Semco S/A – muito além de simples empreendedorismo

*Heráclito Ney Suiter 

Resumo:

                          No presente trabalho, foi pesquisado na rede mundial de computadores um exemplo real de empreendedorismo e, a partir daí, feita uma analogia do mesmo com base nos ideais dos três principais teóricos do empreendedorismo. A empresa escolhida para esta pesquisa foi a Semco S/A, empresa nacional que atua em diversos setores do mercado nacional e internacional, que revolucionou o sistema de gestão através de um modelo participativo implantado por Ricardo Semler, seu atual dirigente.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Semco S/A. Gestão Participativa. Teoria do Empreendedorismo.

 

Resumen:

                          En este estudio, se realizaron búsquedas en la World Wide Web un verdadero ejemplo del empreendedorismo y, después, hizo una analogía de la misma en los ideales de los tres principales teóricos de la iniciativa empresarial. La empresa elegida para esta investigación fue Semco S / A., Una empresa nacional que opera en diversos sectores del mercado nacional e internacional, que ha revolucionado el sistema de gestión a través de un modelo participativo implementado por Ricardo Semler, su actual líder

 

Palabras clave: Empreendedorismo. Semco S / A Gestión participativa. Teoría  El espíritu empresarial.

 

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* Pós-graduado em Direito Ambiental e MBA em Gestão Ambiental pela Facimab – PA; Environmental Auditing for the IEMA – UK; Pós-graduando em Comunicação em Crise de Instituições Públicas e Privadas pelo Instituto AVM – BSB – DF; Autor do livro O conflito entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental; Acadêmico do 5º período do curso de Comunicação Social – Jornalismo do Centro Universitário UnirG.


 

1 Introdução

            O presente trabalho de pesquisa tem por objetivo a implementação da avaliação P1 da disciplina Gestão de Empreendimentos de Comunicação, ministrada pela Professora Mestranda Sejane Brito Ribeiro no curso de Comunicação Social/Jornalismo do Centro Universitário UnirG. 

            Ao analisar a proposta de se fazer uma analogia entre as principais teorias do empreendedorismo e um caso real, optamos em elaborar um estudo sobre a empresa Semco S/A pelo trabalho de reengenharia desenvolvido por seu dirigente, Ricardo Semler. 

            O primeiro critério de escolha partiu da proposta de se fazer um trabalho relacionado a um case de empreendedorismo ocorrido em nosso país. Após um levantamento entre vários empreendimentos dignos de serem retratados como Hering, Sadia, Perdigão, Bombril, Grupo Pão de Açúcar, Casas Bahia, entre outros, optou-se por escolher uma empresa que embora o seu brand equity ainda não tenha chegado ao ápice - se comparado a outras grandes marcas que citamos -, vem despertando atenção no mundo corporativo nacional e internacional pela dinâmica diferenciada em sua gestão de pessoas.

 

2 Breve histórico sobre a Semco S/A

            A Semco S/A é uma empresa brasileira com sete subsidiárias nos setores de serviços, maquinários e softwares. Tem como diretor desde 1980 o advogado e administrador Ricardo Semler, atualmente um dos consultores mais requisitados por grandes empresas como GM, Discovery Channel e NASA.           

            Escritor do best-seller Virando a Própria Mesa, Semler já tornou conhecido mundialmente pela forma inovadora como conduz seu empreendimento. Sua principal ênfase é nas pessoas, peça principal de um negócio de sucesso, e com certeza uma das principais habilidades que deve ter um grande empreendedor. 

            A Semco era uma empresa do tipo de administração familiar que caminhava para falência por persistir em dar continuidade em método e processos obsoletos e ultrapassados. Seu pai, Antoni Curt Semler, um engenheiro austríaco, fundou a Semco em 1953 com atividade principal na construção de centrífugas para indústrias de óleos vegetais. 

            A partir da década de 60, com a expansão da indústria naval brasileira, passou a produzir bombas hidráulicas, bombas de carga, eixos e outros componentes. Manteve o monopólio desse mercado até 1980, quando na ocasião chegou a equipar 70% da frota naval produzida no Brasil.   

            Com o falecimento do pai, Ricardo, por falta de interesse por parte de seus irmãos assume a direção da Semco, cujo panorama era caótico e caminhava para a falência. A empresa só atuava no ramo industrial naval com um número muito restrito de clientes, os estaleiros. O administrador passou a diversificar sua atuação, adquirindo licenças para fabricação de produtos de empresas conhecidas internacionalmente como a Philadelphia Mixer e a Littleford Day. Com essa iniciativa, passou a produzir misturadores para as indústrias química, farmacêutica, alimentícia e de mineração. 

            Em uma segunda fase, a Semco ampliou seu leque de diversificações adquirindo subsidiárias de empresas estrangeiras em vias de abandonar o mercado brasileiro: Baltimore AirCoil, Hobart e Flakt. Com isso, já em  1984, a Semco passou a fabricar também equipamentos de refrigeração industrial, sistemas de ar condicionado, processadores de alimentos e higienizadores para cozinha industrial. 

            Ainda em meados da década de 80, Ricardo Semler desenvolveu uma administração centralizada e funcional que era executada por quatro unidades de negócio: Unidade Naval, Unidade de Equipamentos Industriais, Unidade de Refrigeração e Unidade de Bens Duráveis. Aplicando o conceito de unidades de negócios, trouxe mais liberdade e responsabilidade para todos os gestores e colaboradores. 

            No início dos anos 90, diante dos efeitos da globalização, a Semco passa por um novo processo de reestruturação, dessa vez concentrando-se em áreas nas quais se destaca, dando também início a empreendimentos inovadores, através de parcerias internacionais: Semco ERM Brasil – engenharia ambiental; Cushman & Wakefield Semco – gerenciamento de patrimônio e consulta imobiliária; Semco Johnson Controls – gerenciamento de plantas industriais, supermercados e lojas de departamentos e Semco RGIS – serviços de inventários informatizados, voltados para as grandes redes de varejo.

            Na entrada do novo milênio, Ricardo Semler volta a inovar criando novos empreendimentos:  Semco Ventures – especializada em prospectar e desenvolver novos negócios; Semco Mobius – arquivos de documentação integrados e sistemas de recuperação; Semco Manutenção Volante – manutenção, cujo diferencial é atuar de forma não fixa, em todo o território nacional; Semco Exult ( a Exul que faz a parceria com a Semco é a líder e pioneira mundial no mercado de terceirização de serviços integrados de Recursos Humanos0.

            Atualmente o grupo conta com mais de 2.200 funcionários, administrados por um colegiado formado por alguns diretores corporativos e o titular de cada unidade de negócio.

  

            2.1 O modelo de gestão da Semco

            De forma inovadora, o modelo de gestão adotado por Ricardo vem chamando bastante atenção por ser completamente fora dos padrões convencionais que o mundo corporativo vem adotando ao longo de anos, mesmo que com inovações. Atualmente a Semco é uma das empresas mais cobiçadas no mercado de trabalho pela sua filosofia moderna:

            1. ORGANOGRAMA – a empresa não usa organogramas formais, lá só pode liderar quem tiver o respeito dos seus liderados. Quando se é necessário, ele é feito a lápis, de forma temporária;

            2. CARGO – tanto faz ter um cargo pomposo ou simples. O mais importante é fazer com que as pessoas aprendam sempre mais, e se tornem polivalentes;

            3. ROTAÇÃO – as pessoas mudam de cargo e de área de tempos em tempos. Além de estar sempre motivando os funcionários, eles sempre estão aprendendo algo novo; 

            4. LIBERDADE – total liberdade, seja de falar, agir ou se expressar. As portas estão sempre abertas a todos; 

            5. APARÊNCIA – a boa aparência não influencia em nada na empresa. Cada um tem o bom senso para se vestir da maneira que quiser;

            6. AUTORIDADE – pressões, medo, gritos ou qualquer tipo de desrespeito são considerados incapacidade de liderança, insegurança ou mau uso da autoridade;

            7. HORÁRIO – cada um planeja e faz o seu;

            8. FÉRIAS – a Semco faz com que todos tirem férias, pois além de não existir ninguém insubstituível, faz muito bem para a saúde;

            9. AVALIAÇÃO – todos são avaliados por todos. O líder avalia o colaborador e vice-e-versa;

            10. AMBIENTE – pinturas de paredes, máquinas, plantas ou decoração da área de cada um são decisões que podem e devem ser tomadas pelas pessoas que trabalham no local;

            11. SEMCOPAR – nada mais que é o Programa de Participação nos Lucros. Todo o semestre, cada unidade ganha um cheque, que é entregue a um fundo administrador por pessoas eleitas pelo voto direto, que decidem o destino do dinheiro;

            12. NOSSAS PESSOAS – todos são tratados por pessoas, que compõem uma ou mais equipes. Termos como “funcionário”, “empregado”, “subordinado” e outros, não são usados na Semco;

            13. INFORMALIDADE – festinhas no final do expediente, entrada em reuniões aonde não são chamados e outras formalidades, são comuns na empresa;

            14. ORGULHO – os sentimentos de orgulho e de satisfação existem em todos os membros das equipes. 

            Responsável por um faturamento anual em torno de 160 milhões de dólares, conta atualmente com 13 executivos principais e Ricardo Semler trabalha em casa, dando liberdade e autonomia para todos de sua equipa nos processos decisórios. 

            Recentemente a mais nova inovação dói empreendedor é o escritório não territorial, que segundo Semler compreende em juntar em um mesmo espaço grupo de trabalho multiprofissional, formado por profissionais de diversas áreas para trabalharem juntos, lado-a-lado. O novo local de trabalho, não é fixo, podendo ser inclusive em casa ou em ambientes disponíveis no prédio-sede.

 

3. O caso Semco e as teorias do empreendedorismo 

            Diante das ações empreendedoras de Ricardo Semler a frete da Semco S/A podemos citar várias características empreendedoras consoantes com as clássicas teorias do empreendedorismo, que serão pontuadas a seguir.

             Para o teórico e economista Richard Cantillon há uma diferença entre ser empreendedor e ser capitalista. Segundo teóricos mais recentes como Robert Young, o empreendedorismo não está presente no ato de se investir em novos empreendimentos.   

            A primeira vista, com base na teoria destes cientistas, o dirigente da Semco não poderia ser considerado um empreendedor, mas, em uma analise mais aprofundada, notar-se-a que as aquisições e parcerias da empresa vieram de encontro com tendências de mercado futuro e, nesse caso, encontrar novos nichos de mercado e soluções para enfrentar a dinâmica do mercado na contemporaneidade, advindos como a globalização, não é uma atividade que um simples investidor conseguiria apenas com sua visão e experiência no mercado financeiro.           

            Para o economista austríaco Joseph Schumpeter, empreendedor é todo aquele que consegue destruir padrões antigos, substituindo-os por outros de maior eficácia e produtividade, e diante dessa definição, não há dúvidas que Semler é de fato um empreendedor fenomenal. Ele desenvolveu uma forma diferente de prestar alguns serviços oferecendo produtos de qualidade em um momento oportuno no mercado e com inovações significativas, principalmente em novas metodologias de trabalho com sua equipe. 

            Mesmo na visão economicista dos teóricos clássicos do empreendedorismo, nota-se que Ricardo Semler é de fato um empreendedor além do seu tempo, visionário. A forma como Semler administra o grupo Semco, com foco no indivíduo, nas pessoas, deve ser o centro das atenções em um mundo cheio de novas tecnologias de informação. 

            A competitividade e o sucesso na área empresarial dos dias atuais só são alcançados quando o ‘Capital Intelectual’ é utilizado de forma eficiente, indo além da simples utilização do conhecimento, da experiência e da especialização. O empreendedor deve harmonizar esforços individuais ou coletivos e ser capaz de criar algo novo e criativo.

            O empreendedor da Semco se encaixa perfeitamente em todas os aspectos e conceitos que possam identificar ou classificar um administrador além do seu tempo, a própria criação de uma Corporate Venturing como uma de suas diversificadas atividades já é a mostra suficiente para atestar o seu perfil.

 

4. Bibliografias

            4.1 Livros

  • DEGEN, Ronald Jean. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: McGraw-Hill, 1989.
  • GERBER, Michael E. O mito do empreendedor: como fazer de seu empreendimento um negócio bem sucedido. São Paulo: Saraiva, 1996.
  • Hashimoto, Marcos. Espirito empreendedor nas organizações. São Paulo: Saraiva, 2005.

 

            4.2 Internet

  • http://pt.wikipedia.org/wiki/Empreendedorismo, acessado em 10.11.11 às 19h30 min.
  • http://exame.abril.com.br/negocios/video/grandes-lideres/grandes-lideres-os-metodos-alternativos-de-contratacao-da-semco, acessado em 11.11.11 às 23h11min.

http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/ricardo-semler-o-maior-reengenheiro-do-brasil/10262/, acessado em 11.11.11 às 19h35min.