Acredito que nascemos para deixar marcar por onde passamos. O primeiro desafio para concretizar esta marca, consiste em refletir a respeito do senso comum, pois ele leva as criaturas a não fazer o uso refletido da razão e, acaba condicionam a aceitação mecânica e passiva, tanto de valores, como das atitudes e ações, muitas vezes repassadas, sem criticas.

De fato, convivemos na sociedade que não quer pensar, me perdoem, mas a hipocrisia parece ser a marca registrada de nosso povo, aceita tudo de forma pacifica e sem pensar, passa ano, entra ano, eleição e mais eleição e vivem ‘tapados’! Eis as benesses do senso comum que os dominantes aplaudem, a imprensa se orgulha e os lobos vestidos com pele de cordeiro encantam-se.

Na verdade, iremos sair desta imbecilidade quando chegarmos ao bom senso, mas ele requer alguns pré-requisitos, ou seja, ele não virá de graça, precisa preparo que consiste, primeiramente em ter a mente aberta, preocupando-se com sua elaboração, reflexão e coerência para que as intenções conscientes dos indivíduos que agem com liberdade, possam ser transformadoras, pois estes se tornam seres ativos, capazes de criticar e ser donos de si mesmos.

Estes indivíduos que passam a agir com o bom senso, começam a ter consciência que não são ‘Maria vai com as outras’ ou o ‘João sem razão’, eles ao sair da condição de ‘cegueira’ (senso comum) reelaboram sua concepção de mundo e de posição frente a tudo que acontece e conforme sua realidade concreta sabe que precisam interpretá-las e transformá-las.

Estes corajosos sabem que não é fácil fazer esta transposição, mas eles têm a consciência que este é o caminho seguro para conquistar a autonomia e ser dono de sua própria experiência. Estes sabem também que esta passagem do senso comum para o bom senso não se faz de maneira espontânea, pois ter a consciência que o senso comum é ingênuo e acrítico e permeado de ideologias, não é tarefa para qualquer um.

Muitos filósofos, desde a Grécia Antiga alertaram para se usar a razão. Sócrates, Platão e Aristóteles e tantos outros deixaram grandes contribuições, alertando a importância do uso pleno da razão. Em todo o contexto da evolução da filosofia, tivemos diversos pensadores apontando como saída para o ser humano, deixar de lado o senso comum.

Particularmente, gosto das considerações do filósofo Gramsci, ele que foi preso a mando de Mussolini, mas que mesmo na prisão escreveu as famosas Cartas do Cárcere, onde deixou impregnado seu ensinamento para as criaturas viver no bom senso. Gramsci afirmou que quando o ser humano consegue pensar e refletir a respeito do mundo que vive, ele se torna um filósofo, adentrando no bom senso.

Estamos sedentos por jovens, adultos e idosos que deixem o senso comum e, com a mente aberta e com esforço cheguem ao fascinante contexto do bom senso. Este é um dos caminhos para o nosso país sair deste marasmo que se encontra. Se nosso povo não acordar e não se esforçar para sair do senso comum, em sete de outubro nada mudará! Acorda meu povo!