As palavras não conseguem explicar o silêncio ensurdecedor e reflexivo que pairou o coração de José Soares ao caminhar no quintal da casa que havia construído com o sonho de constituir uma família e poder criar seus filhos. 

Sua garganta pareceu ser engolida pela saudade do seu tempo de juventude quando os sonhos faziam revoada em seus pensamentos, vibrantes quanto as asas de um pássaro em voo livre.

A velha casa construída por José Soares parece um sussurro de saudade e uma ode aos sonhos de juventude. Seus passos se enlanguesciam cada vez que se aproximava de sua velha morada. O seu sonho de juventude estava à sua frente, era uma pequena casa construída com alvenaria, janelas de madeira e telhado de telha de amianto. 

Sua alvenaria, construída com terra de formigueiro e bosta de gado, testemunha a simplicidade e a vontade de viver em harmonia com a natureza. As janelas de madeira, ainda intactas após anos, são uma prova da habilidade do artesão e da qualidade dos materiais utilizados na construção. O telhado, com marcas de uma recente renovação, mas mantendo sua originalidade, protege a casa contra as intempéries e guarda suas memórias.

O quintal é uma selva tropical, cheio de árvores e plantas, cada uma contando sua própria história. Entre as árvores, destacam-se aroeira, mangueira, ingá, cajueiro, coqueiro, Araçá e tantas outras árvores, era desfilado uma história de boas realizações, conquistas que por hora vinham todas à lembrança como uma enciclopédia viva. 

A recordação se concentrou em três realizações notáveis para José: o poleiro, o girau usado para secar mantimentos como goma, açafrão, amendoim e puba, e o local onde ele apontou com o dedo, indicando o lugar do girau usado para lavar vasilhas. Todos esses feitos eram símbolos vivos de sua dedicação e empenho.

O passado brilhava diante dele como um mar de recordações encantadoras, e seus olhos brilhavam com o reflexo do sol, como se estivessem imersos em um oceano cristalino de saudade e felicidade. Tudo o que ele tinha construído com tanto amor e dedicação, tudo o que ele tinha vivido com sua família ali, voltava a ele de uma forma tão intensa, que sua alma parecia vibrar com a força dos sonhos de juventude. 

O coração de José Soares estava cheio de saudade e nostalgia, mas ao mesmo tempo encantado com as belezas daquela velha morada que carregava consigo tantas memórias preciosas. Aquela casa, que ele havia construído com tanto amor e dedicação, era um verdadeiro tesouro para ele, que guardava todas as suas conquistas e sonhos de juventude. E, enquanto o sol brilhava em seus olhos, ele sabia que aquela casa seria sempre o lugar mais especial em sua vida.

José sorria com gratidão, revelando uma face nostálgica ao contar sobre sua casa e sua infância. Ele estava mergulhado em suas memórias, revivendo momentos de felicidade e paz. Sua família: duas irmãs e um irmão juntamente com duas primas gêmeas ouvia com atenção cada palavra, saboreando aquele momento de nostalgia e recordações. Era como se, por um momento, todos pudessem sentir o calor do passado e reviver os momentos vividos naquela casa. José sabia que aquele era um momento especial e inesquecível, e ficou feliz por compartilhá-lo com parte de sua família.

Por fim, a saudade daquela velha casa ficou presente em seus corações, como uma lembrança eterna da juventude repleta de sonhos e conquistas. E assim, continuaram caminhando em direção ao futuro, com o passado sempre presente em suas memórias. Seguiram caminho adentro pelas terras da família.


Padre Joacir d’Abadia, Filósofo, autor de 16 livros, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia e Teologia, Licenciando em Filosofia, Professor de Filosofia Prática. Acadêmico: ALANEG, ALBPLGO, AlLAP, FEBACLA e da "Casa do Poeta Brasileiro -  Seção Formosa-GO"_ Contato: (61) 9 9931-5433 | Segue lá no Instagram: https://www.instagram.com/padrejoacirdabadia/