Resumo do Artigo: Currículo, cultura e formação de professores, do autor Antônio Flávio Barbosa Moreira, trabalho apresentado no Congresso Íbero-Americano – Santa Maria – RGS – 19 de abril de 2000.

RESUMO

 

 

Artigo: Currículo, cultura e formação de professores, do autor Antônio Flávio Barbosa Moreira, trabalho apresentado no Congresso Íbero-Americano – Santa Maria – RGS – 19 de abril de 2000.

 

O artigo apresenta reflexões sobre currículo e formação de professores. Devido à grande diversidade cultural e política da atualidade, o professor deve ser formando para além do lado técnico, mas também para o lado social e humano. Diante desse contexto é necessário que os professores estejam preparados para atuarem de forma respeitosa, valorizando, incorporando as identidades plurais e políticas. Ao apresentar suas reflexões sobre currículo e formação de professores, Moreira (2000) afirma que não se pode pensar em currículo sem pensar o professor e sua formação. As reflexões do presente artigo estão situadas no contexto de um mundo multicultural e dominado pela ideologia neoliberal.

Apesar dos diferentes significados da palavra currículo, ele é visto por Moreira(2000), assim como SILVA (1996), como o “conjunto de experiências de conhecimento que a escola oferece aos estudantes”. E deve contribuir para a diminuição das diferenças e das desigualdades sociais. Não se deve esquecer que numerosos estudiosos focalizam o currículo oficial, o currículo oculto e o currículo em ação.

Ao refletir sobre o currículo, a autor discorre sobre o embate existente entre as correntes neos e pós. De um lado, os que defendem o currículo como o “conjunto de experiências de conhecimento que a escola oferece aos estudantes” (SILVA, 1996), do outro os que defendem a prática curricular no processo cultural e social. E ao afirmar que o currículo é “território em que ocorrem disputas culturais, em que se travam lutas entre diferentes significados do indivíduo, do mundo e da sociedade, no processo de formação de identidades” ( MOREIRA, 2000).

O autor enfatiza a complexidade e dificuldade existente para a formação de professores ao sugerir os seguintes questionamentos: Que professores estão sendo formados, por meio dos currículos atuais, tanto na formação inicial como na formação continuada? Que professores deveriam ser formados? Professores sintonizados com os padrões dominantes ou professores abertos tanto à pluralidade cultural da sociedade mais ampla como à pluralidade de identidades presente no contexto específico em que se desenvolve a prática pedagógica? Professores comprometidos com o arranjo social existente ou professores questionadores e críticos? Professores que aceitam o neoliberalismo como a única saída ou que se dispõem tanto a criticá-lo como a oferecer alternativas a ele? Professores capazes de uma ação pedagógica multiculturalmente orientada?

Antes de examinar as questões acima citadas, Moreira(2000) traz a definição do professor como professor intelectual e de professor como pesquisador-em-ação, ou professor reflexivo. O professor como intelectual, Moreira apoia-se em Giroux(1988) para destacar a utilidade de se conceber professores e professoras como intelectuais. O trabalho docente é tido como intelectual e não apenas técnico. O professor intelectual “é um indivíduo cujo maior objetivo é fazer progredir a liberdade e o conhecimento”. Ao assumir-se como intelectual, o professor assume o compromisso com lutas particulares, no contexto em que atua, e, ao, mesmo tempo, com a construção de uma sociedade menos opressiva; o permanente propósito de mostrar, por meio da crítica cultural, que as coisas não são inevitáveis; a preocupação em fazer avançar o conhecimento e a liberdade; bem como o emprenho em auto-aperfeiçoar-se e aperfeiçoar sua prática.

O conceito de professor como pesquisador-em-ação visa estimular o professor a pesquisar sua própria prática, o professor reflexivo, aquele professor que preserve a preocupação com os aspectos políticos, sociais e culturais em que se insere sua prática, levando em conta todos os silêncios e todas as discriminações que se manifestam na sala de aula, bem como amplie o espaço de discussão de sua atuação.

Moreira (2000) finaliza, afirmando que o professor indispensável nas escolas e salas de aulas da sociedade contemporânea é aquele que assume seu papel intelectual, e que combine em sua formação e em sua prática, dimensões de ordem política, cultural e acadêmica. E os currículos indispensáveis são os que acolhem as diferenças identitárias que marcam os indivíduos e os grupos sociais, ao mesmo tempo constituam espaços em que se ensinem e aprendam os conhecimentos, as habilidades necessárias à transformação das relações de poder que socialmente produzem e preservam tais diferenças.

 

REFERÊNCIA:

Currículo, cultura e formação de professores. Educ. rev. [online]. 2001, n.17, pp.39-52. ISSN 0104-4060.  http://dx.doi.org/10.1590/0104-4060.218.