Claudia Regina Sousa de Oliveira

Um olhar voltado para a educação, em uma singela análise bibliográfica, em especial ao pensamento pedagógico brasileiro, enquanto possibilidade para compreendermos como estamos habitando hoje, os espaços pedagógicos brasileiros que estão envolvidos em uma dinâmica das relações que se estabelecem em meio às condições objetivas, subjetivas e intersubjetivas, como também, políticas e econômicas.

Na verdade, o movimento proposto e articulado às práticas pedagógicas é dar sentido não somente para as atividades, mas também às relações que se constituem no espaço pedagógico.

 Esse deslocamento chama para uma nova postura não somente ao professor, mas também ao aluno.

No item I do livro (GADOTTI 2004), enfatiza as correntes e tendências pedagógicas e deixa em ênfase o “pensamento progressista”, cuja principal caraterística segundo ele, era analisar e criticar o pensamento capitalista do século XIX, que nessa época era um pensamento mal definido, em elaboração, passível de desenvolvimento futuro e contraditório com as direções iniciais.

O autor buscou duas novas formas de estudo que se mostrasse divergente das já estudas anteriormente a teoria da modernização e a teoria da dependência.

Em particular ele aplica seu quadro teórico na análise do Plano Setorial de Educação e Cultura, de 1975 a 1979.

A teoria da dependência: procura mostrar como, no plano interno a educação simbólica das classes dominantes e dominadas, reproduzem uma estrutura social dominada.

Teoria da modernização: procura demonstra como o plano interno, a educação contribui para modernização da sociedade, criando quadros técnicos, possibilitando mobilidade social, essa teoria foi a que mais se aproximou da sociedade e que mais teve aceitação por ela.

Essas duas teorias tiveram grande influência na educação das décadas de 60 e 70.

A primeira teoria reforçou as análises produtivas da educação a proposta de um desenvolvimento educacional autônomo.

A segunda revelou-se extremamente conservadora. Como diz (FERNANDES): Modernizar significa reajustar as economias periferias ás estruturas e aos dinamismos das economias centrais...

Como todas as correntes e tendências aqui apresentadas, a teoria da modernização e a teoria da dependência também continuam vivas na teoria e na política da educação brasileira.

O autor cita vários pensadores que foram essenciais em sua pesquisa tais como: Chizzotti, Gandini, Xavier, Ribeiro, dentre outros que contribuíram para historiografia e pensamento pedagógico brasileiro.

Além desses pesquisadores muitos outrosde tais relevância, contribuíram para investigação da história do ensino superior brasileiro os notáveis Cunha, Soares, Fávero, Beisiegel, todos foram de suma importânciapara o desenvolvimento de áreas vitais na Educação do pais como:  Administração da Educação, Avaliação do ensino-aprendizagem, Currículo, Educação especial, Planejamento da Educação...todas essas áreas estudadas foram decisivas na retomada das Conferências Brasileira de Educação.

No item II, Gadotti cita Paulo Freire e sua Educação como prática de liberdade o movimento é um processo de desenvolvimento econômico, de superação de economia colonial. Nessa sociedade movimento o autor procura mostrar o papel político que a educação pode vir a desempenhar e desempenha sempre na construção de uma outra sociedade, sociedade aberta.

Freire ressalta que através da educação seria possível ampliar a participação consciente das massas e levar a sua crescente organização.

No item III, agora sobre o olhar de Brandão, que relata sua ideia em seu livro. O que é educação? Ele entende que a educação é um processo de humanização, que se dá ao longo de toda a vida, ocorrendo em casa, na rua, no trabalho, na igreja, na escola e em muitos outros modos diferentes.

Como processo, ela é anterior ao aparecimento da escola. Em sua obra Brandão faz uma comparação a antiga carta de chefes índios aos governantes da Virginia, Estados Unidos, para ilustrar a tese da existência dos modelos educacionais orgânicos.

Esse teórico ressalta a educação como um instrumento de luta, sabere poder popular.

Item IV, nesse item vamos nos vislumbrar com o pensamento de Rubem Alves que ressalta a importância de profissionais comprometidos consigo mesmo e com o aluno, capaz de separar burocratização e a uniformização a qual e submetido.

É assim que ele define metodologicamente, o professor e o educador, advertindo-nos de que na realidade, na prática, eles se encontram juntos, mesclados no profissional da educação. O professor seria como um Eucalipto citado por (Alves) no início da leitura do item IV, facilmente substituível, que coloca a função acima da pessoa, submisso ao papel social da profissão. 

Alves enfatiza que a escola de ser um lugar de prazeres mútuos tanto para o corpo docente e também para os discentes.

Item V, nesse momento vota-se os olhares para a pesquisadora Madalena Freire, dando ênfase a suas teorias sobre o cognitivo e o afetivo e que a educação pode sim ser uma relação prazerosa.  Feire, diz que o ato de conhecer é tão vital como comer ou dormir, e ninguém pode fazer isso por outro.

A escola em geral tem esta prática de que o conhecimento pode ser doado, impedindo que a criança e, também, os professores os construam. Só assim a busca do conhecimento não é preparação para nada, e sim para a vida o aqui e o agora vivenciado por elas.

Item VI, os teóricos aqui citados concordam de uma forma geral em suas críticas sobre as escolas capitalista.

Deve-se supor que esses teóricos ao fazerem suas críticas as escolas capitalistas, estão também propondo uma nova escola. Uma escola socialista. Para Freitas, o Estado através de sua política educacional só é o autor da causa central do funcionamento do moderno sistema da educação capitalista, aparentemente. Em verdade, seu papel é de mediador dos interesses das classes dominantes. (p. 43)

Por outro lado, a outrora mostra que na prática a escola real os propósitos e as concepções do mundo das classes dominantes, transformados em lei, ao mesmo tempo que são inculcadas da educação, são também modificados e transformados na prática, de modo que essa relação entre escola e Estado e sociedade, não seja uma relação mecânica. 

Item VII, nesse item será dado ênfase ao pensamento do teórico José Carlos Libâneo e sua teoria sobre “A pedagogia dos conteúdos” onde o mesmo com seu sentido critico afirma que a emancipação das camadas populares requer domínio dos conteúdos escolares como requisito essencial para compreensão da prática social.

Libâneo também ressalta que pode se ir do saber ao engajamento político, mas, não ao contrário sob o risco de se afetar a própria especificidade do saber até cair em uma forma de pedagogia ideológica que é o que se critica na pedagogia tradicional e na nova pedagogia.

Para Libâneo essa dita pedagogia dos conteúdos tem como preocupação a transmissão dos conteúdos do saber escolar. Por saber escolar o autor entende a seleção e organização do saber objetivo disponível na cultura social numa etapa para fins de transmissão-assimilação ao longo da escola formal.

Nessa sociedade de classes, onde predomina interesses antagônicos, a educação inserida na luta hegemônica se configura em dois momentos simultaneamente e organicamente articulados entre si: um momento negativo que se consiste na crítica da concepção dominante em um momento positivo, que significa: trabalhar o senso comum de modo a extrair seu núcleo válido (o bom senso) e dar-lhe expressão elaborada em vista com vistas a formulação de uma concepção de mundo adequada aos interesses populares. 

Nesse momento fala-se em escola democrática e buscou-se embasamento no teórico Demerval Saviane que em suas inquietações ressalta que em uma pesquisa feita nos países da América Latina 50% dos alunos saem da escola primaria em condições de semianalfabetos.

Para exemplificar melhor sua tese Saviane escreve um livro chamado de “ onze teses sobre educação e política”, onde busca separar o que é especificamente político e o que especificamente pedagógico. Em algumas delas há explicitação da dimensão política da prática educativa, assim como assim como a explicitação da dimensão educativa da prática política está, por sua vez, condicionada à explicitação da especificidade da prática política

A especificidade da prática educativa se define pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários não antagônicos assim como a especificidade da prática política se define pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários antagônicos a função política da educação se cumpre na medida em que ela em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica a importância política da educação reside em uma função de socialização do conhecimento.

É, pois, realizando-se na especificidade que lhe é própria, que a educação cumpre sua função política. Daí ter afirmado que ao se dissolver a especificidade da contribuição pedagógica anula-se, em consequência, a sua importância política.

Ainda sobre o pensamento de Saviane alguns Marxistas mostram se favoráveis a ele e ressaltam que tudo tem com tudo, que nada é isolado. Só a ideologia capitalista interessa dividir o trabalho, a atividade intelectual, a vida. Numa ótica socialista, interessa acabar com a divisão social do trabalho com o monopólio do saber o do poder. 

Item VIII, vemdestacado a importância de se analisar a questão da prática pedagógica como algo relevante, opondo-se assim às abordagensque procuravam separar formação e prática cotidiana. Na realidade brasileira, embora ainda de uma forma um tanto "tímida", é a partir da década de 1990 que se buscam novos enfoques e paradigmas para compreender a prática pedagógica e os saberes pedagógicos e epistemológicos relativos ao conteúdo escolar a ser ensinado/aprendido.

Neste período, inicia-se o desenvolvimento de pesquisas que, considerando a complexidade da prática pedagógica e dos saberes docentes, buscam resgatar o papel do professor, destacando a importância de se pensar a formação numa abordagem que vá além da acadêmica, envolvendo o desenvolvimento pessoal, profissional e organizacional da profissão docente.

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