O sol parece se por mais lentamente, talvez por curiosidade para testemunhar o que está por vir. O vento varre a terra que parece ainda mais seca. Ao bel prazer do vento, galhos e folhas se amontoam e rolam como se tivessem vida própria. Amarrados próximos aos cochos, cavalos relincham nervosamente, esquecendo-se até mesmo da fome e da sede. Mulheres recolhem os pequenos das ruas, tratando de fechar as portas das velhas casas de madeira.

Alguns homens determinados a não testemunhar nada, se recolhem ao Sallon e se refugiam em grandes doses de uísque sem gelo. O homem do bem está só no centro da rua, com alguns poucos curiosos semi-abrigados nas colunas de madeiras das poucas edificações da única rua onde em breve haverá o duelo. O suor desce aos cântaros pela testa do homem, que parece sequer piscar. O chapéu ajeitado sobre os olhos serve para melhorar a visibilidade contra o sol.

As mãos tensas acariciam, vez ou outra, ambas as armas, prontas para uso, caídas nos coldres entrelaçados na cintura. Na outra extremidade caminham a passos lentos três homens bem armados e atentos, seus rostos personificam o mau. A tensão aumenta a medida que os passos do bem e do mal se convergem para um ponto mais próximo um do outro e qualquer sinal, o tiroteio será fatal...

E é o que acontece: tiros, gritos, sangue nas grossas camisas surradas. A rapidez do mocinho impressiona, três tiros fatais nos respectivos peitos dos homens maus, contra apenas um tiro de raspão em seu ombro esquerdo... A comunidade parece respirar um pouco aliviada...

A legenda sobe até chegar ao The End, desligo a televisão. Da minha janela continuo escutar tiros ao longe e imagino então duelos da vida real onde não há roteiros e nem sempre o lado do bem vence... É, infelizmente, este é o mundo real.