Saci Escrivão - Sociedade dos Observadores dos Sacis

Por Milton Biagioni Furquim | 31/07/2024 | Contos

Saci Escrivão - Sociedade dos Observadores dos Sacis

Saci escrivão

 

Prezados amigos da SOSASI,

 

Saudações!

Sou pessoa maior, capaz e em perfeito juízo de minhas faculdades mentais. Sou escrevente notarial e, portanto, exerço uma das profissões mais antigas da humanidade. Antes mesmo da invenção da escrita o homem vem procurando formas de perpetuar os fatos, os atos, o conhecimento, etc.

 

Como não poderia deixar de ser, entre tantos documentos que passaram por minhas mãos em mais de vinte anos de profissão e estão registrados em livros notariais, o encontro que tive com a SOSACI vem possibilitar e divulgar a arte da observância e preservação dos sacis e seus amigos.

 

Quero deixar claro que não sei por qual motivo eles fazem parte do folclore brasileiro, pois são seres vivos, uma realidade entre nós.

 

Já, conta minha mãe, num pequeno sítio em Santa Branca, situada no Vale do Paraíba (interior de São Paulo), meu bisavô mantinha um sacizeiro (não sei se é o termo apropriado); entretanto, amplo, muito bem arejado, protegido do frio e – mais importante, sem portas. Lá nossos amigos encontravam tudo de que precisavam, a exemplo: frutas, mingau de fubá, café fraquinho e fumo de corda.

 

Enfim, gostaria de poder participar desta sociedade que poderá me dar o suporte necessário para, afinal, conseguir provar para os incrédulos que Saci e cia. existem sim. Se eu conseguir convencer meu filho (hoje está com dez meses de vida) já vai ser uma vitória e um belo começo!

Waldomiro Nogueira de Paula

XXº Tabelionato de Notas de São Paulo – SP

Bençãos e Luz!

Guaxupé, 01/07/24

Milton Biagioni Furquuim

Conheçam a Sociedade dos Observadores de Saci

 

 

Viva o Saci, mascote do povo na Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

 

POR MOUZAR BENEDITO* (Nova Resende)

 

Parece óbvia a pergunta, a Fifa, todos sabemos, já escolheu o tatu-bola que, coitado, recebeu um nome pra lá de infeliz, Fuleco. Ele está escolhido e pronto, não é?

 

Não, não é. O Fuleco é mascote da Fifa. Não vi até hoje o coitado ser tratado como mascote pelo povo.

 

E o povo tem razão: não fomos nós que o escolhemos. Seus aparecimentos nos gramados são burocráticos e sem graça, sem aplausos, sem ganhar a simpatia de ninguém.

 

O Fuleco é mascote dos bastidores, da manipulação de grana, dos burocratas.

 

 

Saci, o mascote do povo

 

Tenho ouvido muita gente declarando apoio ao Saci para ser mascote. Mas mascote do povo, não da Fifa.

 

Deixemos que o Fuleco compareça aos estádios junto com estrangeiros e com brasileiros que têm grana pra ir lá. Nos bares, em casa, nas reuniões de amigos para assistir aos jogos, o Saci há de ser o escolhido e comemorado.

 

Nós o havíamos indicado, com um monte de justificativas. Relembro algumas:

 

- Ele é de origem indígena, tornou-se negro e “ganhou” o gorrinho mágico presente em muitos mitos europeus, então é uma espécie de síntese da formação do povo brasileiro, que é uma mistura desses três grandes povos, além dos orientais que vieram pra cá quando a figura do Saci já estava pronta.

 

- Ele é negro, como a maioria dos nossos jogadores de futebol, e essa negritude, num país que não superou o racismo, é importante como símbolo de uma luta por igualdade. É também perneta, o que representa outra bandeira de luta nestes tempos que se fala tanto de inclusão. Além disso é e pobre, não tem nem roupa, e mora no mato. Com três motivos para ser “infeliz”, ele é gozador, brincalhão, aprontador, divertido. Enfim, um brasileiro autêntico, dos bons.

 

- Ele é um ser libertário. Uma das lendas sobre a perda de uma das pernas do Saci é que quando se tornou negro ele foi escravizado por um fazendeiro e era mantido à noite, na senzala, preso a um tronco por uma perna, com grilhões. Uma noite, ele cortou a perna presa e fugiu: preferia ser um perneta livre do que um escravo de duas pernas.

 

- Hoje em dia fala-se tanto em ecologia, proteção e recuperação do meio ambiente... E aí está o Saci de novo, como protetor da floresta.

 

- Ele é popular, conhecido de todos os brasileiros, e existem desenhos dele feitos por um montão de gente, e até as crianças o desenham e se divertem com ele. Aí está um motivo para ele não ser o escolhido da Fifa: não dá lucro aos mercenários do esporte. Inventaram uma mascote (nada contra o tatu-bola) e registraram três nomes como marcas pertencentes à Fifa para depois anunciar a escolha e pôs os três nomes em votação pela internet, os três horrorosos. Nem ao menos tiveram a dignidade de deixá-lo com seu próprio nome, tatu-bola. Virou Fuleco.

 

- O Saci faz parte da nossa cultura popular e, se fosse “eleito”, seria assumido pela população, ao contrário do tal Fuleco, pra quem todo mundo torce o nariz.

 

Então, repito, vamos torcer para que se realize no Brasil uma bela Copa do Mundo, apesar da submissão do país à Fifa, e que a seleção brasileira jogue bonito e vença. Mas protestando contra a corrupção, contra os desmandos da Fifa, contra a mercantilização do esporte e contra tudo de ruim, todas as tramoias que tentam nos enfiar goela abaixo. E festejando o que tem de bom: a alegria do futebol bem jogado e bonito, a nossa riquíssima cultura, o nosso jeito de ser e viver.

 

 

Que a Fifa reine em outras plagas. Aqui é Saci!

 

O Fuleco estará nos estádios superfaturados da Copa? Pois bem, nas ruas, nas praças que queremos que continuem sendo do povo, festejaremos com o Saci. Que cada um o desenhe, pinte, faça escultura dele com sua arte e sua criatividade, não tem que ser “um” Saci oficial, imposto. Muitos cartunistas devem oferecer criações bem-humoradas do Saci Mascote, para serem usadas por quem quiser. Mas quem não quiser nenhuma delas pode desenhar, pintar ou esculpir seu próprio Saci, o Saci do seu grupo, da sua turma.

 

Os Sacis são democráticos. Ninguém vai pagar royalties em nome dele.

 

Enfim, viva o Saci, mascote do povo na Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

 

Não nos submeteremos a nenhum império. Que a Fifa vá reinar em outras plagas!

 

*Mouzar Benedito, mineiro de Nova Resende, é geógrafo, jornalista e também sócio fundador da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci). Confira seu blogue aqui

 

Milton Biagioni Furquim