SALVANDO OS ANIMAIS
Por Henrique Araújo | 15/12/2009 | ContosSALVANDO OS ANIMAIS
Aconteceu no mês de fevereiro. Sim, fevereiro. Fevereiro de l997. Época de chuva. Época de chuva, de rio cheio, de piracema. Os animais estão todos cheios, todos fartos. Comida e água pra todo lado. Mas, apesar da fartura, os animais também têm seus problemas. Problemas criados pelo homem.
Pois bem! De repente o homem resolveu construir uma usina hidroelétrica, mesmo já tendo muitas delas no país. Resolveram fazer mais esta uma. Esta uma que fica no Estado de Goiás.
Tudo pronto, a obra começou a subir. A barragem tomava rumo. O rio foi desviado para dar melhor andamento na obra. Pronto! Os serviços de drenagem começaram e o rio aos poucos começou a voltar ao leito normal. Com a barragem, a água começou a fazer um grande lago. Foi convocada a polícia, o pessoal do Ibama, o corpo de bombeiros para recolherem os animais silvestres e colocá-los em lugar seguro a fim de que não morressem afogados.
O trabalho começou lento e progressivo. De vez em quando um tatuzinho aqui, um veadinho acolá. Todos eram recolhidos e colocados em caixotes e sacos para que eles não saltassem na água.
A tarefa era árdua e dificultosa. Trabalhar com animais domésticos já é difícil, imaginem com animais selvagens, mas a luta continuava.
O lago subia e o barco do corpo de bombeiros percorria as novas margens a procura de animais. Os que sobem em árvores, procuravam os pontos mais altos. Se não aparecesse ninguém para pegá-los, morreriam. Por isso no topo das árvores foram encontrados muitos animais como jaguatiricas, preguiças, macacos, cobras e outros. Os que não sabem subir em árvores, nadam um pouco e se não forem socorridos, acabam morrendo, pois se cansam logo. Com isto recolhe-se muitos tatus, veados, lebres e outros.
No topo de uma árvore encontraram uma jibóia enorme. Estava enrolada nos galhos e não estava fácil retirá-la de lá. Foi preciso ganchos, vários homens e força bruta para arrancá-la de lá.
Terminado o serviço, logo a seguir encontraram outra cobrinha. Uma cascavelzinha de mais de um metro de tamanho. Com esta a situação era um pouco diferente. É um bicho mortal. Uma picada da cobra e a pessoa pode ir visitar São Pedro mais cedo. Como havia pessoa especializada no grupo, a captura parecia ser mais fácil. No barco havia 7 soldados do corpo de bombeiros e um zootecnista responsável pela captura dos animais. Um bombeiro veio ajudar o técnico e os outros foram lá para o fundo do barco por...por precaução. Conseguiram laçar a cobra e segurá-la com o gancho. Assim presa o técnico pegou-a com a mão e desprendeu-a da árvore. Em seguida os dois foram remanejando-a com a vara até a boca do saco onde ela seria presa. Como era muito grande e pesada, a tarefa ficava extremamente difícil. Foi assim até que conseguiram jogá-la junto da boca do saco. Achando o técnico que ela iria cair dentro do saco, abriu a argola do gancho e ela caiu livre dentro do barco e não no saco. Foi a questão da cobra cair no barco e os 7 soldados caírem na água. Só o técnico ficou no barco, assim mesmo numa ponta do barco e a cobra na outra ponta. Que fazer agora? Que soldado voltaria ao barco? Por enquanto nenhum, pelo menos enquanto a cuja estivesse lá esperando para dar uma picadinha. Não tendo outra saída, o técnico, com uma vara especial,acabou jogando a cobra na água do outro lado do barco. Os valentes soldados retornaram a seus postos de defensores, enquanto a cobrinha saía nadando rumo a qualquer parte seca. Se os soldados foram atrás da peçonhenta, ninguém ficou sabendo.