Henrique Guilherme Guimarães Viana

Me. Humanidades, Culturas e Artes

RESUMO

Preservar /conservar para não restaurar, talvez seja o jargão mais conhecido dos especialistas e restauradores da obra de arte em sua especificidade e, em função do objeto artístico através de diversas análises para uma futura intervenção. Assim, este breve artigo, tem o objetivo principal de esclarecer o que é uma Reserva Técnica, seu controle ambiental e a restrição, notadamente nesse espaço museal.

INTRODUÇÃO

Espaço com ambiente escuro e sombrio, depósito de guardar coisas, uma espécie de porão, pinturas e esculturas, itens de outras coleções, quadros e objetos artísticos cobertos de pó, empilhados pelos cantos como coisas esquecidas, sem história, memória, identidade e sem valor, como se fossem imprestáveis. Estes foram, ao longo do tempo, equivocadamente, o conceito e a imagem da Reserva Técnica, até a primeira metade do século XX.

Assim, somente a partir do final da década de 40, é criada, pelo que se conhece, a primeira Reserva Técnica do Brasil metodologicamente organizada, a do Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, fisicamente localizado na Avenida Rio Branco, antiga Avenida Central.

O público visitante de um museu é de caraterística eclético, diversificado. Há os que visitam enquanto turistas internos e externos, o assíduo de uma determinada tipologia do seu acervo: Museu de Arte Sacra, de Ciências Naturais, de História da República ou do Império Brasileiro ou ainda os curiosos que nunca entraram no museu da sua cidade ou região, mas, são induzidos a visita-lo em função de uma exposição internacional ou mesmo de um artista nacional renomado.

Contudo, a falta de conhecimento técnico, o despreparo sobre arte, cultura, sociedade, memória, identidade nos leva a surpresas e muitos questionamentos como: o museu é lindo, gostei de tudo, maravilhoso, mas eu não vi a Monalisa, aqui não tem Monalisa  ou não está exposto? Ou então, se quer conhecem o termo Reserva Técnica. No (des) conhecimento, do que o acervo de um museu possui, seja nas salas de exibição ou nas galerias de exposições temporárias ou permanentes. É preciso, acima de qualquer “saia justa” que os profissionais de museus sejam treinados e bem preparados para lidar com situações adversas no seu cotidiano.

Outro dado muito importante e singular é informar que a Reserva Técnica de um museu, obedecendo e dentro das normas da Conservação Preventiva, torna-se o espaço musealizado destinado a garantir a preservação dos objetos do acervo museológico que não está em exposição, como citado anteriormente.

Para que cumpra sua função preservacionista, esse espaço segue diversas regras de adequação de mobiliário e de acondicionamentos, de controle ambiental e de pragas, de localização de todos os itens e de segurança.  Manter todas essas condições necessárias para a salvaguarda do acervo torna-se um dos maiores desafios dos museus, exigindo atenção e esforços diários, não só dos conservadores e dos documentalistas, mas também de outras áreas da instituição como, por exemplo, infraestrutura, segurança, limpeza e gestores, o que torna a Conservação Preventiva interdisciplinar.

Portanto, o público que percorre os corredores, salas e galerias de um museu, como dito anteriormente, extasiado com as obras expostas, a arquitetura grandiosa, imponente, ou uma determinada exposição, nos remetendo a uma viagem aos palácios e edifícios europeus, principalmente franceses, não imagina que nele exista uma área onde são preservadas obras de arte e relíquias, muitas vezes, tão importantes quanto – do valor histórico, artístico e documental, o que está sendo visto. Este espaço não aberto à visitação pública é a Reserva Técnica, cuja função essencial é garantir as condições climáticas de guarda e conservação das obras de arte do acervo fora de exibição.

CONCLUSÃO

Concluindo essa pequena contribuição, cujo objetivo é atingir aos diversos públicos que visitam esse site, em suas diversas áreas de formação, aos visitantes de museus e o corporativo das empresas sobre a importância da Reserva Técnica não somente dos museus como também em qualquer área do conhecimento humano onde haja acervo, há conservação preventiva interdisciplinar, ou seja, memória, identidade e história.

Nota: Artigo reescrito a partir do texto original desse autor publicado no livro: Acervo Museu Nacional de Belas Artes. Collection National Museum of Fine Arts, p.268-269, conforme CATALOGAÇÃO NA FONTE DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO: São Paulo, Banco Santos, 2002.284p;31cm. Texto em português e inglês. ISBN 85-89025-02-0