Geralmente não recorro à utilização de frases feitas. Não porque não goste ou não concorde com elas, mas sobretudo porque quero sentir o gosto de ser eu a fazê-las, pois só desse modo posso fingir tocar o prazer completo da eloquência.

Se a atividade do falar tem como função comunicar, e a comunicação pressupõe necessidade de entendimento, então é fundamental que o que dissermos seja sempre de alguma forma a exteriorização do que sentimos. Desse modo proferir frases feitas (proferi-las) será dizer mais de quem as fez do que de quem as vocaliza.

É que, a atividade da linguagem deve prender-se com o sentir. A vocalização sem sentimento é mero flatus voices, e dessa forma um sopro insensível, frio e sem vida.

Recorrermos a elas é creditar nos outros o sentido do que é dito, abdicando desse modo do que nos deveria ser mais íntimo. O dizer como forma original do sentir.