“A felicidade só deixa de ser utopia quando nos contemplamos com a inteligência e com o afeto do outro.”

Gabriel Chalita

 

            Diz na bíblia, palavra de Deus, que para tudo na vida existe um tempo: de nascer, sorrir, chorar, brincar, cair, levantar, aprender; todavia, não sabemos quanto tempo temos ou quanto tempo o tempo tem, porém nada é premeditado, não existe fixo o momento certo para que tudo venha acontecer, mas em nossas condições humanos temos a certeza de que vamos passar, afinal é óbvio passar por tudo isso nas condições humanas que somos tendo convicto que nada é perfeito ou como diz a letra de uma música conhecida: “Você bem sabe que eu não lhe prometi um mar de rosas”. Não vivemos nesse mar de pétalas, mas podemos fazer da vida um pomar e fazer das pessoas que amamos rosas, tomando conhecimento que essas rosas se caracterizaram como qualquer outra, tendo as rosas do jardim pessoal, espinhos de defeitos e perfume de qualidade – a essência de cada uma delas é o principal para quem delas cuida. Porém o tempo não para, tampouco envelhece e tudo simples ou dolorosamente acontece. Depois só restam as imagens guardadas na mente. Depois como fica o físico e o psicológico? E a felicidade? É complexo, mas a felicidade por sua vez não é um sentimento absoluto ou que toma todo espaço sentimental humano, também, como as outras ela se exalta por meio de um estímulo seu, seja ele qual for: dos comuns aos mais bizarros.

            Existem pessoas que por meio de uma frustração vivida acaba adotando a tristeza, se atrofiando no tempo, não evoluindo emocionalmente, não tendo estímulo vital por estarem presas a um fato do passado – tornam-se escravas de si mesmas. Num dos livros do doutor Augusto Cury é descrito o que realmente é fato, que “o problema não é a doença do doente, mas o doente da doença”. Para isso a felicidade precisa mais uma vez ser apresentada a alguém que assim esteja a ponto de despertar nessa o desejo de adquiri-la e viver bem consigo e até mesmo com os outros. Deixar permitir que a felicidade habite em si mesmo e permaneça para sempre não é tarefa fácil, também não é impossível de ser realizar. Mas para que a felicidade permaneça, renúncias são feitas e no momento de estar presa a tristeza a renúncia maior é para com ela, é deixá-la passar.

            O ato de diversão é também momento de felicidade, é deixar a essência vir à tona e apresentá-las a quem puder. É feliz quem pode levar a felicidade à outras pessoas, pois não há plenitude melhor que dividir os momentos vividos. Chega de querer ser feliz só. Chega de apostar nos objetos que nada mais são que sucatas futuras, pois o que te faz feliz por tê-lo hoje, amanhã já não vai mais ser o mesmo, pois um melhor surgiu. Não aposte na moda, afinal é contínua e quando se pode comprar o de agora, esse tornou-se antigo, pois outra peça está sendo mais vendida. É primordial que a felicidade nasça em si e depois seja levada a outros. Não queira fazer dela reflexo de você nos outros, esperando elogios, tendo assim uma falsa felicidade e sim euforia momentânea. O brasileiro por sua vez parece que tem uma especialidade quanto à felicidade, pois conseguimos fazer de festas, grandes momentos e ainda atraímos várias pessoas de fora. O carnaval é a maior festa que reúne multidões para comemorarem o curto momento. Percebemos que nada é individual e a satisfação está sempre ligada a algo ou alguém. Como nas festas os foliões não se divertem sós, mas sempre acompanhados; e mesmo que esteja sozinho tem a companhia de algo (som, bebida etc). Ou seja, a felicidade de qualquer forma está vinculada. Há os que se deixam levar para o inconsciente por meio de bebidas e drogas, tentado esquecer a rotina e curtir os momentos “felizes”, sendo que essa felicidade juntamente com a daqueles que só são felizes em festas não é plena, esses são os eufóricos. Aqueles que se contentam com o pouco da felicidade tendo apenas aparência de estarem felizes são lamentáveis, afinal ESTAR não acarreta muito tempo, todavia, quem sempre está na busca (nada fácil) da felicidade, nada mais faz se não estar pelejando em SER feliz, que é uma condição instável de permanência. Estar feliz é muito diferente de ser feliz. Quando passam os momentos as marcas ficam e quando se está feliz talvez tudo mude na vida e dê espaço a coisas ruins; quando se é feliz por mais que os fardos sejam pesados, tendo esperança e fé, a felicidade há de permanecer e acompanhar por todo momento. Contudo, a mesma também passa, pois tudo se torna passado e o momento vivido não será mais o mesmo nunca, mas com novas perspectivas e novos olhares tudo será mais tranquilo, pois será impossível evitar um novo amanhecer. Permanece bem e feliz aqueles que abrem espaço maior para que esse sentimento se manifeste de forma inesgotável.

            Tudo vivenciado não é por acaso, muito menos predestinado, pois se assim fosse a vida seria um mapa escrito, um projeto, apenas para ser contornado, mas assim não é, de modo que temos livre arbítrio de tomar decisões. O predestinado pode não existir, mas a Providência sim, pois tudo só acontece porque tem de acontecer e por permissão de Deus. Ele em sua imensa sabedoria, mesmo ciente que humanamente não temos méritos, respeita nossas escolhas e as observa. Peçamos a Ele proteção, pois podemos tomar escolhas erradas. E nos momentos que a tristeza bater-lhe a porta, não hesite em aceitá-la, afinal ela também serve de ensinamento, mas faça com que ela não permaneça por muito tempo, no máximo a convide para um lanche e depois a dispense, dizendo a ela que não pode permanecer alegando que antes dela bater à sua porta a felicidade já tinha feito isso e se hospedado firmemente. Não podemos deixar que algo ocupe o lugar da felicidade, deixado que ela se vá como fumaça ao vento que mesmo tentando pegar, simplesmente subestima nossa sensação saindo dentre os dedos.

            O caminho da vida pode ser a curto ou longo prazo, e o topo que almejamos é longo, porém devemos caminhar, podendo parar para descanso, mas jamais esmorecer e estacionar, se contentar com apenas o caminho sem querer alcançar o topo. Mantenha a fé e desabroche cada vez mais a felicidade, afinal o caminho só se faz caminhando.