Resposta ao poema em linha reta de Fernando Pessoa.
Por Edjar Dias de Vasconcelos | 08/09/2013 | PoesiasResposta ao poema em linha reta de Fernando Pessoa.
Fernando.
Você nunca conheceu alguém.
Que tenha levado pancada.
Seus conhecidos.
São todos vencedores.
O mundo da filáucia.
Só você que é alguém.
De certo modo reles.
Compara-se a ninguém,
Às vezes as veleidades.
Desse mundo.
Só você que não é um Filisteu.
A irresponsabilidade.
De um parasita.
Palaciano.
Indesculpavelmente perdido.
Como se o tempo fosse.
Apenas uma linha.
Indelevelmente.
A qual recusasse a curva.
Às vezes impacientemente.
Procura entender.
Os mistérios do mundo.
O mundo não tem mistério.
O grandevo segredo das coisas.
É como saber tomar banho.
Se aprender.
Perde-se o medo.
O liame lépido.
Da magnificência.
Mas se você ocupa.
Com a aprendizagem.
Da natureza do tempo.
Que te achas absurdo.
Ridículo a noção dele.
Enrola se publicamente.
A lexicologia portuguesa.
Em grotescos palácios.
Ferindo vossos pés em tapetes.
O vosso cérebro em etiquetas.
Sem a humildade para reconhecer.
O mesquinho silêncio do tempo.
Perdidos em enxovalhos.
Mádido.
Quando não se cala.
Sente se mais ridículo.
Qual a vossa comocidade.
As camaradas dos hoteis.
Não entende o frete.
Em um piscar dos olhos.
Compreende o pífano.
Comércio empalhado.
A vergonha de pedir dinheiro.
Emprestado para alguém.
Tem que pagar.
Que não seja a burguesia.
Muito menos a realeza.
A picardia da exuberância.
Gente que sempre viveram.
Do sangue alheio.
A sobejidão ideológica.
Do vosso saber.
Perdido na eletricidade da imaginação.
Sei que você sofreu angústia.
De coisas pequenas e mesquinhas.
Não proletarizadas.
Um poeta luxuoso da poesia niilista.
Sem dialética.
O que jamais deveria ter acontecido.
Entendo que tudo nesse mundo.
Não é necessário falar a todos.
A inefabilidade por exemplo.
Recusaria conversar com príncipes.
Porque eles nunca deram ouvidos.
As vozes alheias.
Quem nesse mundo.
Tenha sido um dia imbecil.
A sinergia da vontade própria.
O direito de ser burro.
Até mesmo torto e inconveniente.
Ser um príncipe senhor Fernando.
É pior que ser torto.
Do mesmo modo um burguês tipicamente.
Liberal.
Com a solércia do Estado político.
Se tivesse a coragem de ouvir a voz humana.
Escreveria poemas interessantes.
Não apenas melancólicos.
Entenderia a inexistência do pecado.
A dialética da infâmia.
Da cobardia humana.
Compreenderia os sinais da violência.
Inexorável.
Qual o ideal de mundo.
O que deveria resguardar em vossa fala.
Sobejada.
Existe um lago confesso vil cheio de príncipes.
Dizem que são todos todos.
Você ainda pergunta.
Onde é que estão as pessoas.
Diz você estar cansado de semideuses.
Por que cansar de coisas inexistentes.
Não existe sequer Deus e você sabia disso.
Sua alma fruto da vossa linguagem.
O que é a traição senhor Fernando Pessoa.
Se o afeto é uma troca de estatus quo.
Você nasceu em um tempo.
Em que o tempo já não era tempo.
Em que o erro não era sequer equivoco.
Sem sináculo a destinação.
O que deveria dizer aos vossos superiores.
Apenas a imaginação de uma ideologia temerária.
Sindética as proposições.
Eles nunca foram nada e não serviram para nada.
O que você entendeu então.
Literalmente vil.
O sentido mesquinho da infame vileza.
Tudo isso é nada mais que a vossa fraqueza.
Diria da compreensão epistemológica do mundo.
Que sempre fora sem seu entendimento.
Sublimatório do mundo.
Edjar Dias de Vasconcelos.