Se não tem tainha, que comam linguado.

A história costuma nos lembrar de alguns, em razão do que falam e do que fazem. Séculos passados, a França vivia um completo caos econômico: corrupção, injustiças, politicagens, favoritismos e etc. Os que estavam no poder tinham luxuosos castelos, inúmeros servos e carruagens, a gastança e as festanças eram generalizadas, o governo era alheio ao clamor e a situação miserável do povo. Conta-se que, em determinado momento, a rainha Antonieta cobrada pela falta de pão por seus súditos disse: “se o povo não tem pão, que comam brioches”!

Por sua vez, este ano, o líder politico da pequena Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, ignorando a fome, a miséria e a corrupção que assola a seu povo, optou vergonhosamente, por patrocinar o carnaval da Beija-flor de Nilópolis.

Estas hipóteses retratam com exatidão o momento politico em que vivemos, no qual o governo insensível ao sofrimento e ao clamor do povo, diz besteiras e patrocina a corrupção. Nem mesmo as recentes e constantes manifestações populares foram capazes de sensibilizar um governo cego pela ganância de poder.

O moderno canto das sereias, do qual nem mesmo Ulisses amarrado em sua nau poderia se livrar, constitui-se de um aglomerado irracional de medidas pueris, inócuas e politiqueiras produzidas pelos mesmos marqueteiros políticos da campanha eleitoral, pois não possuem qualquer cientificidade ou fundamentação teórica.

Neste cenário, destaca-se o ativismo civil por meio dos movimentos sociais que possuem legitimidade constitucional, pois todo poder tem seu gênesis no povo. Os atuais movimentos sociais questionam a legitimidade democrática do governo, a mercantilização do poder e da justiça, a falta de capacidade técnica, politica e institucional do governo para comandar e conduzir o Brasil. A má politização da igualdade, da educação, da saúde, da economia e, sobretudo da justiça constitucional nos conduzirá por um período de quatro anos de vacas magras, durante o qual, se o medíocre governo conhecesse Joinville certamente diria: “se não tem tainha, que comam linguado”.