Conforme Paulo Freire, no seu livro "Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente", homens e mulheres são seres históricos e inacabados, em constante aprendizado.

Os saberes necessários para a prática educativa da docência devem mudar na concepção sobre a educação de não concebê-la como uma educação bancária, uma vez que o educando, ao receber inúmeras informações, não vai poder ser um depósito educacional do educador.

Porém, o educador, no seu mister, deveria proporcionar ao educando a interação do conhecimento, a fim de a educação ser libertadora e emancipatória.

As lições freirianas no livro, então, resumem-se nos seguintes aspectos: 1) que ensinar exige rigorosidade metódica a pensar certo a respeito dos conhecimentos e a certeza da finalidade de estar aberto e apto a busca do conhecimento; 2) que ensinar exige pesquisar; 3) que ensinar exige respeito dos saberes dos educandos; 4) que ensinar exige criticidade consciente de estimular curiosidade epistemológica e problematização do conhecimento do senso comum; 5) que ensinar exige estética com ética prática de valorizar, intervir, escolher e decidir; 6) que ensinar exige corporificação das palavras pelo exemplo; 7) que ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição de qualquer discriminação; 8) que ensinar exige reflexão crítica sobre a prática; 9) que ensinar exige reconhecimento e assumir a identidade cultural.

Logo, ensinar requer como novas exigências: a) consciência do inacabamento; b) reconhecimento de ser condicionamento no meio das condições reais de existência; c) respeito à autonomia do ser do educando; d) bom senso; e) humildade, tolerância e luta em defesa do direito dos educadores; f) apreensão da realidade; g) alegria e esperança; h) convicção de que a mudança é possível i) curiosidade.

Assim, ensinar é uma especificidade humana que precisa de segurança e competência profissional com generosidade, compromisso e compreensão de que a educação é uma intervenção no mundo, de que a autoridade se alcança pela liberdade, que a tomada de decisão deve ser consciente, que o saber deve saber escutar, de que se deve reconhecer de que a educação é ideológica, pois ela reproduz o discurso do sistema, no caso do capitalismo, o que, infelizmente, legitima a desigualdade.

Por isso que a pedagogia da autonomia deve disponibilizar-se para o diálogo e buscar em querer o bem dos educandos com uma afetividade que não assuste.

Ao analisar o livro, suas dicas pedagógicas e recomendações são inovadoras, fantásticas e até revolucionárias, no sentido de romper com a ideologia capitalista que se imbui na mentalidade da educação como se fosse acumuladora do conhecimento. 

O conhecimento em si não pode ser considerado algo acabado, mas em construção, em transformação, que estimula todo ser aprendente em ser protagonista da história.