SAIR DE CENA

                Gosto de poder ir. Viajar para destino escolhido e viver cada detalhe do novo velho desconhecido. Poder. Posso! Posso escolher o que levar, o que trazer, o que deixar.

                Chegar, ver gente nova, inusitada dentro do papel de ser gente. Pessoas únicas: perfeitas e repletas de imperfeições; imperfeitas e repletas de perfeições.

                Paisagens se tornam cenas, imagens são repletas de cores, os sabores da terra passam a fazer parte de minha biografia, íntima, indecifrável, cheia de histórias entranhadas na molécula principal de cada uma de minhas células.

                Andar sem compromisso, pisar na grama, ficar na cama, sair dela sem rotina a seguir. Tornar-se melhor após a parada, ainda que curta, breve. Fruto maduro, flores tratadas, doces caseiros, bibelôs para quem ficou. Qualificar e requalificar energias estagnadas.

                Vestir ou não vestir, calçar ou não calçar, pouco ou nenhum compromisso. Sem correria na agitação do dia a dia, sem a asfixia urbana. Deixar que nas ruas passem os apressados a sua frente, sem ter que seguir o fluxo.

                Dias chegam, dias vão. Que bom poder estar onde se está. Dias passam formando nova rotina...

                Que bom poder voltar!