SÉRGIO DIORIO 

O velho e bom Sérgio Diório terminou no final do ano passado a sua missão como mestre no curso de Administração da FEI. Foram quase vinte anos de dedicação à instituição, ao curso e aos alunos, que sempre viam nele um porto seguro para seus anseios, dúvidas e insegurança em relação ao futuro. Sérgio estava sempre disposto a dar uma palavra amiga de apoio, de conforto ou de felicitações para os alunos como também para os seus colegas professores.  

O seu lado humorístico era algo a parte. Seus divertidíssimos casos alegrava os encontros antes e nos intervalos de aula. Sua história de boemia pela velha São Paulo teve situações pitorescas ou mesmo trágicas. Algumas histórias ele aumentava, mas se não aumentasse perderia a graça, como diria um velho escritor. Para alguns casos ele incorporava cenas de cinema para apimentar a trama.  Fazia isso simplesmente para ver os sisudos professores, como o Flademir, dar uma risadinha marota. A história incontável neste espaço é a do mosquitinho na banheira, que atravessou anos sendo repetida aos novos e velhos colegas, sempre com um detalhe novo, que fazia mesmo os mestres mais circunspectos, rirem de modo a ouvir-se de longe. Quem não se lembra do cãozinho poodle toy da mulher de um dos seus amigos, que um outro da velha boemia,  de quase 200 quilos, sentou em cima no sofá. Foi uma história que seria cômica se não fosse trágica.

Foi um  bom vivant  que curtiu a noite paulistana vagando pelos bares da Avenida João, provavelmente nos mesmos lugares em que o Paulo Vanzolini, cientista e sambista, se inspirou para compor a bela Ronda, uma canção emblemática da velha Paulicéia.

Ao contar seus causos falava de episódios familiares ou pessoais e nunca se preocupava em gozar a si mesmo em busca de uma boa piada e para conquistar boas gargalhadas. E assim, com saudades do velho amigo, marquei com ele um almoço nesta quarta-feira e ele fez questão de escolher uma boa churrascaria para comemorarmos o encontro. Como é do seu estilo, tratou o manobrista com uma delicadeza como se o conhece há séculos. Com o garção foi a mesma coisa. Sua habilidade de criar relacionamentos é insuperável.

Mas durante o almoço senti no nosso velho amigo uma pontinha de tristeza. Percebi que ainda sente saudades da boa conversa, do cafezinho na cantina do velho lusitano Augusto, das boas piadas, dos causos - verdadeiros ou não. Quando a tarde chega, lembra que não precisa mais organizar o material, preparar as aulas para os encontros semanais com os jovens alunos. Sente ainda saudades dos sorrisos, das conversas que às vezes atrapalhavam as aulas, das broncas que precisava dar para manter a ordem.

E assim seguimos. Há sempre o momento de encerrar etapas. A nossa vida é marcada por momentos que começam, atingem o seu ápice e depois se encerram, deixando saudades, alegrias e, eventualmente, algumas tristezas. Mas como disse o poeta: saudades é uma condição, ficar triste é uma opção.

E é por isso que me dei conta de que precisava escrever algumas linhas sobre uma das pessoas mais carismáticas que conheci e espero continuar mantendo contato enquanto durar nossa caminhada por esse velho e maltratado planeta. Evoé Sergião! Feliz aposentadoria, com muitas viagens, muitas alegrias e tudo aquilo que você merece.