Fernet parte do princípio de que a sua longa experiência dos homens simples dos animais, das crianças persuadiu-l6he de que as leis da vida são gerais, naturais e válidas para todos seres.

O cão tem que caçar para se formar, e o cão novo será treinado em companhia de cães excelentes, tendo apenas que seguir o exemplo deles. “Nunca se deve bater nos mais novos”. É preciso fazer com que sejam castigados por outras pessoas, se necessária, mas nunca será pelo medo que alcançará os seus fins. Fernet salienta que em qualquer ofício há uma técnica a ser dominada. E, é dominada não com truques, mas segundo leis simples e de bom senso, nunca há contradição entre ciência e técnica, por um lado, o bom senso e a simplicidade por outro. O investigador de génio é sempre aquele que caminha na direcção da simplicidade da vida.

A verdade é que os nossos mestres e os seus servidores nunca tem interesse em que nós descubramos as leis claras da vida, e a educação não é uma fórmula, mas sim uma obra da vida. Salienta ainda o autor, que é na semente ou no broto que o jardineiro prudente cuida e prepara o fruto que virá. Se esse fruto é doente, é porque a própria árvore que o gerou estava enferma ou degenerada. Se um dia os homens souberem raciocinar sobre a formação dos seus filhos como o agricultor raciocina sobre a riqueza do seu pomar, deixarão de seguir os eruditos que produzem frutos envenenados que matam ao mesmo tempo quem os produziu e quem os come.

Fernet salienta que existem professores que orientam alunos a estudar e fazer as lições para se tornarem “homens” mas há homens que progrediram sem ajuda da escola. Triunfou devido outras virtudes que a escola não soube descobrir nem cultivar. O autor diz que sempre nos enganamos quando pretendemos mudar a ordem das coisas e obrigar a beber a quem não tem sede.

O problema da nossa educação não é de modo algum o conteudo do ensino, mas a preocupação essencial que devemos ter, é de fazer a criança sentir sede. Não preparamos homens que a aceitarão passivamente um conteúdo, mas cidadãos que, amanha, saberão enfrentar a vida com eficiência e heroísmo e poderão exigir que corra para dentro do tanque de água clara e pura da verdade. Não se obriga o cavalo que não tem sede a beber. Com isso é necessário fazer a criança sentir sede. Sede do saber e do conhecimento.

E se obriga a criança, pode até sentir a versão e se recusar de aprender determinado conteúdo, buscando sozinha em outra fonte. Se o aluno não tem sede de conhecimento, nem qualquer apetite pelo trabalho que você lhe apresenta, também será um trabalho perdido enfiar-lhe nos ouvidos as demonstrações mais eloquentes. Seria como falar com um surdo. É lamentável qualquer método que pretenda fazer beber o cavalo que não tem sede.

É bom qualquer método que abra apetite de saber e estimule a poderosa necessidade do trabalho. “A vida prepara-se pela vida”. O autor se coloca também como uma criança, onde conserva a impressão tão comum da juventude sentindo e compreendendo de uma forma que como a criança, educa a criança. É como adulto-criança que descubro, através dos sistemas e métodos que tanto me fizeram sofrer, os erros de uma ciência que esquece e desconhecer suas origens. Frenet a credita que se o educador não voltar a ser criança não entrará no reino encantado da pedagogia.

Em vez de procurar esquecer a infância a costuma-se a revive-la e reviva-a com alunos, procurando compreender as possíveis diferenças originadas pela diversidade de meio e pelo trágico dos acontecimentos que influenciaram tão cruelmente a infância contemporânea.

Frenet diz que, somos uma geração de copista-copiadores, de repetidores condenados a registrar e a explicar o que dizem ou fazem os homens que nos afirmam ser superiores e que muitas vezes, só tem sobre nos o privilégio da antiguidade nessa arte de copiadores e repetidores. O autor defende que a criança deve plantar a curiosidade e escolher por conta própria, através da própria experiência.

Que muitas vezes, os educadores tentam facilitar os conteúdos sem considerar as dúvidas e questionamento que acriança tem, muitas vezes descartados pelos adultos. A criança quer colher, conhecer a origem, não somente se satisfazer com o que esta dado. Ele diz que, se quisermos crianças inteligentes, críticas e autónomas devemos parar de coloca-las em moedas e devemos estimular sua curiosidade. Devemos ficar felizes quando eles se desviam dos caminhos que propomos, pois é essa inquietação o combustível para o aprendizado.

Ele critica, métodos que fazem a criança repetir algum exercício, quando realizado rápido demais. Professores julgam ter sido mal feito, só por terem sido feitos rápido demais. E aconselha que se valorize a obra dos mais humildes dos seus alunos. E a escola nunca é uma parada. É estrada aberta para horizontes que se deve conquistar.

Não se prender aos problemas do passado, mas concentrar-se aos caminhos que apontam para o futuro. “Infeliz a educação que pretende, pela explicação teórica, fazer crer os indivíduos que podem ter conhecimento pelo conhecimento e não pela experiencia. Produziria penas doentes do corpo e do espírito, falsos intelectuais inadaptados, homens incompletos e impotentes”.

Quando reprimimos alunos que tendem a se desviar do caminho que planejamos, nós os tornamos estúpidos, porque reprimimos brutalmente todas as tentativas de emancipação, todas as veleidades dos jovens (…) fazer as suas experiências fora dos caminhos batidos. Fernet diz que lamento aos educadores que são apenas tratadores e pretendem tratar metódica e cientificamente os alunos encerrando em salas onde, permanecem em algumas horas por dia.

A sua grande preocupação é fazer engolir a massa de conhecimentos que irá encher a cabeça até a indigestão e náusea. A arte deles é de empanturamento e condicionamento. Ele aconselha que devemos conservar o apetite natural do aluno. Deixando-os escolher os alimentos no meio rico e propício que são preparados. Então você será o educador. Educamos conforme as suas necessidades e curiosidade. Se extremamente controladas, as crianças perdem a capacidade de agir diante da vida. Torna-se passivos e não conseguem procurar ou conquistar nada sozinhos. É necessária a aventura da vida.

A aconselha ainda anão fingir de mortos, questionar-se, ser agente activo da vida. Como educador, permitir essa abertura entre os alunos. A atmosfera de uma classe depende, sobretudo, do género e da qualidade do trabalho que se faz nela. Portanto, modernize a atmosfera da sua sala de aula pelas virtudes do trabalho.

Diz ainda que não se deve abandonar um método de trabalho antes de encontrar outro melhor para adotar. ‟Os audaciosos que só são audaciosos são vencidos sempre pela montanha. Para vence-la é preciso saber enfrenta-la segundo as leis da conquista e da vidaˮ. Em pedagogia procederá do mesmo modo, avançará prudentemente, utilizando até o s velhos caminhos seguros.

O autor fala do homem Adriano, que na aldeia onde passou a sua infância, o Adriano era o homem de dedos mágicos, que sem ter aprendido nada, dominava as técnicas. Ele não precisava de manual, nem de instruções, e de estágio de aprendizagem, parecia atingir a mestria imediatamente.

Em educação também há Adrianos. São raros. E apresentam-se ao mesmo tempo como um exemplo e um perigo, um exemplo porque nos impelem sempre para frente; um perigo pela tendência a dizer: ‟É fácil faça como euˮ. Ele sugere ainda banir o método de interrogação como método de trabalho, se quisermos que a escola seja imagem da vida. Na vida só se interroga quando se deseja conhecer.

Ninguém gosta de ser interrogado, nem os adultos e nem as crianças, porque o interrogado imediatamente se coloca em situação de inferioridade em face do interrogador, e porque o ser humano não suporta a sensação de inferioridade. ‟Suprima a interrogação, substituindo-a pelo êxito de um belo trabalhoˮ. Vamos ajudar a criança, manter nela o desejo e a necessidade do trabalho, deixar que ela a interrogar e a pedir conselhos, e arranjemos as coisas de maneira que ela faça bem o sulco, triunfante possa admirar o resultado do próprio esforço.

O autor diz ainda que ninguém gosta de obedecer passivamente. O homem não é excepção. Existe, decerto, indivíduos habituados ao rebanho dobrados pela obediência, domesticado aponto de ter pedido essa reacção vital que é a dignidade.

A criança é nova, porém ainda é nova. Reage como cabrito. Basta sentir que você quer orienta-la por um caminho, que o seu movimento escapar no sentido posto. Frenet salienta que nem sempre 2 mais 2 são 4. O 3 não vem necessariamente depois de 2. A criança pode chegar muito bem ao topo da escada sem subir metodicamente todos os degraus, e sem contar as cabeças, sou capaz de dizer se falta uma cabeça no meu rebanho.

Fernet salienta que existem escolas onde, há século, todos se esforçavam por andar apoiados nas mãos, a aprendizagem é longa e laboriosa. Os que recusam não tem tempo para ela ou são reconhecidos como incapazes, são excluídos para sempre do mundo que anda apoiados pelas mãos. Quanto mais longe levarem esse treino desumano, mais honra terão e privilegio.

O mais grave é achar que são eles que caminham normalmente. O mais delicado da nossa tarefa de inovadores não é treinar as crianças para deslancharem com tenacidade no sentido de vida, mas habituar ao s educadoers a se manter apoiados nos pés, segundo a lei do bom senso e da natureza.

Hoje a escola foi, e continua sendo o tempo onde a criança, depois de ter realizado alguns gestos rituais, entra na sala de aulas na ponta dos pés para viver uma vida totalmente diferente da sua verdadeira vida, no resoeito religioso pela palavra do professor e na submissão as escrituras. Essa escola-templo não se preocupa em preparar as crianças. Fernet acredita que escola-templo abstrai a vida, e é persuadida de que o conhecimento abstracto, a cultura, o culto das ideias e das palavras são verdadeiro e definitivo de toda educação.

Longe de nos o pensamento que o livro, o raciocínio lógico e palavra esclarecida sejam supérfluo ou inúteis. São a condição para o conhecimento, mas terão que entrar em acção apenas quando a experiencia houver lançado seus alicerces, e enterrado suas raízes na vida individual e social. Transformar tecnicamente a Escola da saliva e da explicação a inteligente e flexível canteiro de obras, eis a urgente tarefa dos educadores. Raciocine, insiste sem perceber que todos raciocínios são e validos, se apoiam em elementos e dados que só a experiencia e a vida podem preparar e estabelecer. Repita, e exercita a memória, recorde, a memória é o principal instrumento do conhecimento, e a repetição a chave da pedagogia. Você a prenderá a sua custa que a memoria das palavras é só sobrecarga para o espírito e, o embaraço para o comportamento da vida. Sem experiencia ela não é nada. É parede que erguemos pedra por pedra, sem nos importamos com alicerces, e que será sempre incerta e vacilante.

Aquele que trabalha, economiza palavras, e aquele que fala muito, economiza trabalho. Poupe sua saliva e organize trabalho. O autor diz ainda que na escola deve-se conservar a ordem, a disciplina, autoridade, e dignidade, mas a ordem que resulta duma melhor organização do trabalho, e a disciplina se torna a solução natural de uma cooperação activa no seio da sociedade escolar, a autoridade moral primeiro, técnica e moral depois. E para a transformação do comportamento dos educadores no seio de uma concepção escolar, recomenda alguns conselhos primordiais: Elimine a cátedra, símbolo desse autoritarismo condenado. Munidas de quatro pés, darás uma sólida mesa de trabalho. Desça ao nível da criança para jogar o jogo deles.

Arregace as mangas para trabalhar com as crianças. Diz ainda Fernet, que não pense que na escola, você pode imitar os mais velhos, empregar os seus métodos mesmo que bem conceituados na sua época usa manuais com que se declarava satisfeitos orgulhosos. Devemos permanecer sempre de atalaia, permanecer nossos passos, partir da tradição, apoiar-nos nela nos momentos difíceis, mas ultrapassar e abandonar os caminhos traçados, lacar pontes, cavar túneis, escalar encostas, alcançar cimos, pararmos sempre em busca de mais claridade e mais sol. É necessário ter experiência e conhecimento, mas necessário sobretudo amor e preocupação permanente de estar ao seu serviço, pois o êxito é a recompensa de um educador inteligente e devotado.

Por Rabim Saize Chiria

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