A Globo insiste na pronúncia “Roráima”. Em toda previsão do tempo, faz questão de citar o estado, diariamente. É uma verdadeira obsessão. Se alguém tiver a pachorra de fazer a contagem, verá que estados com maior área e/ou população são menos citados. Deve ser o esforço para nos dar lição de prosódia não solicitada.

Tive uma professora de geografia que dizia: como o primeiro “a” não tem til nem acento circunflexo, a pronúncia é aberta.

Pois é. Só que “andaime”, “andaina”, “faina”, “paina”, “polaina”, “Baima”, “Elaine”, “Gislaine”, Serra da “Bocaina” também não têm til nem acento circunflexo e têm pronúncia fechada. Como explica Sacconi, o “m” e o “n” tornam anasalado o ditongo que o antecede.

Dizem que devemos falar “Roráima” porque é assim que se fala por lá. E daí? Não é porque pernambucano fala “Pérnambuco” (com “e” aberto) e gaúcho fala Rio Grande do “Sul” (com “l” velarizado) que o resto do Brasil é obrigado a falar igual. Essas pronúncias são assim não porque só os locais sabem como pronunciar os nomes seus estados, mas simplesmente porque seguem as características de seus próprios sotaques.

Referências bibliográficas

FIGUEIREDO, Candido de. O que se não deve dizer. 3ª ed. Lisboa: Clássica, 1922. v. 2, p. 241-2.

SACCONI, Luiz Antonio. Como se explica? São Paulo: Escala, s/d. p. 7.

SACCONI, Luiz Antonio. Corrija-se! 2ª ed. São Paulo: Nova Geração, 2011. p. 359.

SACCONI, Luiz Antonio. Gafite: as gafes da atualidade, Ribeirão Preto, v. 1, nº 9, dez. 1987, p. 307.

SACCONI, Luiz Antonio. Dicionário de pronúncia correta. 2ª ed. São Paulo: Escala, s/d. p. 73, 108.