Elizete Venson do Nascimento Marconi[1]

INTRODUÇÃO

O hospital é um espaço marcado de tensão e incertezas. É um ambiente que desencadeia sentimento negativos e que geralmente é de difícil adaptação, o que acaba por gerar diferentes respostas em cada pessoa e de maneira inevitável marca a história de vida de cada sujeito que precisa recorrer ao hospital devido a problemas de saúde. Deste modo, é indispensável a atuação do psicólogo neste contexto, uma vez que irá atuar no sentido de fornecer um espaço de escuta, tanto para o paciente que está enfrentando o processo de hospitalização, quanto para o acompanhante, que também se vê angustiado neste momento de incertezas.

A psicologia hospitalar, de acordo com Simonetti (2004, p. 15) “é um campo de entendimento e tratamento dos aspectos psicológicos em torno do adoecimento”. O adoecimento ocorre quando o indivíduo, carregado de subjetividade, se depara com a doença, que está presente em seu próprio corpo, que produz uma infinidade de aspectos psicológicos que se evidenciam tanto no paciente quanto na família e na equipe de profissionais. O autor ressalta ainda que o foco da psicologia hospitalar é o aspecto psicológico em torno do adoecimento e seu objetivo não é apenas trabalhar com a dor do paciente, mas também a angustia que a família e a equipe apresentam. A psicologia hospitalar não estabelece uma meta que o paciente tenha que alcançar, ela ajuda no processo de elaboração simbólica do processo de adoecimento.

Este trabalho tem por objetivo apresentar de forma breve a psicologia hospitalar bem como o papel do psicólogo neste contexto e as ferramentas disponíveis para trabalhar o processo de adoecimento e/ou internação.

CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Buscato et al. (2004 apud STENZEL; PARANHOS; FERREIRA, 2012) destacam que a inserção da psicologia no âmbito hospitalar se deu desde os primórdios da psicologia, no entanto, só foi reconhecida como uma área de atuação, com teorias e técnicas específicas quando o Conselho Federal de Psicologia (CFP) instituiu formalmente através da resolução n° 013/2007 a Psicologia Hospitalar como uma especialidade.

Na década de 1950, no Brasil, foram instaurados os primeiros Serviços de Psicologia no hospital. Para melhor especificar foi entre os anos de 1954 a 1957, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que Matilde Neder iniciou o desenvolvimento de suas atividades (MARCO, 2003).

Antes da já mencionada resolução e dos avanços no campo da psicologia hospitalar, a atuação do psicólogo no contexto hospitalar era considerada uma atribuição do psicólogo clinico, onde uma de suas atribuições era a de atuar juntamente com a equipe multiprofissional, com o intuito de auxiliá-los a compreender os fatores emocionais que interferem da saúde geral do sujeito, em unidades básicas, ambulatórios, hospitais gerais, pronto-socorro e demais instituições (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 1992). Dessa forma, Stenzel, Paranhos e Ferreira (2012) salienta que o ambiente hospitalar era visto como mais um domínio para a pratica da psicologia clínica e não como um campo de atuação específico. 

Após a aprovação das novas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de psicologia, em 2004, a psicologia hospitalar vem sendo incluída na grade curricular de alguns cursos de graduação. No entanto, esta ainda é defasada quanto a atuação em hospitais, o que faz com que psicólogos que tenham o objetivo de atuar nesta área, busque complementar sua formação através de extensões, pós-graduação, cursos e etc. (STENZEL; PARANHOS; FERREIRA, 2012).

[1] Psicóloga graduada pela Faculdade da Amazônia – FAMA e pós-graduanda em Avaliação Psicológica e Psicodiagnóstico.