Ser adolescente: uma tarefa difícil

Por Anonymous Writer | 04/06/2013 | Psicologia

Ser adolescente não é fácil. Nada fácil. Eu pelo menos não achei. Há pouco tempo saí dessa fase e hoje vejo o quanto era imatura há alguns anos atrás. É impressionante ver o quanto a gente amadurece depois dos dezoito anos. Antes disso, vivemos atormentados por conflitos internos, vergonha do corpo, insegurança psicológica, depressão por se sentir deslocada.....Confesso que passei por tudo isso. Me sentia mal comigo mesma e achava que os outros eram melhores do que eu......

A convivência com outros adolescentes é uma das coisas mais perturbadoras nessa fase. Eles estão sempre divididos em grupos (ou, como costumam dizer, em “tribos”): os mais populares, os nerds, os emos, os rebeldes......enfim, há um autojulgamento muito grande por parte dos próprios adolescentes. E isso gera uma série de problemas de autoestima e de insegurança, principalmente entre os que se sentem mais deslocados.

Esse sentimento de “não se encaixar” é muito torturante, uma vez que você não consegue se aceitar como é. Você acredita fielmente que ser “o melhor” é ser o que os adolescentes assim consideram que seja: ser o mais popular, já ter beijado muitos caras (ou muitas mulheres), não ser mais virgem, ir às festas mais badaladas do momento, conversar com as pessoas descoladas.....

Eu me sentia MUITO mal justamente por não me enquadrar nesse tipo de pessoa baladeira, popular, que sai com muitos caras.......eu sempre fui o tipo de pessoa mais reservada. Não chego a ser tímida, mas estou longe de ser aquele tipo de pessoa que já chega marcando presença, conversando com todo mundo e já conseguindo ficar super enturmada, fazendo novas amizades em um piscar de olhos e já marcando festas para ir.....realmente NUNCA fui assim.

E, além disso, eu nunca curti muito ir para festas, baladas, matinês e tal......nunca gostei da ideia de ficar em um lugar apertado, com um monte de gente bêbada se esbarrando em mim e  aturando caras que eu nunca conheci querendo enfiar a língua na minha garganta e passando a mão em mim. ARGH!

E, para completar, a minha vida amorosa era um desastre durante a minha adolescência. Ou, melhor dizendo, eu nem sequer tinha uma vida amorosa nessa fase......para começar, eu fui meio moleca por muito tempo. Até uns treze anos de idade, enquanto que a maioria das meninas já estava de namorinho e tal, eu ainda gostava de brincar de esconde-esconde, de pique-pega e.......(não ri) de boneca! E o fato de eu ser uma magrela que usava roupas super largas (me deixando com a silhueta “quadrada” que os homens adoram) contribuía ainda mais para deixar os meninos bem longe de mim.

No início, eu até que não me importava tanto em não me enquadrar nesse estereótipo de adolescente festeira e namoradeira, mas, com o passar do tempo, esse sentimento de “não me encaixar em lugar nenhum” começou a me magoar profundamente. E, para piorar, eu ainda tinha que aturar muita gente enchendo o saco. Adolescentes considerados populares fazendo perguntinhas e comentários irritantes do tipo: “Você já ficou com alguém?”, “Você é muito magra! Tenta engordar um pouquinho pra ficar mais gostosa!”, “Nossa, você ainda não pegou ninguém?! Tenho pena de você.....”. E, como se isso não bastasse, também tinha os parentes (isso mesmo, pessoas adultas e que, na teoria, deveriam ser maduras) torrando a paciência: “Você já tem namorado?”, “Ainda tá solteira?! Arranja alguém logo!”, “E como é que vão as festas?!”, “Você quase não sai de casa, menina! Não pode ser assim não.....na minha época eu vivia saindo com a galera.......”.

Infelizmente, quando a gente é adolescente, nos importamos muito com o que as outras pessoas pensam de nós. E eu não era uma exceção. Me importava MUITO com os comentários irritantes das outras pessoas. E eu ia remoendo isso tudo......e me sentia cada vez pior comigo mesma......até que, finalmente, completei dezoito anos e comecei a amadurecer. Claro que não foi de uma hora para outra. Eu digo “dezoito anos” porque foi quando eu COMECEI a lutar contra os meus conflitos internos.....e eu não vou mentir para você, foi uma batalha MUITO dura! E hoje sinto orgulho de dizer que venci grande parte dessa luta. Eu não digo que venci totalmente porque isso seria uma mentira. Afinal, ainda tenho muita coisa o que aprender e melhorar na minha vida, mas sinto que importantes passos já foram dados......

Hoje vejo o quanto fui idiota por de fato acreditar que eu era um ser esquisito e deslocado só porque não me enquadrava em algum tipo de estereótipo ridículo. Percebi que ninguém é melhor que ninguém, não importa o estilo de vida que a pessoa leve. Também percebi que sentir-se inseguro e deslocado é absolutamente NORMAL. É da natureza do ser humano se sentir assim, principalmente na fase da adolescência. E é por isso que eu digo para você adolescente que se identifica com o que eu passei: você não é o primeiro e nem vai ser o último a se identificar com tudo o que eu escrevi. E você pode não acreditar agora, mas um dia você vai amadurecer e vai ser capaz de olhar para trás e pensar: “Como eu era idiota por ter me sentido assim!”.

Tenha paciência. Você ainda vai chegar lá.

Espero que eu tenha te ajudado de alguma forma.

Bjs, Tati.