SERÁ QUE DEVEMOS ACREDITAR EM TUDO QUE LEMOS E OUVIMOS?
Por Mazenildo Feliciano Pereira | 05/03/2013 | SociedadeSERÁ QUE DEVEMOS ACREDITAR EM TUDO QUE LEMOS E OUVIMOS?
Muitas vezes quando estamos falando de um jornal ou quaisquer outros meio de divulgação de noticias, acreditamos serem eles imparciais, sem lados e totalmente isentos, etc.
Com certeza esses meios de comunicação devem ser imparciais, isentos e sem lado, mas, porém, esses princípios, via de regra, são evocados de forma distorcida, por gente que interpreta equivocadamente o que significa, de fato, a imparcialidade e a isenção jornalística.
Aqui faço uma consideração em relação a tais princípios, pois, o princípio da isenção no jornalismo não significa ausência de posicionamento, mas o compromisso de se posicionar sem "segundas intenções"; o compromisso de se ater apenas aonde os fatos levam, em vez de ficar brigando com eles; a obrigação de opinar baseado no discernimento ético que se tem das questões ou eventos em apreço, independentemente se sua posição vai concordar ou não com o que dizem fulano,beltrano e ciclano. O princípio da imparcialidade não envolve a não autorização para declarar, por exemplo, apoio a uma candidatura à Prefeito à Vereador,etc; não envolve a ausência de opinião (Opinião faz parte da essência do verdadeiro jornalismo!); não envolve não ter lado. Significa, sim, que a imprensa secular não deve omitir os fatos e as opiniões que envolvem os dois lados (ou mais) de uma questão ou de um evento, nem fazer jornalismo sensacionalista, do tipo onde determinadas pessoas negociam com os veículos de comunicação a inclusão na pauta de determinado assunto que seja de interesse “deles”, neste caso matéria “plantada” na redação, ou “recomendada”, termo que no jargão jornalístico é conhecido como reco, pauta rec ou pauta 500,ou seja nascida no ambiente externo à redação e não naturalmente pelo “faro dos repórteres” e que não possa opinar sobre os dados auferidos, definindo-se por um lado. Ela deve fazê-lo, e sempre objetivando a defesa dos princípios do estado democrático de direito.
A parcialidade e a imparcialidade no jornalismo são duas irmãs briguentas, mas, os meios de comunicação, deve se esforçar para ser plural e apresentar todos os matizes do conflito – para que o leitor, de posse de argumentos e informações, compare-os e se posicione e não tentar colocar na matéria situações e fatos que levam o leitor a pensar que o posicionamento observado na matéria é verdadeiro e na verdade há controvérsias.
Tenho dúvida se alguns veículos de comunicação realmente estão fazendo o seu verdadeiro papel.
Mazenildo Feliciano Pereira.
Contabilista, Bel em Direito, Especialista em Direito Tributário, Direito do Trabalho, Previdenciário e Processo. Ex Professor de Direito na UFMS- Três Lagoas - MS. Conciliador e Mediador