A questão do saara marroquino deve conhecer novas fases, lembrando dos  tempos em que Ibrahim Ghali tomou fotos no pódio ao lado da delegação marroquina na margem da cúpula da União Africana em Addis Abeba, motivo dos campos de Tindouf reclamar a partida da liderança de Polisário, considerando os fotos Ghali e da delegação do Reino de Marrocos  como uma «nova vitória», chamando a atenção das mulheres e das crianças dos campos para protestar.

O que não se pode ignorar foi a ira dos moradores dos campos de Tindouf, determinados  a enfrentar o verdadeiro inimigo representado na liderança e a inteligência argelina que interfere para manipular o povo sarauí, diante de um jogo de obstrução da solução política  em torno do saara marroquino .

 Um novo acontecimento que surgiu pode mudar muitas  coisas nos campos, trata-se dos protestos que desafiam a liderança da Frente Polisário, após o povo descobrir a frente ser apenas uma imagem sem alma, desvia os protestos do povo a favor do Estado Argelino.

Desta vez, os protestos do povo de Tindouf não são sociais, nem distintos, o fato do Khalil  Ahmed Abreih panicou a liderança de Polisário, levantando a pergunta sobre o assassinato do Khalil Ahmed, cujo processo é muito complexo, a ser considerado como do Khashoggi, torturado e assassinado no consulado da Arabia Saudita, em Turkia ...

 O problema do Khalil Ahmed não deve ser esquecido,  apesar de faltar o apoio, assistência, tanto por parte de sua família, amigos ou parentes, bem como de alguns de seus ativistas que o acompanham ...

 No dia 09 de Janeiro 2019, o caso voltou a aparecer, se espalhou nos campos de Tindouf, a notícia da morte de Khalil Ahmad em uma das prisões da Argélia chamou atenção, esta notícia foi em breve, mas logo  explodiu a raiva nas fileiras da tribo Alrkibat Al Swahd, da qual pertence a victima.  Assim o fato  começou a tomar proporções e provocar uma reação, reclamando o cadavre e esclarecer o fato de forma digna.

 A preparação para receber o cadavre pela família,  levanta muitas interrogações latentes. O povo nos campos começa a procurar a saber sobre o que realmente aconteceu, como e por que? ...

 A raiva e a  tensão começam a se espalhar. Poucas dias depois da propagação da notícia da morte, sinais de revoltas nos campos se intensificaram, a liderança de Frente Polisário recorre a violência para acalmar a situação, tentando instrumentalizar estas notícia, desmentindo qualquer envolvimento com o caso da morte do Khalil, mas sem convencer sobre o seu verdadeiro paradeiro e destino...

 O sentimento de raiva e de protesto começaram a se propagar, o que pode provocar ondas de assassinatos e vinganças nas fileiras da liderança da Polisário,  o que preocupa pela primeira vez na história dos acampamentos, o estado argelino ...

 No entanto, o que acontece nestes dias nos campos de Hamada e Tinbdouf, sudeste da Argélia constitui uma máscara para várias interrogações, a primeira interrogação a levantar,  por que a Frente da Polisário fez ameaça a Ahmed Khalil é preso há dez anos, considerado um dos principais quadros da frente da Polisário, e ao nível do aparelho de segurança?

 Outra interrogação, Por que ele foi preso dias depois de sua nomeação por Mohamed Abdel Aziz, encarregado do dossié de direitos humanos? Por que a liderança da Polisário o entregou à inteligência argelina que o escondeu depois?

 Interrogando sobre se é a verdade é o que se diz sobre Khalil, por que foi considerado como uma caixa preta para a segurança e inteligência da Polisário, qual é o tipo do plano pretendido para a questão do Sara marroquino, por que tal plano encomoda os serviços de inteligência da Argélia?

Interroga-se  onde está Khalil, por que não revela o seu destino, vivo ou morto e se está  preso ou em um campo secreto da Argélia?

 São interrogações que impõem, resumindo o estado difícil do povo sarauí sob condições inmanas, o que foi revelado nada do que uma falta de gelo sobre o mar, uma vez que as profundezas do caso são as mais graves do que se imagina, e mais perigosas do que se sabia...

 O caso do  Khalil Ahmed e suas repercussões não devem ficar confinados à população dos campos de Tindouf. A comunidade internacional deve agir também para defender a justiça internacional e diante do caso do jornalista Khashoggi, victima de  um crime hediondo mobilizando toda a comunidade internacional, chamando assim para que o Estado da Argélia não esconde a verdade, responda  e esclareça  o caso da morte do sarauí Khalil.

 Por outro lado, deve ser uma oportunidade para abrir o dossié do Khalil Ahmed, envolvendo as violações dos direitos humanos nos campos de Tindouf. A comunidade internacional  deve ser interpelada sobre estas graves violações, das quais poucos se sabem…

Lahcen EL MOUTAQI

Professor Universitário- Rabat- Marrocos