Quis sentar-me a beira do rio
Observar um mar de águas passarem
Sem as margens alterarem
Tudo perfeito, no leito, sem defeito
Sentado permanecia, seguia
Parado, tendo a calmaria como companhia
Vendo o rio ser lambido candidamente
Pelo sol e pela lua insistentemente
Também ser beijado
Pela chuva e pelo orvalho
Então, se não, não mais que de repente
O inesperado. Tive que atravessá-lo
Tentei negá-lo veementemente
Com chances ao contrário ausentes
Tinha que ser, era chegada à hora,
Da partida, sem demora
Entrei no rio, o conhecido, desconhecido, estranho
Não conseguia dimensionar seu tamanho
Tudo escuro, turvo, meio vermelho
Fechei os olhos, em meio ao turbulento
Barulhento. Rio estranho.
Minha única certeza era que
Minha memória ia se apagando
Apenas vestígio, remota lembrança
O que me dava esperança
Era a idéia de que
Eu que havia pedido
Para sentar-me a beira do rio.
Fui levado, empurrado, até o outro lado
Tive medo, chorei, apanhei
Do outro lado margeando as margens
Gente estranha. Outras paragens
Não tinha como fugir, partir
Havia de resistir, uma vez que...
Afinal, nasci