“Tendo Jesus entrado no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam; também derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores.” (Mateus 21.12-13).

 

A Bíblia diz no texto que lemos que Jesus, certa vez, com indignação em suas palavras, expulsou os vendedores do templo, derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombos no templo, dizendo que a casa de Deus havia sido transformada em covil de salteadores. Vamos nos aprofundar neste texto em entender o porquê das palavras de Jesus.   

Numa reflexão meticulosa entendemos o que Jesus quis dizer com essas duras colocações.

Para que serviam os cambistas e os vendedores de pombos no templo? Em Levítico 1.3-17 é ensinado que tipo de animais Deus receberia em sacrifício:

“Se a sua oferta for holocausto de gado, trará macho sem defeito; à porta da tenda da congregação o trará, para que o homem seja aceito perante o Senhor. E porá a mão sobre a cabeça do holocausto, para que seja aceito a favor dele, para a sua expiação. Depois, imolará o novilho perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, apresentarão o sangue e o aspergirão ao redor sobre o altar que está diante da porta da tenda da congregação. Então, ele esfolará o holocausto e o cortará em seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar e porão em ordem lenha sobre o fogo. Também os filhos de Arão, os sacerdotes, colocarão em ordem os pedaços, a saber, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que está no fogo sobre o altar. Porém as entranhas e as pernas, o sacerdote as lavará com água; e queimará tudo isso sobre o altar; é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. Se a sua oferta for de gado miúdo, de carneiros ou de cabritos, para holocausto, trará macho sem defeito. E o imolará ao lado do altar, para o lado norte, perante o Senhor; e os filhos de Arão, os sacerdotes, aspergirão o seu sangue em redor sobre o altar. Depois, ele o cortará em seus pedaços, como também a sua cabeça e o seu redenho; e o sacerdote os porá em ordem sobre a lenha que está no fogo sobre o altar; porém as entranhas e as pernas serão lavadas com água; e o sacerdote oferecerá tudo isso e o queimará sobre o altar; é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. Se a sua oferta ao Senhor for holocausto de aves, trará a sua oferta de rolas ou de pombinhos. O sacerdote a trará ao altar, e, com a unha, lhe destroncará a cabeça, sem a separar do pescoço, e a queimará sobre o altar; o seu sangue, ele o fará correr na parede do altar; tirará o papo com suas penas e o lançará junto ao altar, para o lado oriental, no lugar da cinza; rasgá-la-á pelas asas, porém não a partirá; o sacerdote a queimará sobre o altar, em cima da lenha que está no fogo; é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor.” (grifo do autor).

Se alguém fosse entregar um holocausto e essa pessoa fosse rica, deveria trazer gado; se fosse de classe média traria cabrito, mas se fosse pobre, deveria trazer rolinhas ou pombos.  Quando Jesus nasceu, seus pais entregaram um sacrifício comum aos pobres, ou seja, um par de rolas ou dois pombinhos (Lucas 2.24).

Já os cambistas eram necessários porque, quando as pessoas vinham ao templo, vinham de todas as partes da terra. Peregrinavam dias e mais dias, muitas vezes a pé. Trazer animais para sacrifício era perigoso. Os animais poderiam não chegarem vivos e poderiam atrasar a viagem. Os viajantes tinham que parar a fim de esperá-los pastarem ou alimentá-los. Então os adoradores vinham trazendo apenas dinheiro. Quando chegavam ao templo, compravam um animal segundo as suas posses e o conduziam para ser sacrificado.

Se, porém eles quisessem ofertar em dinheiro, iam aos cambistas e trocavam o dinheiro que traziam por moedas válidas em Jerusalém. Com isso estavam dando ofertas do seu melhor.

Porque então, Jesus quebrou as mesas e expulsou os que vendiam no templo?

Uma coisa aconteceu para Jesus agir assim: A mudança da intenção dos que vendiam. Com o passar do tempo, as pessoas que vendiam pombos, bois e cabritos não iam mais a casa de Deus para adorá-Lo, mas apenas para lucrarem com as vendas. Daí Jesus tê-los chamado de ladrões. Eles estavam roubando (modificando) os interesses pelos quais aquela casa foi construída, (a adoração a Deus). A única razão pela qual estavam lá era o comércio, os lucros, interesses pessoais. Estavam roubando a Glória que Deus deveria receber no templo.

Assim também hoje, muitas pessoas vão ao templo por muitas outras razões que não promovem a Glória de Deus!

Muitos quando não recebem oportunidade de cantar, orar ou pregar, saem do culto chateados com o ministro. Querem receber a honra de Deus para eles. Vão somente porque irão cantar, outras só porque vão tocar, outras porque vão pregar. Com isso muitas pessoas estão roubando o louvor de Deus. Pois não estão entrando no templo para adorar a Deus, mas somente para mostrar o seu produto: a música, o instrumento, a pregação, a oferta. Há pessoas que se não fossem cantar, pregar, tocar ou ofertar jamais apareceriam no templo! Nossas igrejas estão cheias de “roubadores de glória”.

Tenho visto pessoas entrarem na igreja com a motivação única de serem entretidas, de receberem glórias para si mesmas.

A principal razão para a existência da igreja é a adoração a Deus. Embora a evangelização seja importante para o crescimento da igreja local e, consequentemente para a glória de Deus, essa não é a maior razão da existência da igreja. Mesmo sendo a comunhão entre os irmãos uma das grandes dádivas do povo salvo, essa também não é a prioridade fundamental da existência da igreja. Talvez a maior confusão desta geração de cristãos seja esta: pôr como prioridade na igreja os serviços, a obra ao invés do Senhor da obra! Pois a razão principal pela qual a igreja existe, insistimos, é a adoração a Deus! Os artistas gospel estão dominando. Ao invés de fazerem da vocação seus estilos de vida fazem da vocação seu meio de vida. Vendendo seus dons, comercializando seus talentos, negociando suas vocações. Usando seus talentos não para glorificar a Deus, mas para construir um patrimônio glorioso para si mesmo.

Um perigoso sintoma da síndrome de Lúcifer surge nesse cenário. Roubadores de glória são, na verdade imitadores de Lúcifer. O antigo querubim ungido quis uma glória que só cabia a Deus receber. Asseguremo-nos de não estarmos buscando uma glória que não é para nós. Deus não divide a sua glória com quem quer que seja!