora criado, Moisés aprendeu toda a ciência do Egito, tornando-se num homem eloqüente e poderoso em palavras (Atos 7: 20-34) e,  provavelmente,  intencionasse ajudar  o seu povo, fazendo uso do que aprendera  ali,  até por que, ele se importava com o sofrimento de seu povo, que ali vivia sob pesado jugo de escravidão.

Prossegue o narrador bíblico dizendo que o desejo de Moisés em fazer algo pelo seu povo era tanto, que não suportando os maus tratos sofridos por um de seus irmãos hebreus,  ele acabou por matar o egípcio que o agredia, fugindo em seguida para o deserto onde permaneceu por 40 anos, vindo a se casar com Zípora, filha do sacerdote de Midiã.

E, ainda segundo o relato bíblico, estando no deserto há tanto tempo, já não havia mais em Moisés nenhuma eloquência e não mais possuía sua tão característica auto-confiança.

Foi ali no deserto que ele aprendeu a olhar para dentro de si mesmo e ver suas próprias limitações. Só que ao reconhecer essa verdade, Moisés teve grande dificuldade de entender que apesar dessas limitações, Deus o estava chamando, para uma missão para a qual Ele o capacitaria. E, uma vez vencida esta dificuldade, estava ele agora pronto para entender que somente se submetendo a Deus e, Nele depositando sua confiança, estaria pronto para ser uma benção na vida de seu povo.

TESE: Somente quando reconhecermos que somos limitados e, nos submetermos a Deus, confiando que Ele nos capacitará, estaremos aptos para cumprir o ministério para o qual fomos chamados.

ARGUMENTOS:

I - NO CASO DE MOISÉS, O CHAMADO DIVINO, SÓ ACONTECEU DEPOIS DE HAVER PASSADO PELO DESERTO.

- Foi no deserto que Deus se revelou a Moisés - Segundo o relato das Escrituras, podemos ver, que embora Moisés se importasse com o sofrimento de seu povo e, fosse possuidor de tão elevado nível social e intelectual (At. 7:22-25), Deus permitiu que ele ficasse 40 anos no deserto. E, isso foi necessário! E somente depois disto,  quando não mais confiando em sua própria força e capacidade,  é que Deus se mostrou a ele e o revelou o Seu propósito. Deus, via a aflição de Seu povo no Egito e conhecia os seus sofrimentos. E, sabia que Moisés também se importava com o sofrimento de seu povo; TODAVIA, Ele sabia que antes que Moisés viesse a se tornar naquele que haveria de conduzir o povo de Israel em sua saída do Egito, era necessário que ele aprendesse a viver sob Sua total dependência. O que sem dúvida, deve ser característica básica na vida de todo aquele que é chamado por Deus para a Sua Obra. Moisés, precisava de uma experiência profunda com o Deus de seus pais e, foi isso que Deus lhe proporcionou no deserto.

- A presença de Deus no deserto, levou Moisés a adotar uma postura de reverênciaAo referir-se a Si mesmo, como sendo o EU SOU, Deus quis mostrar a Moisés que Ele é o Eterno, ou seja, Aquele que não precisou de uma causa para existir; Aquele que tinha Todo o Poder e que é Soberano sobre tudo o que existe e acontece. E, diante desta Verdade tão clara, Moisés pode se dar conta, de que o Deus que ali Si fazia presente, não era como os deuses das nações pagãs! O fato é que o encontro com a Santidade de Deus revela quem somos e, quem Ele é! E é nessa experiência que a nossa pecaminosidade em contraste com a Santidade do Deus Eterno se torna uma verdade patente e inegável! E em razão dessa constatação inevitável, a presença de Deus no deserto levou Moisés a adotar uma atitude de reverência. E assim como foi com Moisés, a visão da santidade de Deus, a qual não devemos perder, deve também causar em nós uma mudança de atitude! E, certamente, no decorrer de seu ministério, Moisés pode entender o porquê de haver passado pelo deserto, afinal,  embora tenha sido criado no Egito, ficou até certa idade aos cuidados de sua mãe verdadeira, e por meio dela, certamente, teve contato com a Religião de seu povo e aprendera a temer o Deus Eterno.

APLICAÇÃO: O deserto no caso de Moisés foi literal. Em nossos dias, passamos por "desertos", quando, ainda que fazendo a vontade de Deus, passamos por lutas e tribulações    (I Pe. 4) ou quando em razão de nossa desobediência; mas, assim como ter ficado 40 anos no deserto cooperou para que Moisés viesse a se tornar num grande líder nas mãos de Deus, assim também, os nossos "desertos" contribuem para o nosso crescimento e aperfeiçoamento na fé, conforme se vê explicitamente nas Escrituras. Até por que, quando passamos por tais situações, ficamos frente a frente com as nossas próprias fraquezas e limitações e, descobrimos que enquanto não nos submetermos a Deus, confiando na Sua providência e nas promessas que Ele nos faz, não estaremos capacitados para cumprir o nosso ministério.

FRASE DE TRANSIÇÃO: Também em nossos dias, aquele que tem o chamado Divino, deve ter o cuidado de ser, em tudo, obediente à voz de Deus, haja vista, que tem sobre si uma grande responsabilidade diante dEle.

II - PORQUE DEUS SE IMPORTA, É QUE ELE LEVANTA HOMENS E MULHERES PARA  QUE ESTEJAM NA BRECHA PARA PROCLAMAR AO MUNDO A SALVAÇAO QUE HÁ EM CRISTO.

- Aquele que tem o chamado de Deus deve ter sempre a consciência da urgência deste chamado, por que a Obra de Deus não para e nem pode ser impedida - Uma vez chamados por Deus para a Sua obra, devemos ter sempre em mente a convicção que Ele nos capacitará. É bem verdade, que as dificuldades virão a fim de tentar impedir que a obra que Deus tem através de nossas vidas se realize. TODAVIA, devemos nos lembrar que sempre que Deus levantou alguém para cumprir o Seu propósito, assegurou-lhe de que o capacitaria. Foi assim com Moisés, Josué, Jeremias e com todos os outros, pelo que não será diferente conosco, porque o nosso Deus não mudou (Nm. 23:19).

- Aquele que tem o chamado de Deus deve ter em mente que nada poderá impedir que a obra de Deus se realize - mas se não vigiarmos, seremos levados ao desânimo e, consequentemente, ao abandono da obra para a qual Deus nos tem capacitado. Não devemos nos esquecer, porém, que esta peleja é de Deus! De sorte que é um erro acharmos que Deus espera que façamos a Sua obra, afinal, tudo o que Ele espera de nós, é que nos coloquemos em Suas mãos, como instrumentos, para que através de nossas vidas, a Sua obra se realize por meio de nós. É bem verdade que se nos deixarmos levar pelo desânimo e nos esquivarmos de tão grande responsabilidade, Deus, levantará em outro lugar, alguém que queira se colocar na brecha, pois, a Obra de Deus não pára e nem pode ser impedida.

- Aquele que tem o chamado, sabe que como líder, em tudo deve ser o exemplo daquilo que prega.  Podemos constatar em Êxodo 40:12-16, que o sacerdote também deveria passar pelo processo da santificação. Analisando o texto ora mencionado, verificamos que sua consagração se dava diante da tenda da Revelação, o que implica em dizer que o povo presenciava. A lição que podemos tirar disso, é que o povo deve ver no líder o exemplo a seguir. O apóstolo Paulo em suas cartas pastorais, muito enfatizou essa necessidade, exortando aqueles que tem o chamado, para que vivessem uma vida sem embaraços e condizente com os preceitos morais, característicos daquele que um dia verdadeiramente teve sua vida transformada.

- Aquele que tem o chamado de Deus deve ter sempre a consciência de que um dia há de prestar contas diante de Deus das vidas que lhe foram confiadas -  Um aspecto que deve ser levado em conta e, que muitas vezes, tem sido negligenciado, é a dura advertência feita por Deus a todo aquele que tem sobre si a responsabilidade ministerial. Por sua vez, o pastor negligencia essa advertência quando não tem o devido cuidado com o tipo de "alimento" que oferece aqueles que Deus lhe confiou. Vivemos dias, em que as pessoas procuram ouvir coisas agradáveis aos ouvidos e que não exija renúncia de si mesmo, muito menos compromisso. TODAVIA, todo líder tem a responsabilidade diante de Deus, de tudo fazer conforme a orientação que de Deus recebeu.  O que significa dizer, que muitas vezes, terá que ser duro como Jesus o foi nas circunstâncias em que precisou ser. Em outras palavras, pregar o que a Igreja precisa ouvir, e não, o que ela deseja ouvir. Mas, não cabe ao líder decidi o que a Igreja precisa ouvir! Cabe a ele buscar em Deus essa orientação. O fato é que somente aquele que não perdeu a visão de Deus é capaz de discernir isso. E, vale lembrar que em Gálatas 1:10, o apóstolo Paulo nos diz que se quisermos agradar aos homens, não somos servos de Cristo. O pastor comete esse erro, quando prega um Evangelho fácil e que não exige compromisso, como forma de garantir igrejas lotadas, tendo como resultado um crescimento quantitativo desprovido de qualitatividade, isto por que, acaba levando as pessoas buscarem a Jesus, por aquilo que Ele pode dar, e não, por aquilo que Ele é. E por conseqüência, não ocorre mudança genuína de vida naqueles aos quais ministra. Por outro lado, não podemos nos acomodar nesse argumento, como se somente as igrejas pequenas tivessem qualidade, como forma de justificarmos o nosso fracasso em produzir frutos em abundância.  Enfim, o líder não pode perder a visão de que um dia estará diante de Deus, prestando contas das vidas que lhe foram confiadas (Ez. 34:2-3).  Infelizmente, porém, por perderem essa visão, muitos líderes têm-se enquadrado na advertência de Deus dirigida aos pastores infiéis. É contudo, também fato que somente perde a visão quem um dia a teve.

CONCLUSÃO: Não se deve, humanamente falando, buscar ocasião para que a consagração ministerial aconteça; tudo o que precisa ser feito, é crer que na hora certa, Ele fará com que se realize e, sendo esta a Sua vontade nada poderá impedir. Uma vez, tendo recebido o chamado de Deus para a Sua Obra, cabe apenas, ter a atitude de quem diz: "Eis-me aqui, Senhor! Envia-me a mim!", e buscar estar preparado, a fim de estar apto para exercer o ministério que de Deus tem recebido. Feito isto, no tempo de Deus, Ele há de cumprir o que se propôs a fazer por meio daqueles que chamou para a Sua Obra. É de se ressaltar, que respeitar o tempo de Deus, traz como recompensa, a convicção necessária em meio às muitas lutas que virão no decorrer do ministério. Somente entendendo essa verdade, estará pronto para ser benção na vida daqueles aos quais vier a ministrar.

APELO: Eu queria chamar a atenção dos irmãos seminaristas, para a necessidade de uma reflexão acerca do que aqui foi falado. É muito bom ter uma igreja grande, repleta de pessoas, MAS, melhor do que isso, é ter a certeza de que não  perdeu a visão que de Deus recebeu. Eu gostaria que fechássemos os nossos olhos em oração e, analisássemos se as características aqui apresentadas têm sido evidenciadas em nossos corações. E, que nesse momento, estejamos pedindo a Deus que nos dê todas essas características, que são básicas na vida daqueles que verdadeiramente foram chamados para a obra ministerial. AMÉM!!!

 

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 ੴღ Jeane Kátia dos Santos Silvaੴღ - é autora do livro: "O Fillho de Deus à luz das Sagradas Escrituras" e, está em busca de uma editora que queira apostar neste sonho.

Quando eu era pequena ensinaram-me que Jesus é Deus e, perguntas do tipo: “Como Ele pode ser Deus e, ainda assim ser filho de Deus?”, fervilhavam em minha mente de menina, que queria entender o por quê das coisas. Fato é, que por alienação cri em tudo o que o me ensinaram acerca de Jesus; até que houve um momento, em que eu não pude mais calar minhas interrogações interiores e, então, ousei questionar. Primeiramente, questionei a Bíblia à luz das evidências (se estas me dão ou não razões para crer) e, tendo concluído que sim, então, o próximo passo foi uma espécie de prova dos nove: “Há contradição nela?” - À primeira vista, sim! Mas, por mais incrível que pareça, descobri que é justamente nessas aparentes contradições que está a resposta. E, no final das contas, partindo da dúvida e, analisando de fora a fé, cheguei à respostas que calaram esses meus questionamentos e, narro isso nesse meu livro.

O meu livro não é uma auto-biografia! É um livro de cunho teológico e, como o próprio título sugere, trata-se de uma análise do Filho de Deus à luz das Sagradas Escrituras. Tudo o que fiz foi deixar a Bíblia falar por si mesma. Lendo-o, o leitor se sentirá familiarizado com os muitos textos bíblicos que são citados, até por que, o objetivo é mostrar o que sempre esteve lá e, não percebíamos. Acerca dos paradoxos bíblicos eu descobri, que eles, na verdade, funcionam como uma espécie de pedras de um quebra-cabeça, que quando juntadas revelam toda a coerência do relato bíblico... Uma coerência que só pode ser percebida quando se leva em consideração esses paradoxos bíblicos, e não, em detrimento deles".

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