Resposta ao poema em linha reta de Fernando Pessoa.

 

Fernando.                      

Você nunca conheceu alguém.

Que tenha levado pancada.

Seus conhecidos.

São todos vencedores.

O mundo da filáucia.

Só você que é alguém.

 De certo modo reles.

Compara-se a ninguém,

Às vezes as veleidades.

Desse mundo.

Só você que não é um Filisteu.  

A irresponsabilidade.

 De um parasita.

Palaciano.

Indesculpavelmente perdido.

Como se o tempo fosse.

Apenas uma linha.

Indelevelmente.   

A qual recusasse a curva.

Às vezes impacientemente.

Procura entender.

 Os mistérios do mundo.

O mundo não tem mistério.

O grandevo segredo das coisas.

É como saber tomar banho.

Se aprender.

Perde-se o medo.

O liame lépido.

 Da magnificência.  

Mas se você ocupa.

Com a  aprendizagem.

Da natureza do tempo.

Que te achas absurdo.

Ridículo a noção dele.  

Enrola se publicamente.

A lexicologia portuguesa.

Em grotescos palácios.

Ferindo vossos pés em tapetes.

O vosso cérebro em etiquetas.

Sem a  humildade para reconhecer.

O mesquinho silêncio do tempo.

Perdidos em enxovalhos.

Mádido.

Quando não se cala.

Sente se mais ridículo.

Qual a vossa comocidade.

As camaradas dos hoteis.

Não entende o frete.

Em um piscar dos olhos.

Compreende o pífano.

 Comércio  empalhado.

A vergonha de pedir dinheiro.

Emprestado para alguém.

Tem que pagar.

Que não seja a burguesia.

Muito menos a realeza.

A picardia da exuberância.

Gente que sempre viveram.

Do sangue alheio.

A sobejidão ideológica.

Do vosso saber.

Perdido na eletricidade da imaginação.

Sei que você sofreu angústia.

De coisas pequenas e mesquinhas.

Não proletarizadas.

Um poeta luxuoso da poesia niilista.

Sem  dialética.

O que jamais deveria ter acontecido.

Entendo que tudo nesse mundo.

Não é necessário falar a todos.

A inefabilidade por exemplo.

Recusaria conversar com príncipes.

Porque eles nunca deram ouvidos.

 As vozes alheias.

Quem nesse mundo.

Tenha sido um dia imbecil.

A sinergia da vontade própria.

O direito de ser burro.

Até mesmo torto e inconveniente.  

Ser um príncipe senhor Fernando.

É pior que ser torto.

 Do mesmo modo um burguês tipicamente.

Liberal.

Com a solércia do Estado político.

Se tivesse a coragem de ouvir a voz humana.

Escreveria poemas interessantes.

Não apenas melancólicos.

Entenderia a inexistência do pecado.

A dialética da  infâmia.

Da cobardia humana.

Compreenderia os sinais da violência.

Inexorável.

Qual o ideal de mundo.

O que deveria resguardar em vossa fala.

Sobejada.

Existe um lago confesso vil cheio de príncipes.

Dizem que são todos todos.

Você ainda pergunta.

 Onde  é que estão as pessoas.

Diz você estar cansado de semideuses.

Por que cansar de coisas inexistentes.

Não existe sequer Deus e você sabia disso.

Sua alma fruto da vossa linguagem.

O que é a traição senhor Fernando Pessoa.

Se o afeto é uma troca de estatus quo.

Você nasceu em um tempo.

Em que o tempo já não era tempo.

Em que o erro não era sequer equivoco.

Sem sináculo a destinação.

O que deveria dizer aos vossos superiores.

Apenas a imaginação de uma ideologia temerária.

Sindética as proposições.

Eles nunca foram nada e não serviram para nada.

O que você entendeu então.

Literalmente vil.  

O sentido mesquinho da infame vileza.

Tudo isso é nada mais que a vossa fraqueza.

Diria da compreensão epistemológica do mundo.

Que  sempre fora sem seu entendimento.

Sublimatório do mundo.

 

 

Edjar Dias de Vasconcelos.