O Ministério da Educação anuncia a criação de gratificação de 200 reais mensais para professores que participarem de programa de requalificação, para obter melhorias na atuação dos alunos em exames como o ENEM. É uma pequena quantia de grande simbolismo: a consciência do poder público de que a evolução das condições educacionais está atrelada ao desempenho docente. E que isso de algum modo deve ser comunicado aos professores.

Atualizar conhecimento é importante em qualquer atividade, porém nas escolas é fundamental, o mestre que não acompanha as últimas tecnologias, metodologias e pesquisas em sua área, perderá contato com seus alunos, renunciará à possibilidade de encantá-los e despertar neles a capacidade de construir o embasamento de uma vida produtiva. Novas concepções de ensino e aprendizagem ampliam o espaço da sala de aula, estimulam a criatividade, a aceitação da diversidade e as habilidades de convivência.

No entanto, ao lado desta providência, é também importante o estabelecimento de mais e melhores políticas públicas abrangendo a educação em todos os níveis, desde aquelas que possam privilegiar a gestão escolar, profissionalizando-a, até as que possam diminuir o analfabetismo, bem como revalorizar o magistério. É premente o olhar carinhoso para a situação dos professores, a oferta da possibilidade de formação continuada, melhoria na infraestrutura escolar, construção ou ampliação de laboratórios didáticos, expansão de acervo e espaço físico em bibliotecas, equipamentos desportivos, valorização profissional.

Todos estes quesitos precisarão ser reavaliados no Paraná. Mesmo quando consideramos que, dentre as três facetas possíveis, distintas entre si, do Enem: processo avaliativo da qualidade do sistema educacional; política pública de acesso ao ensino superior através de programas exitosos como o PROUNI (Programa Universidade para Todos) ou o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil, destinado a financiar a graduação em instituições não gratuitas); e a de constituir-se num vestibular, possamos perceber que foi, infelizmente, esta última que prevaleceu em sua mais recente versão. É inegável que a presença de aspectos combatidos no início, como formulas e acontecimentos previamente decorados, representaram uma opção clara pela prova de acesso, em detrimento da avaliação do ensino brasileiro como um todo.

Ainda assim, é indispensável uma análise aprofundada dos motivos pelos quais, no estado, nenhuma escola, pública ou privada, conseguiu se colocar entre as cem primeiras brasileiras. Sendo verdade que exames de massa como o ENEM não são perfeitos, pois muito poderia ser alterado em sua concepção e quesitos, não é menos correto que a aplicação ocorre em situação semelhante para todas as instituições de ensino, e aquelas com resultados mais significativos são sobejamente conhecidas pela comunidade brasileira como ótimas, ou seja, os testes não surpreendem, apenas ratificam a percepção popular da boa instrução.

Embora distantes das primeiras colocadas, também as escolas paranaenses melhor posicionadas são distinguidas com o respeito popular desde muitos anos, sabe-se de seus resultados pela inserção de seus egressos no mundo do trabalho, pelo orgulho de seus professores em pertencer ao quadro funcional, e pelas suas boas estruturas.

Recuperar nossas melhores escolas, permitir que todas as demais as nivelem em qualidade de ensino, essa é a questão que se apresenta aos nossos governantes.

 

Wanda Camargo – educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil.