Ouço-vos chamar-me, mas, cá ficarei.

Ainda que aplainados e floridos aparentem vossos caminhos

Guardar-me-ei das armadilhas de vossas tramas e, cá ficarei.

Ainda que apresenteis o mais puro óleo de nardo, não me atraireis.

Ainda que insistais roubar-me o coração, o manterei comigo.

Vossa navalha afiada e ríspida não subtrairá meus sonhos

Os conservarei no mesmo sal da carne exposta ao sol do meio-dia

Ainda que me ofereçais a coroa de glória e toda riqueza, cá ficarei

Se render-me, ao final, levar-me-eis ao madeiro impiedoso.

Vós tentais apequenar-me e quebrar-me o dorso

Aniquilais vossos escravos e rasgai-lhes o coração já abatido

Pensais alcançar-me, mas, não vos esqueçais de meus escudos.

Negarei vossos afagos frios e carregados de maldades

Erguerei fortalezas para proteger-me de vós

Apegar-me-ei às âncoras e assim, manter-me-ei seguro onde estou.

Recusarei vossos olhares e distanciar-me-ei de todos eles

Com vossos lábios e mãos não tocareis minha nudez

Minhas túnicas não serão por vós rasgadas

E nem as repartireis para lançares na lama que é vossa

Se tentardes esmagar-me, serei rígido como o diamante.

Não permitirei que vossas gélidas águas me toquem os pés

Meu coração conservará aquecido e longe de vossas pedras

Nada obtereis de mim com vossas armadilhas ardilosas

Quanto aos mistérios escusos, eu os desprezarei

E, com a mesma inocência da criança preservarei a simplicidade.

Minh ’alma não será o vosso pão na noite escura e solitária

Não temerei o que intentais contra mim; o amor lança fora todo medo

Não comerei de vossos banquetes, antes fartarei-me-ei do Pão Vivo

Abrirei os mares e eles cobrirão vosos olhos de escamas

Permanece-me-ei no eido fértil desfrutando do amor do Eterno

Viverei cada estação e nelas comerei dos frutos da terra prometida

Minha alegria é plena e inegociável

Se o pranto me encontrar, pelas manhãs serei tomado pela alegria

Vosso rancor são botijas carregadas de danos e morte prematuras

O que dais aos prisioneiros é o mesmo pão que vos alimenta

A ira e o ódio vos possui e neles lançais vossas fechas agudas

Acaso, desconheceis que o amor a si mesmo  se entrega..?

Quanto à vossa maledicência desprezai-a para vos purificardes.

Assim, ela fugirá de vós e cedo podereis dizer a todos que

As virtudes do Eterno habitam em vós

Esforçais-vos para proteger-vos dos ataques hostis do mal

O rancor e a amargura, não espera achar-vos cautelosos.

Eles tentarão acessar-vos até em vossos sonhos

A ira, o ódio e o rancor tecem sedas para vos aprisionardes

Vosso desejo é manter-me no cárcere das viúvas negras

Buscais ocupar vosso coração com as coisas do alto

Desejais a elevação d’alma para beberdes da água da vida

Asssim, fluireis a doce água que desce do trono do Altíssimo

Ergueis vossos corais e celebrais Aquele a quem rejeitasteis

Assim, sentireis a força do amor vos preenchendo a alma

Sereis curados quando abraçados pelo AMOR e a COMPAIXÃO

De júbilo sereis tomados e o mal já não mais, vos oprimireis

No crepúsculo, os seios maternos vos oferecereis o leite aquecido

Pelas manhãs agradecereis a renovação da alma devolvida

Correreis por entre os trigueiros e não vos cansareis

O gozo tomará vossos corações e sereis consolados

Ao sairdes à porta encontrareis o Amado à vossa espera

Então, sereis abraçados e beijados pelos lábios do Rei dos reis.

O ETERNO será vossa herança e os cânticos da aurora.

 

Por: Lourival Jose Costa 11/02/2018 às 15:55HS