Estágio X Primeiro emprego 

Começo dizendo uma definição usual de o que é ser aprendiz, segundo o “google”, aquele que apenas se iniciou em alguma aprendizagem; principiante, novato. Exatamente, novato, significa que precisa de um apoio para começar. O estágio, por sua essência é a prática profissional que realiza um estudante para pôr em prática os seus conhecimentos e as suas competências. É isso não nos convence que essas duas definições ajudam nossos futuros profissionais a se libertarem das amarras do destino que os aguarda: formado, porém sem emprego.

No Brasil, infelizmente quase 90% dos estudantes universitários não tem oportunidade para por em prática os conhecimentos teóricos de suas faculdades. A procura por estágios é um pré-requisito para que os alunos possam ingressar no mercado de trabalho, contudo, empresários, escritórios e grandes empresas não estão se importando com esses jovens e promissores profissionais. Não encontra nem estágios não-remunerados no mercado. É uma escassez total de oportunidades na fase inicial na busca de experiência prática. Não podemos esquecer que o Governo não facilita a contratação desses alunos acadêmicos, quer sejam remunerados ou não, tem toda uma questão burocrática que acompanha o processo de contatação desses novatos, seja por causa do seguro para estagiários ou mesmo incentivo fiscal para que ocorra tal evento nas empresas.

Entender as necessidades do mercado é abrir mão das experiências dos modelos arcaicos de contratação e processos falidos de testes psicotécnicos, os jovens precisam de uma oportunidade para de encaixar neste tão sonhado mercado de trabalho, por sua vez isso, se torna um pesadelo no momento que as portas não estão totalmente abertas para essa busca. O primeiro emprego é uma decepção, pois sem conhecimento prático, cai por terra toda a expectativa de um futuro promissor. Como encarar um emprego sem entender das ferramentas necessárias para um bom desempenho, pois sem qualificação, experiência é praticamente zero.

Fazer networking pode ajudar, mas não para a maioria, conhecer pessoas nem sempre ajuda o iniciante a ter prosperidade em uma empresa, atalha o caminho, mas não o deixa totalmente à vontade no quesito sucesso. Pegar atalho no sucesso de alguém, nos torna parasitas sociais, e isso é, praticamente um dos motivos que promove a depressão de muitos profissionais ao longo de sua carreira profissional.

A falta de oportunidades causa um caos nas relações de trabalho, cria profissionais frustrados e infelizes, é muito comum encontrar profissionais ocupando cargos inadequados à sua formação, na falta de opção, jovens recém-formados procuram ocupação fora de sua zona de formação como call center, varejo, empresas de transportes e outros, que nem exigem tanto qualificação. É uma triste realidade ver tantos talentos acadêmicos se tornarem escravos de uma política pobre e pouco empática, quando se trata de qualificação de mão-de -obra especializada.

Após a formatura, muitos desses jovens ainda com altas dívidas acadêmicas, mal conseguem pagar seus compromissos e despesas por falta de oportunidades.

O que nos faz pensar em como mudar essa realidade, como ajudar esses estagiários ou aprendizes a encontrar o equilíbrio entre a teoria e a prática. Como mudar essa visão tão assustadora desses jovens em relação ao futuro? Na faculdade não nos ensina a lidar com o fracasso, cria em nós uma mente empreendedora, capaz, forte, nos ensina que ao formar estamos prontos para o mercado, mas a realidade é outra, é um longo caminho a ser percorrido rumo ao sucesso.

Acredito que a realidade desses jovens seria diferente se as faculdades pudessem criar em um dos seus semestres, uma disciplina de convênios com empresas e escritórios, onde os Alunos pudessem em fase de laboratório por em prática os conhecimentos adquiridos e assim, ter uma experiência para a base curricular inicial, funcionaria como um treinamento prévio em tempo real, onde os jovens testariam os conhecimentos e os poria em prática, seria como uma partida inicial rumo ao sucesso profissional, um direcionador, como uma bússola acadêmica. As faculdades poderiam criar as empresas-júnior que seria o termômetro para testar os aprendizados destes acadêmicos. O fato é que não é de hoje, que as faculdades estão preocupadas apenas com números, lucros e pouco se importa com os Alunos que formam em suas instituições, o que é um erro fatal, pois o sucesso destes formandos ratifica o sucesso de ensino qualitativo desta faculdade, ao longo dos anos o ensino superior tornou-se mercadoria e não uma fonte de bons profissionais para o mercado profissional. Apostar em bons profissionais é levar o nome da faculdade para o ranking de melhor em ensino, o que não está sendo motivo de preocupação das mesmas, uma vez que, não se preocupa com o novo formando que solta à deriva no mundo desconhecido das incorporações e grandes empresas ou escritórios.

Este artigo termina com uma reflexão importante para as faculdades e empresas: Posso ajudar na formação prática dos novos profissionais acadêmicos?

Espero que no futuro próximo tenha menos faculdades com intuito lucrativo e mais com a visão educacional, capaz de criar raízes com os estudantes formados, que o nome da faculdade esteja alinhado com o sucesso de cada aluno que passou pelos seus campos do conhecimento acadêmico. Se algum Aluno for elogiado pelo seu sucesso, logo alguém vai emendar com uma frase que diz: “Em qual faculdade Você estudou?”.

 

Maria Aparecida de Freitas Rocha Vitório

Contadora e Professora