SAUDADE

Eu tenho saudades de tudo que vivi e quiçá também do que me propicio viver,

Dos cheiros, das vozes, dos cantos e mares.

De tudo que conheço e ainda do que pretendo conhecer.

Saudades de amigos que nunca mais vi, e dos que ainda não conquistei,
De grandes pessoas com quem não mais cruzei e ou falei, de paisagens que conheci e outras que mesmo sem conhecer já vivi.

Sinto saudades da minha infância,
Do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro,
Do penúltimo, e daqueles que ainda vou vir a ter,
Sinto saudades do pretérito e da melancolia até mesmo do presente, por não aproveitado tudo.

Contudo, não vivo do passado, aposto intensamente em meu futuro.

Sinto saudade de minhas perdas e dos ganhos que com certeza lograrei.

Também utopizo a saudade de sentir saudade.

Sinto saudade de você, do seu cheiro, do seu jeito de ser, de nossas brigas e de nossa história.

E lógico sinto saudade de casa, da minha Bahia e de tudo que esta representa para nós. De nossa baianidade ao cantar, ao amar, ao eternizar, ao enfeitiçar com nossos encantos, do nosso molejar, do nosso mulecar e de tudo que ela oferta e vive a nos ofertar.

Poderia senti saudades em várias línguas e acentos

Entretanto, por ter nascido brasileiro e nordestino,

Só sei senti saudade brasileira, abaianada, a gritante, apimentada, adendezada, arretada e corrosiva que arde, maltrata, mas que sem ela, o valor do senti e não teria valor.

Também sinto saudades dos que não puderam me dizer adeus,
Dos que transitaram a mão contrária da minha vida e coração, dos alegres e tristes, do povo sofrido e feliz, dos baianos, potiguares, cearenses, pernambucanos, cariocas, enfim, do Brasil ou melhor Brasilis e  por tudo isso, a saudade é algo que defendo juntamente com o nosso direito de nos  nostagiarmos  para que  este sentimento esteja sempre em nosso meditar.

Por: César Ely.